O relatório final da investigação da Polícia Civil sobre o assassinato de João Pedro omite que os policiais alteraram a cena do crime. O inquérito tem provas de que agentes recolheram cartuchos, prejudicando a perícia. Nenhuma é mencionada no documento. extra.globo.com/casos-de-polic…
As provas de que houve alteração da cena do crime pelos policiais investigados são:
1) No dia do crime, 18 de maio, os policiais investigados não entregaram estojos de calibre 5,56mm na Delegacia de Homicídios, conforme registro de ocorrência e depoimentos dos agentes.
2) A perícia de local de crime, feita no dia do crime, não encontrou NENHUM estojo de calibre 5,56mm na casa.
3) Como havia 64 marcas de tiros na casa, a disparidade entre o número de buracos nas paredes e estojos encontrados não passou despercebida pelo perito. (segue)
No laudo, o perito apontou que "o número de estojos, de diferentes calibres, coligidos à hora dos exames periciais, em muito diverge dos impactos de projéteis de arma de fogo colimados por todo o cenário em tela".
4) No dia 25 de maio, uma semana após o homicídio, os policiais voltaram à delegacia e entregaram 19 estojos de calibre 5,56mm. O registro de ocorrência, então, foi aditado, e 19 estojos de calibre 5,56mm passaram a constar na lista de bens apreendidos.
Nos novos depoimentos que prestaram, nenhum dos agentes citou onde os estojos ficaram guardados por uma semana e nem sequer foram questionados sobre o motivo de terem recolhido a munição.
Nenhum dos agentes disse onde os estojos ficaram guardados. Eles nem sequer foram questionados sobre o motivo de terem recolhido a munição. O relatório do inquérito não menciona que os cartuchos foram recolhidos antes da perícia e nem que eles foram entregues uma semana depois.
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Munição da PM do Rio abastecia a milícia comandada por Ecko, um dos criminosos mais procurados do país morto pela Polícia Civil. Cartuchos de 15 lotes diferentes foram adquiridos pela corporação, mas acabaram nas mãos da quadrilha do miliciano. oglobo.globo.com/rio/milicia-de…
A maior apreensão que consegui levantar foi em março de 2018. Na ocasião, a Polícia Civil apreendeu, com um homem apontado como “soldado” da milícia, 119 projéteis de forças de segurança. 37 deles faziam parte de 10 lotes diferentes adquiridos pela PM.
Os cartuchos apreendidos eram de calibres 9mm, .40, e 5,56mm. Ao todo, 24 dos projéteis achados com o soldado de Ecko compunham 4 lotes comprados exclusivamente para treinamentos da PM: eles têm uma quantidade de pólvora menor do que os usados em serviço, porém ainda são letais.
A milícia do Rio usa munição paga pelo Estado para matar seus desafetos. Cartuchos comprados pelas polícias do Rio e do Ceará, pela PRF e pelo Exército foram encontrados em locais de homicídios cometidos por paramilitares nos últimos 4 anos. extra.globo.com/casos-de-polic…
Também foram encontrados projéteis da PF, da Aeronáutica e da Polícia Civil de São Paulo durante operações policiais que descobriram locais usados como paióis pelas milícias. Dados fazem parte de um levantamento que eu e @blangeani, do @isoudapaz, fizemos ao longo do último mês.
Munição da PM do Rio foi encontrada nos locais de crime de oito dos dez assassinatos cometidos por milicianos em que conseguimos identificar o uso de munição paga pelo Estado. Nesses crimes, os paramilitares usaram 12 projéteis de nove lotes adquiridos pela corporação.
Levantamento que fiz em parceria com o @isoudapaz mostra que cartuchos comprados por forças de segurança foram usados em 23 ações criminosas que culminaram nas mortes de 83 pessoas em 8 estados diferentes do Brasil na última década. oglobo.globo.com/brasil/municao…
Ao longo do último mês, eu e @blangeani identificamos o uso de 145 lotes diferentes de munição adquirida por polícias ou pelas Forças Armadas nessas 23 ocorrências — que incluem sete chacinas, cinco grandes apreensões de munição com criminosos e até um roubo.
A pesquisa teve como base informações que integram processos e inquéritos sobre cartuchos coletados em cenas de crimes ou apreendidos em posse de criminosos. Grupos de extermínio e milícias atuaram em 15 dos crimes em que foi constatado o uso de munição desviada.
O general Walter Braga Netto, novo ministro da Defesa, tinha cargos de comando em episódios graves de violações de direitos humanos, em que seus comandados foram acusados de homicídios e tortura. Até hoje, nenhum militar foi punido pelos casos 👇
O primeiro foi a Chacina do Salgueiro, em novembro de 2017. Braga Netto era Comandante Militar do Leste. Oito pessoas morreram durante operação das Forças Especiais do Exército e da Polícia Civil na favela de São Gonçalo.
As investigações concluíram que ninguém matou as vítimas. Isso mesmo: o caso foi arquivado sob o argumento de que nem militares nem policiais civis atiraram naquele dia. Um sobrevivente, entretanto, acusa militares de terem atirado de dentro de uma mata na direção das vítimas.
Um assassinato num terreiro, um depoimento bombástico e um inquérito que vagou por 10 anos por gavetas de autoridades. No @jornalextra, conto a trajetória de impunidade de um “intocável”, o sargento PM Luiz Martins, braço direito de Adriano da Nóbrega. extra.globo.com/casos-de-polic…
O bicheiro José Luiz de Barros Lopes, o Zé Personal, genro do bicheiro Waldomiro Paes Garcia, o Maninho, foi executado em setembro de 2011 dentro de um terreiro em Jacarepaguá. 11 dias depois, uma testemunha ocular apontou o sargento como um dos criminosos que invadiram o local.
A testemunha disse que reconheceu a voz do PM. Contou que "conversou com Luiz várias vezes, até porque o conhecia há anos". Ainda disse que Martins "havia sido segurança de Zé Personal” e, até pouco antes do crime, "atuava como gerente das máquinas caça-níquel".
O Estado produz agentes para o crime. Os seguranças que protegiam o miliciano Adriano da Nóbrega e sua família eram egressos das fileiras da PM do Rio. Como Adriano, todos caíram no submundo após serem excluídos da corporação por cometerem crimes. extra.globo.com/casos-de-polic…
Os laços dos agentes com o chefe do Escritório do Crime foram descobertos graças a ligações telefônicas interceptadas. Na semana passada, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados a todos eles. Na reportagem, levantei a trajetória de cada um deles.
Um deles é Valdemi Gomes Júnior, o Cabeça, apontado pelo MP como "uma espécie de 'faz tudo' de Adriano e sua família, sendo seu homem de confiança". Cabeça foi expulso da PM após ser condenado, em 2006, a 19 anos de prisão por um homicídio cometido em serviço.