Desvendando o balaio de gato da união da Lojas Americanas (#LAME4) com a B2W (#BTOW3): a Thread 👇
Como o @jlbraga disse, na quinta a Faria Lima fritou o cérebro pra entender o Fato Relevante em que a Lojas Americanas anunciava que "passaria" suas +1700 lojas e AME para a B2W.
A cena inicial dessa novela começa assim:
- Os tais "Acionistas de referência" têm 38% da Lojas Americanas. Mesmo assim, mandam nela, já que têm ~61% das ações ON, que dão direito a voto.
- A Lojas Americanas, por sua vez, manda na B2W, com 62,5% das ações.
Não precisa ser um gênio pra perceber que os acionistas de referência mandam na B2W.
Afinal, se meu cachorro me obedece e meu gato obedece o cachorro, meu gato me obedece.
É pra manter as coisas assim que o que você vai ver abaixo aconteceu.
Há anos a B2W dá prejuízo.
Pra ser mais exato, já faz 10 anos que ela não gera 1 mísero centavo de lucro.
A notícia boa? Isso tudo gerou uma MONTANHA de crédito fiscal.
A lógica é simples: quando uma empresa tem prejuízo em um ano, ela pode abater parte desse prejuízo do Imposto de Renda do ano seguinte.
E, meus amigos, quando se trata de prejuízo acumulado, é difícil superar a B2W.
O único problema é: pra abater o crédito desse "prejuízo acumulado" do lucro, a empresa precisa ter... lucro🙃
E como você viu, isso não acontece há 10 anos.
Eis que alguém tem uma ideia genial...
A B2W não dá lucro. No entanto, a Lojas Americanas dá.
Que tal se a gente unisse os dois negócios para aumentar a chance da B2W ter uns anos de lucro e poder usar esse crédito acumulado?
Os negócios combinam muito bem, faz todo sentido.
Vamos então incorporar a B2W pela Lojas Americanas!
Er... não. Digamos que essa ideia não seria engolida muito bem pelos tais "Acionistas de referência".
Afinal, se isso acontecesse...
Todos os acionistas da Lojas Americanas seriam diluídos (é a mesma lógica de um follow on).
E, como a B2W está no Novo Mercado, seus acionistas deveriam receber ações ON (LAME3) e não PN (LAME4).
Adivinha o que ia acontecer?
Os acionistas de referência iam perder o controle.
Por isso, eles decidiram apelar pra criatividade:
- Tirar todo o "recheio" da Lojas Americanas, deixando só a casca.
- Transferir esse recheio pra B2W, que pagaria com ações dela mesma.
- "Pular" a empresa, dando essas ações não para a LAME, mas para os acionistas dela.
Bom, não vou matar o mistério todo.
Com vocês, o vídeo explicando mais esse caso bizarro da Bolsa de Valores brasileira.
Minha opinião (que ninguém pediu) sobre a captação de R$4 bi da Lojas Renner 👇
É difícil acreditar que ela não tenha um alvo em mente.
Por que alguém captaria R$4 bi a R$39/ação para comprar empresas médias (em vez de um grande M&A, como Dafiti, Amaro ou C&A)?
Nesse caso, faria muito mais sentido captar dinheiro através de debêntures, comprar as empresas, torcer para a ação se valorizar com os M&As (ou com a melhora dos resultados) e, depois, com a ação num preço melhor, fazer um follow on para pagar a dívida.
Foi exatamente isso que a Centauro fez quando comprou a Nike.
Agora, quando você anuncia que captou R$4 bi sem um negócio fechado, os alvos passam a jogar com você pra aumentar o valor da oferta (já que sabem que existe uma pressão silenciosa pra que você use o dinheiro rápido).
Uma ideia incrível seria a criação do imposto anti-pobreza.
Quanto mais pobre, mais imposto você paga, criando estímulos para que os pobres deixem de ficar pobres para não pagarem mais impostos.
Isso geraria, pelas minhas contas, uma arrecadação de R$3,7 trilhões por ano.
Na calamidade da situação atual trazida pelo Covid-19, isso evitaria a adoção de uma medida mais extrema: a sanção da Lei Anti-Pobreza, proibindo as pessoas de serem pobres.
A minha sugestão é que a gente chame esse imposto de ICMS.
Existe uma estratégia no mercado financeiro chamada Lady Macbeth.
Lady Macbeth é uma dissimulada personagem de Shakespeare que convence o marido a assassinar o rei e assumir o trono.
Nessa estratégia, após alguém fazer o papel de vilão, tentando comprar uma empresa contra a vontade do conselho e destronar os controladores, surge um herói para "salvar a pátria".
O herói se oferece para uma fusão/aquisição, sem destronar os controladores.
Sem ter como se defender do vilão, os controladores aceitam a proposta.
O herói, no entanto, é dissimulado como Lady Macbeth. Por de trás dos panos, ele tem um acordo maléfico com o vilão pra que esse assuma a empresa de alguma forma.
Vamos a uma thread sobre a curiosa história da Dívida Pública Brasileira (com pitadas de sistema bancário, política monetária e tudo mais).
Tudo o que ninguém quer ler numa sexta-feira.
Ok, a história da dívida do Brasil começa lá atrás, quando isso aqui ainda era colônia (1500~1808).
Os governadores (que eram tipo uns reizinhos na época) pegavam empréstimos como dívida pública. Como isso aqui é Brasil, obviamente o público já se confundia com o privado.
Daí, em 1808, vem a galera lá de Portugal pra cá com corte e tudo e você imagina: "vão por fim à baderna!"
De forma alguma.
Ok, eles até criaram a Caixa de Amortização pra cuidar da dívida pública e separaram o que é dívida do governante e o que é dívida do país.