Quando saiu o polêmico artigo sobre uma possível imunidade de grupo atingida em Manaus ainda em agosto de 2020, eu e várias pessoas alertaram sobre os cuidados que devemos ter quando estudos apontam resultados que podem gerar danos irreversíveis caso estejamos equivocados.+
principalmente quando os dados e/ou a metodologia empregada oferecem limitações importantes. Aquela coisa de "afirmações fortes necessitam evidências igualmente fortes".
Infelizmente algumas pessoas interpretaram como uma espécie de "censura", +
algo que iria contra os princípios fundamentais da ciência livre.
Nunca foi a intenção, e sim alertar que a ciência não vive isolada. Principalmente a ciência aplicada, cujos resultados podem gerar aplicações imediatas como é o caso da epidemio. +
De fato, aquele estudo em particular serviu de base para flexibilizações e desmobilização, mesmo isso não sendo a intenção dos autores. Embora não fosse a intenção, era uma consequência logica, natural, e previsível. Por isso a importância da cautela. +
Notem que a cautela não necessariamente precisa se traduzir em não publicação. Pode se traduzir na forma de abordar os resultados, texto, título, discussões com a comunidade, e comunicação com a imprensa. Não é necessariamente "engavetar". +
Pois bem, vemos algo similar agora com o artigo sobre uma suposta ausência de efeito protetor do lockdown em relação à transmissão da #COVID19 . Algo que inclusive contraria o princípio fundamental da cadeia de transmissão da doença.
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Infelizmente, não apenas o artigo foi submetido com limitações importantes (e com erros metodológicos, algo q no artigo da imunidade não foi o caso, lá a limitação central era o dado de base), como foi aceito e publicado.
Novamente o estrago já está rolando.
Princípio similar se aplica aos inúmeros trabalhos extremamente limitados e com falhas metodológicas importantes que levaram à disseminação dos kit-covid da vida e tratamento precoce que não só não funcionam como gera efeitos colaterais que não ocorreriam na ausência deles.
Sim, em áreas de aplicação imediata temos sim q avaliar com muito mais cuidado do que em outras a questão da robustez dos dados e análises na sustentação dos resultados e suas potenciais consequências. Especialmente em época de pandemia de atenção global. É +1 dos tantos ônus...
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Recebi um email de jornalista que, entre várias perguntas sobre a situação atual, perguntava "como os profissionais estão segurando a barra".
Pronto, foi a senha para abrir a porteira, arrebentar a encosta do açude, abrir a comporta da barragem...
R, em tradução livre, já que a pergunta foi em inglês.
- "Como estão segurando a barra?"
"Chorando. Precisando de terapia. É assim que estamos segurando. Ou, em muitos casos, não estamos segurando, pra ser sincero. Eu sei que eu não estou. Eu só faço de conta que estou, +
para poder tentar seguir fazendo meu trabalho. É duro dar tudo de si por mais de um ano e perceber que seguimos cometendo os mesmos erros toda a hora. Perceber que ainda há gente negando a severidade dessa pandemia, negando recomendações de especialistas em saúde pública. +
Como @leosbastos já havia adiantado, a atualização desta semana dos dados do SIVEP, analisados pelo #InfoGripe, trazem boas e más notícias.
Boa: com exceção do Maranhão e Espírito Santo, todos os demais estados conseguiram já reverter o crescimento e manter queda nos novos casos+
Sendo que, desses dois, ES já "vai querendo". RJ estava em situação similar ao ES na atualização passada, e na atual já confirmou a queda. +
"Tá, che, tu já me passou o mate dizendo que tinha má notícia na tertúlia de hoje. E aí? Desembucha"
Pues q alguns estados já dão sinais de possível estabilização em valores *muito altos*. Similares ou até mesmo acima dos picos de 2020. São eles: AM, RN, RS, RR, e SC.+
Povuelo, junta aqui rapidinho: nossa oferta de vacina tem sido a conta-gotas. *Esse é o prob central*.
Toda e qualquer demanda por priorizar um grupo X significa rebaixar a prioridade de outros grupos que estavam a frente. **Qm desce p vc subir?** +
As demandas, de maneira isolada, em geral são legítimas. Só que a consequência não é isolada, é coletiva. Então, antes de defender que um grupo suba na prioridade por ser legítimo, puxe o cronograma e explique pq é legítimo rebaixar todos os demais.
Aí a conta muda... 😢 +
Montar um cronograma de priorização, com estoque limitado, é exatamente isso. Não é apenas decidir quem vem antes. É também decidir quem fica pra depois. Além disso, o tamanho de cada grupo é distinto e tem que entrar na conta. +
Boletim #InfoGripe da semana 2021 13 disparado, e as notícias são bastante animadoras (embora não signifiquem "liberou geral, erere, abre a gaita gaiteiro que hoje a poeira levanta e o bolicho vem abaixo!").
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Te atina, vivente: precisamos não apenas desafogar as unidades de saúde, mas também diminuir o número de casos a nível assobio de quem levou uma bota na região ali entra a coxa esquerda e a direita: mais baixo que voo de galinha gorda. Sem isso, é manter a situação tensa. +
"Mas che, hoje mesmo o noticiário está bombando com recorde de mortes, UTIs ainda lotadas e o escambau, e tu me vem com esse canto da sereia? Quer enganar quem, loco???"
Pozolha, che, alguns pontos importantes:
1o: relê os dois pitacos acima. +
Lá vem o MAVE solito entrando no M'Bororé
E o @obscovid19br e alguns poucos aos trancos
Na luta
Do atraso, né?
Analise feita, gráfico pleno
Jeitão calmo de quem chega
Apresentando a estrovenga
que dado recente te enfeita"
[Paródia de Entrando no M'Bororé]
Sim, mais uma vez falando sobre demora nos registros (conhecida como "oportunidade" de registro). Aqui vamos focar na parte estritamente interna do processo de registro de casos de #SRAG no SIVEP-Gripe. Isto é, a oportunidade de digitação em relação à internação ("tempo entre")
Pq "parte estritamente interna do processo"? Porque ainda tem o atraso entre 1os sintomas e internação. Só que esse último está associado à evolução da doença e decisão do/a paciente em buscar atendimento. +
Porquê acreditamos que ainda é cedo para afirmar que a mudança na proporção de casos de #SRAG em cada faixa etária é efeito da vacina, de novas variantes, ou qualquer outra coisa que não simplesmente exposição distinta durante períodos de alta transmissão?
Porque esse mesmo padrão foi observado durante o período de crescimento acentuado durante o 1o pico em diversos estados. *Caso* essa mudança se mantenha após passado esse tufão, aí sim poderemos começar a pensar em efeito da vacina ou outra coisa. Ref: semana 16 é 12/04 a 18/04