Em um país sério a surra que o Lula daria no Bolsonaro seria considerada tortura qualificada.
É impressionante como Bolsonaro é incapaz de concatenar meia dúzia de ideias em uma frase que faça algum sentido. Todos os seus discursos são construções precárias que visam atingir um bordão.
Percebam que seus discursos sempre tem um bordão para ser atingido. É uma espécie de áudio de whatsapp - e não estou sendo leviano na comparação. Ele fala como quem manda áudio no WhatsApp (e sempre foi assim, mesmo antes da tecnologia).
Se você pegar um discurso longo do atual presidente vai notar que ele é um amontoado de "áudios". Parece que ele reseta de tempos em tempos, na verdade, de minutos em minutos. Muitas vezes a ligação entre duas frases consecutivas parece ter sido perdida, como um áudio que não foi
E você percebe que tudo caminha para um bordão pois Bolsonaro é um daqueles péssimos piadistas: sujeito que, enquanto conta uma piada, se mostra ansioso para atingir a "punchline". Por vezes, ri por antecipação do fim da piada.
Veja o vídeo em que ele ataca o Barroso, a fala parece ensaiada, mas repetida por um ator ruim que vai repetindo enquanto alguém lhe sopra as texto nos bastidores. Você sabe percebe que ele quer atingir o termo, melhor, o bordão "ativismo judicial".
Isso, esse tipo de fala só funciona no vídeo, na edição do telejornal, no whatsapp. Mas em um debate a sua eficácia é ridícula, para não dizer nula. Debate é basicamente improviso dentro de uma preparação. Lula é especialista nesse tipo de situação.
Sempre que foi "apertado" Bolsonaro entrou em desespero. Mesmo nas sabatinas banho-maria ele se enrolava e se torna a agressivo. Basta sair um pouco do script que ele se perde. Agora imagine contra alguém que vai ativamente forçar isso.
Vai terminar desmaiando, como o filho nós debates de 2016.
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Sempre bom lembrar que foi EXATAMENTE assim que ele começou a sua corrida presidencial ainda em 2016. Isso não é apenas uma visita, é um símbolo, uma estratégia de aproximação dos "comuns".
Pessoal fica zoando dizendo que parece vereador em época de eleição, e é, a estratégia é essa mesma. Criar uma relação com o "local", com o "popular". Lembrando que enquanto ele faz isso, ele também tira fotos com Malafaia e companhia.
Uma parte crucial da política é que ela é abstrata. O bom político, a boa comunicação política, é aquele, aquela que transforma o abstrato em cotidiano. É isso que Bolsonaro está fazendo aí. Não é "patético", é uma estratégia de comunicação política muito poderosa.
Lembram que, diante do aumento da sua rejeição, o Bolsonarismo passaria os próximos meses "aquecendo" as redes religiosas para - de alguma forma - controlar a narrativa da pandemia, especialmente diante da nova rodada do auxílio emergência.
É exatamente isso que estamos vendo.
Não é "cortina de fumaça", como muitos estão dizendo, é tática, é método que agitação popular, mobilização de suas bases. No auge da pandemia criam uma suposta guerra pela liberdade religiosa, uma guerra onde os fieis são arregimentados para lutar.
Veja bem, lutar não apenas contra o fechamento de Igrejas, não apenas contra as medidas de isolamento social, mas contra todos os inimigos de sua religião. Uma guerra que tem várias frentes, desde a desobediência das normas, passando pela criação de listas de "políticos malditos"
A tragédia brasileira em três atos (imagens): na primeira, o fantasma da Venezuela, suposta terra devastada onde as pessoas passam fome. Na segunda, esse fantasma sendo conjurado para justificar as atitudes desse governo. Na última, o país do real se torna o próprio fantasma.
No Brasil de @jairbolsonaro, 116 milhões de pessoas não tem segurança alimentar. Não estamos falando da redução do poder de consumo, como nas crises anteriores, estamos falando de FOME. Ou seja, da impossibilidade de adquirir o mais básico dos itens, a comida.
A pandemia deixou 19 milhões com fome em 2020, atingindo 9% da população brasileira, a maior taxa desde 2004, há 17 anos, quando essa parcela tinha alcançado 9,5%. E quase o dobro do que havia em 2018, quando o IBGE identificou 10,3 milhões de brasileiros nessa situação.
Um mito que precisa ser combatido é o de que o Brasileiro é um povo particularmente indisciplinado, não apenas por ser particularmente conveniente para os políticos - que a utilizam para se isentar de suas responsabilidades -, mas por sua origem eugenista/racista.
O mito se baseia amplamente na crença racista de que a composição genética, vamos dizer assim, do povo brasileiro é comprometida na origem por conta dos componentes africano e ameríndio. Lembram da fala racista do Mourão, ela representa bem essa ideologia
Sempre bom lembrar que a "importação" de europeus já foi política oficial do governo para "melhorar" a "raça brasileira" (vide, por exemplo, o decreto-lei 3.010 de 1938). Isso vem de antes de Vargas - Dom Pedro II tem uma atuação forte nessa área - e não terminou com ele.
Temos que parar de tratar o "mercado" e o "empresariado" como sujeitos racionais e pragmáticos. Se tem uma coisa que a história prova é que tanto o "mercado" quanto o "empresariado" jogam contra seus próprios interesses por ideologia.
O "mercado" e o "empresariado" não são compostos por sujeitos capazes de avaliação política fora da curva, não são. Eles agem segundo suas próprias paixões, motivados por pressupostos como os de quaisquer outros. "Apenas" - e coloque aspas aí - tem uma influência maior.
Essa ideia de que os "investidores" são uma encarnação da razão interessada é uma invenção dos próprios que as esquerdas tomam de barato. Para entender os movimentos e interesses do mercado é preciso compreender a própria moral dos sujeitos que o encarnam.
Galera, fica a dica fundamental, jamais percam tempo discutindo com contas do tipo ZeBolso176739728 ou Lilaconserva1736637. Se tem um monte de número no fim é fake ou bot. De uma forma ou de outra não merecem atenção, vamos parar de dar engajamento para esse tipo de manobra.
Manobra mesmo, pois a estratégia é essa, não apenas disseminar a mensagem deles, como nos manter presos naquilo, nos desgastando psicologicamente, ainda, nos fazendo perder tempo com aquilo no lugar de estarmos fazendo algo produtivo, como nos organizar.
Salvo alguma coisa extraordinário nesse domingo, esse deve ser o tema da minha live de segunda na twitch