Levantamento que fiz em parceria com o @isoudapaz mostra que cartuchos comprados por forças de segurança foram usados em 23 ações criminosas que culminaram nas mortes de 83 pessoas em 8 estados diferentes do Brasil na última década. oglobo.globo.com/brasil/municao…
Ao longo do último mês, eu e @blangeani identificamos o uso de 145 lotes diferentes de munição adquirida por polícias ou pelas Forças Armadas nessas 23 ocorrências — que incluem sete chacinas, cinco grandes apreensões de munição com criminosos e até um roubo.
A pesquisa teve como base informações que integram processos e inquéritos sobre cartuchos coletados em cenas de crimes ou apreendidos em posse de criminosos. Grupos de extermínio e milícias atuaram em 15 dos crimes em que foi constatado o uso de munição desviada.
A análise dos dados revela que os projéteis desviados se “espalharam”: 13 lotes foram apreendidos em mais de uma ocorrência, e nove deles foram usados para cometer crimes em pelo menos dois estados. No mapa, os crimes com uso de munição desviada que identificamos:
O lote apreendido em mais ocorrências foi o UZZ18, comprado em 2006 pela PF. Esses cartuchos foram usados no homicídio de Marielle; numa guerra do tráfico em São Gonçalo; no roubo a uma agência dos Correios na PB; e em 2 chacinas com participação de PMs em SP entre 2012 e 2015 .
Encontramos até um caso em que um PM foi assassinado com munição da PM. Em abril de 2020, o soldado Luiz Silva Junior foi morto num tiroteio entre milícias rivais que disputavam o controle de bairros de Belford Roxo. No local, a polícia apreendeu cartuchos de 3 lotes da PM.
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A milícia do Rio usa munição paga pelo Estado para matar seus desafetos. Cartuchos comprados pelas polícias do Rio e do Ceará, pela PRF e pelo Exército foram encontrados em locais de homicídios cometidos por paramilitares nos últimos 4 anos. extra.globo.com/casos-de-polic…
Também foram encontrados projéteis da PF, da Aeronáutica e da Polícia Civil de São Paulo durante operações policiais que descobriram locais usados como paióis pelas milícias. Dados fazem parte de um levantamento que eu e @blangeani, do @isoudapaz, fizemos ao longo do último mês.
Munição da PM do Rio foi encontrada nos locais de crime de oito dos dez assassinatos cometidos por milicianos em que conseguimos identificar o uso de munição paga pelo Estado. Nesses crimes, os paramilitares usaram 12 projéteis de nove lotes adquiridos pela corporação.
O general Walter Braga Netto, novo ministro da Defesa, tinha cargos de comando em episódios graves de violações de direitos humanos, em que seus comandados foram acusados de homicídios e tortura. Até hoje, nenhum militar foi punido pelos casos 👇
O primeiro foi a Chacina do Salgueiro, em novembro de 2017. Braga Netto era Comandante Militar do Leste. Oito pessoas morreram durante operação das Forças Especiais do Exército e da Polícia Civil na favela de São Gonçalo.
As investigações concluíram que ninguém matou as vítimas. Isso mesmo: o caso foi arquivado sob o argumento de que nem militares nem policiais civis atiraram naquele dia. Um sobrevivente, entretanto, acusa militares de terem atirado de dentro de uma mata na direção das vítimas.
Um assassinato num terreiro, um depoimento bombástico e um inquérito que vagou por 10 anos por gavetas de autoridades. No @jornalextra, conto a trajetória de impunidade de um “intocável”, o sargento PM Luiz Martins, braço direito de Adriano da Nóbrega. extra.globo.com/casos-de-polic…
O bicheiro José Luiz de Barros Lopes, o Zé Personal, genro do bicheiro Waldomiro Paes Garcia, o Maninho, foi executado em setembro de 2011 dentro de um terreiro em Jacarepaguá. 11 dias depois, uma testemunha ocular apontou o sargento como um dos criminosos que invadiram o local.
A testemunha disse que reconheceu a voz do PM. Contou que "conversou com Luiz várias vezes, até porque o conhecia há anos". Ainda disse que Martins "havia sido segurança de Zé Personal” e, até pouco antes do crime, "atuava como gerente das máquinas caça-níquel".
O Estado produz agentes para o crime. Os seguranças que protegiam o miliciano Adriano da Nóbrega e sua família eram egressos das fileiras da PM do Rio. Como Adriano, todos caíram no submundo após serem excluídos da corporação por cometerem crimes. extra.globo.com/casos-de-polic…
Os laços dos agentes com o chefe do Escritório do Crime foram descobertos graças a ligações telefônicas interceptadas. Na semana passada, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados a todos eles. Na reportagem, levantei a trajetória de cada um deles.
Um deles é Valdemi Gomes Júnior, o Cabeça, apontado pelo MP como "uma espécie de 'faz tudo' de Adriano e sua família, sendo seu homem de confiança". Cabeça foi expulso da PM após ser condenado, em 2006, a 19 anos de prisão por um homicídio cometido em serviço.
Tráfico e milícia avançam sobre empreendimentos do MCMV no Rio: invasões a condomínios se espalham por 24 cidades. Isso é muito triste. Milhares de famílias pobres depositaram sonhos nas mãos do Estado, que é incapaz de retomar o controle dos conjuntos. extra.globo.com/casos-de-polic…
Esses condomínios foram construídos com dinheiro público. Alguns não têm nem um ano de inauguração. Os casos de moradores expulsos por criminosos se multiplicam, assim como guerras entre facções dentro dos conjuntos. Só em Maricá, ja são duas chacinas de 2018 para cá.
Em 2015, eu e Luã Marinatto revelamos no @jornalextra que todos os conjuntos do MCMV na cidade do Rio eram controlados por tráfico ou milícia. Série foi resultado de 6 meses de apuração. Passados 6 anos, a situação piorou: invasões se espalham pelo estado. extra.globo.com/casos-de-polic…
Levantei todos os processos em que o Estado do Rio foi condenado, em 2020, por má conduta de policiais: 81 pessoas ganharam direito a indenizações que, somadas, chegam a R$ 8,3 milhões — ou só 5% do que a família de George Floyd receberá de Minneapolis. extra.globo.com/casos-de-polic…
Ao todo, 18 dos beneficiados são vítimas que foram feridas e conseguiram sobreviver e 63 são parentes de 23 mortos em ações de agentes de segurança no Rio — policiais militares, civis e inspetores penitenciários.
No Rio, a indenização mais alta arbitrada pela Justiça num caso de morte pela polícia no ano passado foi de R$ 400 mil. A mais baixa foi de R$ 30 mil para irmãos de um religioso morto em 2001 por PMs quando voltava para casa depois de um culto, em São Gonçalo.