📌Artigo na @TheLancet (thelancet.com/.../PIIS0140-6… aborda o tema do retorno presencial das escolas e aponta que “a reabertura da escola sem medidas mitigatórias robustas instaura o risco de acelerar a pandemia”. Sintetizo no🧵o argumento do trabalho. Segue 👇1/n
Embora o trabalho foque no contexto europeu, penso que a análise é muito válida para travar o debate no Brasil, atual epicentro da pandemia no mundo e país cuja infraestrutura das escolas está bem abaixo daquela observada nos países desenvolvidos. 2/n

Segue >
O retorno às escolas o mais rápido possível é fundamental para a educação, o desenvolvimento social e o bem-estar físico e mental das crianças, não resta dúvidas. Porém, ao que parece, não foi feito o suficiente para tornar as escolas mais seguras para alunos e funcionários. 3/n
Sem mitigações adicionais, aumentos na transmissão são prováveis, desta vez com variantes mais infecciosas e possivelmente mais virulentas, resultando em mais fechamentos gerais, fechamentos das escolas e absenteísmo. Entenda 👇 4/n
Os argumentos de que as escolas não contribuem p/ a transmissão comunitária e que o risco p/ as crianças era pequeno, serviu para que as mitigações nas escolas recebessem baixa prioridade. Segundo os autores, as evidências para embasar esses argumentos têm sérias limitações. 5/n
O fechamento de escolas reduziu o n° de reprodução efetiva (Rt) em muitos países. Dados do Office for National Statistics (ONS) mostram q a prevalência de infecção em crianças de 2–10 anos (2%) e 11–16 (3%) aumentou acima de todas outras faixas etárias antes do Natal de 2020. 6/n
Houve casos crescentes em regiões onde a variante B.1.1.7 prevaleceu durante o bloqueio em novembro de 2020 (com as escolas abertas) o q sugere q a abertura de todas escolas agora, sem medidas mitigatórias robustas, levará a Rt a subir acima de 1 em quase todos os cenários. 7/n
Ao longo de fevereiro de 2021, apesar de menos alunos estarem na escola neste momento, o corpo docente estava em maior risco de infecção. O estudo aponta que os surtos recentes em escolas no norte da Itália, onde a variante B.1.1.7 é prevalente, são preocupantes. 8/n
Embora seja improvável que COVID-19 cause doença grave em crianças, as estimativas da prevalência de sintomas longos sugerem que 13% das crianças de 2 a 10 anos e 15% das crianças de 12 a 16 anos têm pelo menos um sintoma persistente de 5 semanas após o teste ser positivo. 9/n
Dada a incerteza sobre os efeitos a longo prazo da infecção do SARS-CoV-2 na saúde, não seria sensato deixar o vírus circular em crianças, inclusive com o consequente risco para suas famílias. No Brasil, mais de 2 mil crianças até 9 anos já faleceram.10/n revistacrescer.globo.com/Saude/noticia/…
A reabertura total em um ambiente de alta transmissão na comunidade sem salvaguardas apropriadas corre o risco de privar crianças da educação e da interação social novamente, agravando as desigualdades existentes. Além de fornece terreno fértil para novas variantes. 11/n
Os achados recentes (pnas.org/content/118/17…) indicam que o contágio majoritário ocorre através de aerossóis respiratórios e que a transmissão aérea em ambientes fechados é o centro da pandemia. Aerossóis se espalham por até 10 metros e podem permanecer no ar por horas. 12/n
O trabalho traz um painel de recomendações que estão em linha com as diretrizes dos Centros dos EUA para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e praticadas em muitos países para reduzir o risco de transmissão nas escolas e mitigar o impacto nas crianças e famílias. 13/n
Um conjunto detalhado de recomendações e um infográfico são fornecidos no apêndice. Tornar as escolas mais seguras anda de mãos dadas com a redução da transmissão na comunidade e é essencial para permitir que as escolas reabram com segurança e permaneçam abertas. 14/n
Gestão federal desastrosa, baixa testagem, novas variantes, índice de contágio alto, colapso hospitalar, pessoas mais novas sendo internadas e morrendo, falta de investimento nas escolas já precárias são pontos que justificam a resistência ao retorno presencial hoje das escolas.
O investimento na qualificação do ensino remoto, na inclusão digital e na adaptação das escolas nunca fez tanto sentido. Apenas esperar que o contágio se reduza, que os adultos se vacinem é um erro. Enquanto houver medo e riscos p/ crianças, o ensino presencial estará em xeque.
Priorizar a escola pressupõe garantia de condições e, como disse em outros textos, contexto e “time” são variáveis centrais, escutar os profissionais (gestores escolares e docentes) também. Ventilação e número de pessoas nos ambientes precisam ser muito considerados.
Sobre sua coluna hoje no @JornalOGlobo @pablo_ortellado.

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11 Apr
Moro na serra gaúcha, núcleo empresarial bolsonarista. As opiniões retratadas na matéria são comuns inclusive entre trabalhadores e profissionais liberais tb. O tema “corrupção” e o viés moralizador que Bolsonaro representaria são centrais na concepção dessas pessoas. +
Embora muitos sejam sonegadores e cometam outros tipos de corrupção “aceitáveis” em seu meio. Veem Bolsonaro com purismo tb, como alguém que quer o progresso e liberdade “dos empreendedores” e não enxergam o quão sua incompetência e estupidez pessoal inviabiliza isso. +
Fora as exceções, o empresariado médio e o bem sucedido (+ bolsonarista) não tem nível alto de escolaridade e se identifica com a condição rudimentar de Bolsonaro de se expressar e interpretar a realidade. A pandemia e os fechamentos constantes do comércio tem os unido mais. +
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22 Feb
Dar fim aos mínimos constitucionais da saúde e educação ou mesmo unificar esses pisos seria uma medida que ataca o coração da Constituição Federal. Desvincular seria um ataque frontal à garantia do direito à educação. Por quê? Acompanha aqui👇 1/n 🧵📓✍️
"Em todos os municípios o percentual aplicado em saúde estava mais distante do mínimo constitucionalmente definido quando comparado ao de aplicação em educação – em geral, o dobro da diferença (3 p.p. acima p/ educação e 5 a 7 p.p. acima p/ saúde)." 2/n
ipea.gov.br/portal/index.p…
"A análise revela que o maior risco da unificação dos mínimos constitucionais recairia sobre as aplicações em MDE, ou seja, a educação teria maior risco de perda de recursos que a saúde em 951 municípios, enquanto a saúde estaria em maior risco em 97 municípios." 3/n
Read 13 tweets
22 Feb
1/Ministério da Educação não gasta o dinheiro que tem disponível e sofre redução de recursos em 2020. Orçamento executado da pasta foi o menor desde 2011. Segue 👇
2/O discurso de campanha de Bolsonaro era de que se iria priorizar a educação básica. O repasse do MEC para educação básica foi o menor da década em 2020 (mesmo diante de demandas que a pandemia trouxe de adaptações, inclusão digital, formação docente, combate a evasão. 👇
3/Os gráficos acima estão nesta reportagem da @ellidha do @g1. g1.globo.com/educacao/notic…
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20 Feb
Um🧵sobre a rede federal de ensino e seus dilemas orçamentários. Em 2003 o país tinha 45 universidades federais, hoje tem 69 (6 em implantação). Desde 2008 a rede federal conta também com 40 institutos federais (com campi em mais de 600 municípios). Veja o mapa da expansão. 1/n
Em 2008 a rede federal oferecia 3.235 cursos, em 2019 esse número dobrou (6.669 cursos). Quando falamos de matrículas, a rede federal também dobrou, saiu de 700 mil em 2008 para 1.335.254 em 2019. Então os gastos do MEC também se duplicaram nessa última década? 2/n
Essa é a execução orçamentária do MEC na última década, corrigida pelo IPCA. Maioria dos recursos são para as universidades e institutos federais e para os hospitais universitários. Repare que mesmo com a expansão descrita acima, a despesa global vem caindo de 2014 para cá. 3/n
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20 Feb
Governo Bolsonaro tem os dois piores anos da década no quesito investimentos do ministério da educação.
Fonte: @folha 1/2
Reportagem completa. 2/2
👇🏼
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4 Feb
Excelente. Quem de fato é a elite do funcionalismo? Porque nenhuma das categorias que pode ser assim considerada está na proposta de reforma administrativa do governo (PEC 32/2020)? Link para o estudo completo no próximo tuite. 1/2

politica.estadao.com.br/blogs/gestao-p…
Dados importantes: gasto de pessoal da União caiu em 2020 em relação a 2019, mesmo com o aumento de cerca de 12% com as despesas de pessoal dos militares (civis caiu o gasto). No link abaixo o estudo do Wellington Nunes.

afipeasindical.org.br/content/upload…
"Dito de forma explícita: sob a retórica de combater privilégios, a PEC 32/2020 propõe ajustes profundos para a grande maioria das carreiras do serviço público nacional, mas exclui justamente aquelas nas quais as distorções remuneratórias de fato se concentram." +
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