Vamos falar do imbroglio ANVISA-SPUTNIK neste fio.
Em primeiro lugar digo que apesar de não usar o termo "PhD" no nome do twitter (porque acho que twitter não é lugar de colocar currículo) também sou doutor. Então não venha ofender por este lado, por favor.
O COVID provoca uma alteração substancial na forma como pensamos as Relações Internacionais até aqui. A biogenética tornou-se o centro da disputa de poder. Antes era uma área importante mas que estava atrás das tecnologias bélicas e de comunicação por exemplo.
Logo, tudo o que se refere às vacinas do COVID está imerso em política e interesses. Não apenas comerciais, porque estamos falando de um mercado de curto prazo da ordem de alguns trilhões de reais, mas tbém porque o estabelecimento de superioridade nesta área altera o equilíbrio
Mais ainda, estamos a ponto de transformar nossa própria ideia de diferenciação social. Se tínhamos que conviver com a diferenciação econômico-financeira, cultural, burocrática, linguística, geopolítica etc. agora temos que pensar na diferenciação imunológica.
E isso não é brincadeira haja vista que em poucos anos você pode pertencer a um grupo de pessoas com acesso a imunizantes de alta tecnologia que farão o meio (o ar, a água, etc) te serem inofensivos. Enquanto outras pessoas poderão pertencer a outro grupo em que tudo poderá matar
Isso altera fundamentalmente o que entendemos por "desigualdade" e, a seguir os caminhos que estamos seguindo hoje, a diferença entre esses grupos será feita por questões econômicas. Pense nisso.
Falemos de ANVISA e SPUTNIK.
Primeiro ponto, na parte científica a SPUTNIK cumpriu todos os requisitos internacionais sendo, inclusive, a vacina de maior utilização de tecnologia avançada e a mais eficaz nos testes. Não cabe aqui explicar as tecnicalidades e benefícios de se utilizar adenovirus diferentes
em cada dose da vacina, mas a SPUTNIK cumpriu este quesito. Todas as discussões sobre "transparência" aqui são coisa de gente ingênua. A vacina, hoje, é questão de segurança internacional e não um remédio para queda de cabelo.
Depois, é bobagem falar que a vacina russa não obteve aprovação de "agências sérias" eis que mesmo a agência europeia está usando a política para aprovar a vacina russa. Sabem que a aprovação significa acesso a um mercado maior e querem garantir ganhos geopolíticos para isso.
Assim, no imbroglio com a ANVISA o que se está discutindo não é a eficácia científica da vacina ou seus efeitos "prejudiciais". É uma questão de tecnicalidade. Então vamos avaliar o principal ponto da anvisa.
Segundo a ANVISA (e já digo que não acredito neste dado e vou explicar o motivo), foram encontrados vírus-vetores replicantes. Supostamente o vírus que leva o material genético para a célula não deveria se reproduzir e, no entanto, a anvisa sugere que o faz.
Ocorre que replicabilidade 0 é impossível em qualquer destas vacinas, o que se faz é manter o nível de replicabilidade em um nível de controle. O FDA americano exige um máximo de replicabilidade de 1 parte a cada 30 bilhões. Já a agência russa usa o limite de 300 por 30 bilhões.
A anvisa está usando o padrão FDA o que em tese seria bom, não é?
Não, não é. O que se está acusando a ANVISA é mudar o padrão conforme lhe for politicamente interessante. A mesma ANVISA aprovou quase mil agrotóxicos no governo bolsonaro. mais de 80% deles rejeitados pelo FDA
Ou seja, já vemos que o FDA americano, invocado pela anvisa, não é padrão. O padrão é o interesse do governo. Se ele quer, muda-se o protocolo. Se não quer aplica-se a regra.
Nada diferente do que o comportamento das instituições brasileiras durante o regime militar.
Dizia-se no regime de 64 a 85 que "aos amigos tudos, aos inimigos a lei".
E é assim que estamos navegando hoje no Brasil.
Dado portanto que deve ter ficado claro que a discussão "técnico ou político" é coisa de gente ingênua aqui (com ou sem phd), verificamos que TUDO sobre a vacina é político. Resta apenas comparar o comportamento da ANVISA no período bolsonaro.
Além questão dos agrotóxicos, aqui pode-se ver que 4 dos cinco diretores da anvisa foram indicados por bolsonaro. E pode-se imaginar o que isso significa se tomarmos as indicações deles a outros postos. www1.folha.uol.com.br/equilibrioesau…
Além disso, temos o comportamento da ANVISA quando a questão interessa o presidente. Aqui Bolsonaro já adianta a aprovação de uma medicação que sequer em testes está em israel ... cnnbrasil.com.br/saude/2021/02/…
Aqui, a ANVISA declara que "toda aprovação depende de uma relação custo benefício" ...
Parece que quase 4000 mortos diários no brasil não são "custo-benefício suficiente" para alterar o padrão FDA para o padrão russo no caso das vacinas. Mas era no caso do agrotóxico.
Agora vemos o problema. É uma questão de tecnicalidade aguda que fez a anvisa negar a SPUTNIK. Tecnicalidade que ela não teve qualquer pudor em mudar quando ao governo interessava. Agora, com as vacinas compradas majoritariamente por governadores opositores a bolsonaro, ela surge
Em Brasília, a gente conhece pessoas que conhecem pessoas. E eu tenho informações de que desde a coronavax técnicos da ANVISA estão sendo ameaçados ao estilo milícia e que a própria coronavax só foi aprovada por uma imensa pressão da mídia/Dória.
Então, deixe de ser ingênuo e achar que existe algo de "técnico" no mundo pós covid ou no comportamento da ANVISA sob o comando de Bolsonaro. Está em curso o mesmo crime que bolsonaro cometeu em 2020 quando recusou por 9 vezes a compra da vacina da pfizer.
Nós vamos produzir a vacina em território nacional para vender aos países da américa latina (que já estão usando) e imunizar população deles, enquanto vamos continuar morrendo aqui. É o mesmo crime de genocídio, só que agora bolsonaro usa laranjas de jaleco. O que não é novidade.
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Agora já dá para saber o que Bolsonaro tentou.
O plano do golpe era audacioso. Por um lado queria o apoio das forças armadas para pressionar o STF e o parlamento criando a falsa ideia de que eram as FFAA que mantinham Bolsonaro. (segue)
Ao mesmo tempo incitar quarteladas das polícias militares locais (notadamente apoiadoras do fascismo de bolsonaro) e fazer passar no congresso a ampliação dos poderes do presidente. Com isso o golpe estaria quase completo. Faltaria ainda pressionar o STF para votar contra Lula ..
Com isso o legislativo se auto golpearia (aprovando a tal lei da "mobilização nacional), os governadores seriam colocados sob ameaça das polícias estaduais e o STF ficaria encurralado pelos militares como Villas Boas fez.
Veja o que faz um governo genocida. Os números se referem ao período de 13 a 19 de março, então quer dizer que tudo o que você achar ruim nesta thread, já piorou e vai piorar por conta de bolsonaro.
Uruguai: 10 mortos/dia, população 4 milhões, 2,5 mortes diárias/milhão de habitantes
Argentina: 132 mortos/dia, população 45 milhões, 2,9 mortes diárias/milhão de habitantes
Rio Grande do Sul: 279 mortos/dia, 11 milhões, 25,3 mortes diárias/milhão de habitantes
Paraguai: 32 mortos/dia, população 7 milhões, 4,5 mortes diárias/ milhão de habitantes
Paraná: mortos/dia 220*, população 11 milhões, 20 mortes diárias/milhão de habitantes
Mais um fio interessante de dados sobre o papel nefasto de Bolsonaro no manejo da pandemia.
A pergunta é o que mais influencia no número de mortes por 100 mil habitantes? o número de médicos? o número de UTI's ou a votação em bolsonaro?
Abaixo a votação em bolsonaro por estado
Agora o número de médicos por cem mil habitantes por estado
Agora, o número de UTI's por cem mil habitantes em cada estado brasileiro
Sabe o que é "normalização" é uma técnica discursiva que busca alterar o padrão de comparação da realidade de forma a tornar imperceptível ou "normal" algo que seria inaceitável e absurdo. Quer exemplos?
(Segue o fio)
Mandetta foi normalizado por Pazuello.
Um ministro que desmonta o sus e defende a diminuição do estado de proteção pública à vacina seria considerado absurdo e inaceitável, mas é aceito e comemorado em comparação com um general genocida na Saúde.
Um governador que oferece ração em farelo para a população pobre, que ordena a retirada de cobertores de populações em estado de rua no inverno seria considerado inaceitável a qualquer padrão social, mas é endeusado perto de um capitão negacionista e genocida. Vira quase um herói
A vacinação vai se tornar um enorme problema de saúde pública e gestão no Brasil.
Não me entendam mal, ele é NECESSÁRIA, mas, no Brasil, vai ajudar aos negacionistas e a Bolsonaro.
(segue)
Vamos imaginar que todos os problemas logísticos (seringas e etc.) sejam resolvidos. Que o Ministério da Saúde, chefiado pelo general ignorante, consiga fazer seu trabalho.
Ainda assim veremos um pico de contaminação APÓS a vacina. E não sei se não vai ser maior ...
A vacina precisa ser tomada em duas doses, com diferença de 15 dias entre cada uma. As doses precisam ser do mesmo fabricante (não dá para tomar uma dose da pfizer e outra da coronavax, por exemplo) ...