Um “eu avisei” do bem. Não sei se muitos prestaram atenção, mas França estava em 2020 mendigando voto bolsonarista. Algo que Doria fez em 2018, não estou me fazendo de louco.
Mas o ponto é: sempre que as opções forem ruins, precisamos votar para reduzir o estrago. Sempre.
Não só eu avisei. Milhões de brasileiros avisaram. Os principais especialistas da política nacional avisaram. (Quase) todos os adversários de Bolsonaro avisaram.
Se você se abandonou o bolsonarismo, ótimo. Se você ainda tem orgulho do erro cometido em 2018, eu lamento e lamento muito. Foi um erro. Foi grave. E foi feito ignorando muitos alertas. Foi feito consciente do que estava sendo feito.
Independente disso, eu aviso agora: a missão é a mesma de 2018. Se a corrida te limitar a apenas duas opções no final, não escolha o pior, nem se omita. Vote para reduzir o estrago. Você não será obrigado a ficar do lado do vencedor, mas poderá impedir que vença o pior.
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Deixa eu tentar ser mais franco. Mas, ao mesmo tempo, mais polido. Espero que eu consiga.
Os mais de 55 milhões de votos confiados a Bolsonaro em 2018 foram 55 milhões de graves erros. Indiretamente, levaram à morte centenas de milhares de brasileiros...
O argumento de que a corrupção do outro lado causaria tantas mortes quanto as sabotagem que sofremos no combate à covid-19 é, me desculpem a sinceridade, constrangedor. Minha sugestão é de que o abandonem o quanto antes.
A política corriqueiramente nos coloca em situação em que somos obrigados a escolher entre duas opções ruins. Numa situação dessas, quase nunca as duas opções serão igualmente ruins. Haverá quase sempre a ruim e a pior.
O papel de um opositor não é o de meramente protocolar pedidos de impeachment e soltar frase de efeito em redes sociais. É principalmente o de somar esforços para conter o governo.
A oposição não quer o impeachment de Bolsonaro. Quer apenas desgastá-lo até 2022.
Se quisesse o impeachment, já estaria há mais de ano enfileirando reuniões com empresários, influenciadores, políticos independentes e da base do governo. Já teria elaborado um discurso único que conseguisse unir os interesses de recortes tão distintos do nosso jogo político...
Já estaria pautando a imprensa com o tema manhã, tarde e noite. Estaria dando entrevistas em telejornais e talkshows. Estaria à frente de todos os protestos, virtuais, de janela ou de rua, liderando a revolta da população. Estaria contando votos para o impeachment de Bolsonaro.
Antes da pandemia, o MBL até ensaiou uma guinada ao centro, mas a vocação do grupo era mesmo fazer barulho à direita. E, em dado momento, entendeu que manter-se à direita não necessariamente implicava em bajular Bolsonaro (como faz o Novo), mas enfrentá-lo.
O primeiro teste foi a candidatura de Arthur do Val a prefeito de São Paulo. Celso Russomanno só não foi ao segundo turno no lugar de Guilherme Boulos porque o candidato do MBL conquistou pra si quase metade dos votos da direita mais radical.
A melhor forma de tirar Bolsonaro do segundo turno de 2022 é repetir o que aconteceu em São Paulo em 2020: poucas candidaturas fortes à esquerda e ao centro, e muitas candidaturas médias ou fracas à direita.
No futuro, perguntarão como foi possível morrer mais de meio milhão de brasileiros na pandemia da covid-19. E será preciso dizer que:
1. Jair Bolsonaro seguidamente sabotou os esforços para conter o avanço do vírus...
2. Uma parcela dos corruptos não o impediu porque preferiu aproveitar as emendas parlamentares que Bolsonaro liberava.
3. Outra parcela dos corruptos não impediu pois preferiu inutilizar o combate à corrupção.
4. Outra parcela dos corruptos preferiu apostar no quanto pior, melhor para a campanha eleitoral seguinte. Ainda que o “pior” implicasse na morte de centenas de milhares de brasileiros.
Minha sugestão é a de que usemos o 31 de março anualmente para que nunca mais seja esquecido o regime ditatorial, assassino, corrupto e incompetente que as Forças Armadas impuseram ao Brasil por 21 anos. Se querem que seja lembrado, que seja lembrado pela verdade.
Sugiro que comecemos pelo Caso Para-Sar. Que, quando resgatei em 2018, contabilizava apenas 29 citações em toda a história do Twitter.
Vale também rememorar o documento da CIA que testemunha o envolvimento de três generais que presidiram o Brasil no assassinato de 104 opositores em apenas um ano. history.state.gov/historicaldocu…