Thread by @carapanarana

Nos comentários do espectro da direita não-bolsonarista sobre as manifestações do último dia 29 de Maio muita reclamação do "partidarismo" dos atos, ao mesmo tempo em que culpam o PT por não ter convocado as manifestações - insinuando que eles não querem lutar pelo impeachment.

Alguma reclamação também sobre uma suposta "hipocrisia" de quem saiu às ruas depois de passar um ano pedindo medidas sanitárias e denunciando a omissão do governo. 450 mil mortos e um presidente que marca atos e mais atos para celebrar a si mesmo.

O apagão dos grandes conglomerados de mídia em relação ao evento mostra que a escolha dos donos do poder e do dinheiro no Brasil continua sendo "muito difícil". Entre o morticínio autoritário e as esquerdas eles, na melhor das hipóteses, irão se omitir.

Ou seja: muitos dos mesmos que passam seu tempo reclamando de que a esquerda não quer se mobilizar contra Bolsonaro por uma suposta "estratégia de deixar sangrar" já correram pra tentar minar a credibilidade dos atos das mais diversas formas.

Em 2016, quando eu percebi que o golpeachment era inevitável e Bolsonaro corria livre enquanto os partidos era achacados pelos lavajatistas, eu cheguei a pensar que o campo da direita conseguiria se organizar para tentar impedir a ascensão do Capetão.

Ao invés disso, na longa travessia até 2018, eu assisti a um movimento de normalização do Bolsonaro - quase sempre acompanhado de uma demonização histérica das esquerdas. Houve quem acordasse do transe por causa da Greve dos Caminhoneiros ou os discursos violentos da campanha.

Depois das eleições, a entrada do Sérgio Moro no governo foi vista como uma espécie de sinalização, ou tendência de moderação. Recorrente era a ideia de que Sérgio Moro, o juiz que mudou os rumos da eleição, seria uma força moderadora no governo.

O resto é história. Bolsonaro tentou negociar com esses setores ao longo da campanha de 2018 e conseguiu, tentou ao longo do governo também, mas teve medo de perder o protagonismo hegemonia no campo da direita e passou a atacá-los.

A negociação e a normalização DEVEM voltar a acontecer em 2022. Especialmente se houve qualquer "despiora" na economia nacional (ou seja: retomada dos ganhos das elites). Várias colunas, matérias e editoriais dos grandes jornais já apontam pra isso.