@fbizzarroneto@alencastro_f A cronologia não funciona. O tráfico interprovincial ocorre fundamentalmente entre 1850-81, enquanto as ameaças à unidade territorial são entre 1817-45. Eu formularia de outra forma, pensando na escravidão quanto na fiscalidade.
@fbizzarroneto@alencastro_f 1) A classe senhorial interessada no tráfico e da escravidão precisava da unidade para resistir às pressões britânicas pela abolição do tráfico transatlântico - embora, a partir de 1831, isso fosse cada vez mais um interesse fluminense e menos das outras regiões.
@fbizzarroneto@alencastro_f 1b) É muito difícil imaginar a possibilidade de separação pacífica: era questão de prestígio nacional e posição geopolítica (também na relação com o Sul). Um deputado de esquerda chega a propor a possibilidade de permitir a separação do Rio Grande do Sul, mas foi rejeitada.
@fbizzarroneto@alencastro_f 1c) Sendo assim, era a separação teria que ser conflituosa, e isso era ruim para todas as oligarquias, porque a década de 1830 foi de insurgência popular. Então, em geral, era do interesse de todas as oligarquias garantir a ordem social, e pra isso era preciso unidade.
@fbizzarroneto@alencastro_f 2) Em geral, as províncias transferiam recursos para a Corte: em termos fiscais, portanto, a unidade era importante para o orçamento do Império. Pensando no caso do Maranhão, o artigo do @thaleszp me foi bastante útil pra pensar isso. onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/eh…
@fbizzarroneto@alencastro_f@thaleszp Eu recomendaria também o livro do Marquese, Parron & Berbel, traduzido pelo @lnrdmrqs (dentre muitas outras coisas). O meu livro numa coleção da FGV sobre 1823-1871 com o Rodrigo Goyena vai tratar bastante dessas questões: I should be writing! unmpress.com/books/slavery-…
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
A nova presidente da @CAPES_Oficial (a instituição que avalia e organiza a pós-graduação brasileira) fez doutorado em "Sistema Constitucional de Garantia de Direitos" na faculdade de que é dona, foi reitora e é batizada com seu próprio sobrenome! É muita avacalhação.
A verborragia dos Supremos é uma coisa absurda, talvez única no mundo. Agora temos presidente do STF posicionando-se contrariamente impeachment do presidente negacionista e com instintos autoritários que cometeu dezenas de crimes de responsabilidade. politica.estadao.com.br/noticias/geral…
Em seguida, baseia sua crença na solidez da democracia brasileira “em conversas espontâneas” com generais.
Não é possível, sério!
Quanto mais você lê, mais piora. Até passar pano pros cloroquiners o Fux passa, com argumento de autoridade!
Fui ler a entrevista do Paulo Guedes pra Veja e é uma das coisas mais ridículas que eu já vi (começando pela capa, claro - não é defensável um negócio desses depois dos últimos dois anos: é propaganda política, não jornalismo). veja.abril.com.br/economia/econo…
A mentira começa com a Reforma da Previdência: não foi resultado do esforço heroico do Guedes, mas em larga medida herdada do governo Temer e organizada pela centro-direita no Congresso. Se dependesse do Guedes e sua insistência na capitalização não tinha passado nada.
Esse cálculo sobre o congelamento dos salários do funcionalismo é absolutamente fictício, não tem como colocar número, porque ninguém sabe o contrafactual (quais aumentos viriam a ser concedidos).
@jcaetanoleite@historianess@ktgerbs@romulopredes 2) O abolicionismo nunca veio de cima, mas sim foi impulsionado por movimentos populares e interclassistas com intensa participação negra, que forçou os grupos dominantes a fazer algo. Como citei num Tweet, “Power concedes nothing without a demand”, disse Douglass.
@jcaetanoleite@historianess@ktgerbs@romulopredes A abolição no México foi feita por um presidente afro-indígena (depois fuzilado) e em todas as repúblicas hispano-americanas dependeu do apoio negro aos liberais; na Grã-Bretanha, a “Guerra Batista” dos escravizados em 1831-2 da Jamaica foi essencial.
O grande historiador inglês Lawrence Stone uma vez escreveu que processos importantes são multicausais, e certamente foi o caso da abolição. É politicamente interessante para alguns entender a abolição como resultado do cristianismo e do Iluminismo, mas é mais complexo que isso👇
O texto acima é um resumo disso no meu próximo livro. 1) O cristianismo era a gramática através da qual as pessoas expressavam sua visão de mundo, então era usado para tudo, tanto pelos radicais defendendo a transformação social quanto pelos conservadores que queriam preservá-la.
2) Então o cristianismo dissidente pôde ser usado para criticar a escravidão, pelo menos desde o século XVII. A tendência dominante foi, porém, sua legitimação, aqui como no mundo anglo-americano. Vide os trabalhos de @historianess, @ktgerbs e Zeron.
Não tenho opinião sobre a mudança de nome da ex-torre David Hume, mas também não entendo o pânico moral. Ninguém está propondo queimar os seus livros ou deixar de estudá-lo.
Mas só escrevi esse minifio por causa da ignorância (muito comum) do último parágrafo: @JoelPinheiro85, o Haiti aboliu a escravidão e condenou o racismo primeiro, graças à ação dos escravizados (e não do Hume ou do Smith), antes do Reino Unido sequer ter abolido o tráfico.