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10 Apr, 11 tweets, 2 min read
Antes da pandemia, o MBL até ensaiou uma guinada ao centro, mas a vocação do grupo era mesmo fazer barulho à direita. E, em dado momento, entendeu que manter-se à direita não necessariamente implicava em bajular Bolsonaro (como faz o Novo), mas enfrentá-lo.
O primeiro teste foi a candidatura de Arthur do Val a prefeito de São Paulo. Celso Russomanno só não foi ao segundo turno no lugar de Guilherme Boulos porque o candidato do MBL conquistou pra si quase metade dos votos da direita mais radical.
A melhor forma de tirar Bolsonaro do segundo turno de 2022 é repetir o que aconteceu em São Paulo em 2020: poucas candidaturas fortes à esquerda e ao centro, e muitas candidaturas médias ou fracas à direita.
Esse arranjo, contudo, há de favorecer um candidato de centro, como foi o caso de Covas. E por isso a esquerda se mostra tão contrária a uma terceira via de centro. A melhor chance dela continua sendo o confronto direto com Bolsonaro — ainda que, em 2018, tenha dado errado.
Em 2019, li bastante sobre a eleição de Volodymyr Zelensky na Ucrânia. E é um caso muito interessante de alguém que soube trabalhar a rejeição natural que a população de alguns países têm da política.
Na época, quando busquei na memória alguém que poderia ser um “Zelensky brasileiro”, logo me veio o nome de Danilo Gentili. Por isso, encaro com seriedade acima da média a proposta que o MBL faz para 2022...
Pois temos 350 mil mortos. Passaremos dos 500 mil. E não chegaremos na eleição do ano que vem morrendo de amores pelos políticos que deixaram Jair Bolsonaro liderar essa catástrofe. Pelo contrário, iremos à urnas com ódio deles.
Então, olhando friamente para o cenário, vejo em Gentili um nome que poderia subtrair voto de Bolsonaro suficiente para que o segundo turno fosse disputado entre nomes de esquerda e centro, com uma vitória de centro, dada a rejeição ainda alta da esquerda.
Mas, claro, ele pode ser um fiasco, como foi Kanye West em 2020. Ou um sucesso, como Zelensky em 2019. Ou pode simplesmente desistir, como costumam fazer Huck e Datena.
Tudo vai depender do desempenho em pesquisa, coisa que só Lula e Bolsonaro têm feito bem, e da capacidade de Gentili resistir ao bombardeio que sofrerá. E será dos fortes.
De minha parte, tudo o que mais quero é que a política volte a ser entediante. E isso só seria possível com um “Joe Biden brasileiro”. Mas não existe “Joe Biden brasileiro”.

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3 Apr
No futuro, perguntarão como foi possível morrer mais de meio milhão de brasileiros na pandemia da covid-19. E será preciso dizer que:

1. Jair Bolsonaro seguidamente sabotou os esforços para conter o avanço do vírus...
2. Uma parcela dos corruptos não o impediu porque preferiu aproveitar as emendas parlamentares que Bolsonaro liberava.

3. Outra parcela dos corruptos não impediu pois preferiu inutilizar o combate à corrupção.
4. Outra parcela dos corruptos preferiu apostar no quanto pior, melhor para a campanha eleitoral seguinte. Ainda que o “pior” implicasse na morte de centenas de milhares de brasileiros.
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30 Mar
Minha sugestão é a de que usemos o 31 de março anualmente para que nunca mais seja esquecido o regime ditatorial, assassino, corrupto e incompetente que as Forças Armadas impuseram ao Brasil por 21 anos. Se querem que seja lembrado, que seja lembrado pela verdade.
Sugiro que comecemos pelo Caso Para-Sar. Que, quando resgatei em 2018, contabilizava apenas 29 citações em toda a história do Twitter.

Nunca mais nos esqueçamos do Caso Para-Sar:
Vale também rememorar o documento da CIA que testemunha o envolvimento de três generais que presidiram o Brasil no assassinato de 104 opositores em apenas um ano.
history.state.gov/historicaldocu…
Read 8 tweets
30 Mar
Acho bem equivocado confiar a democracia à suposta incompetência de Bolsonaro. Ao todo, ele participou de 9 eleições, e foi bem sucedido em todas, incluindo a disputa presidencial. Parentes dele disputaram 16 eleições, e se deram bem em 15. Mais do que isso...
Em 27 meses, Bolsonaro conseguiu emplacar aliados fiéis no comando da PGR, da PF, da Câmara, do Senado, na CCJ e em um gabinete do STF. Derrubou o ministro mais popular para emplacar lá um que vive a perseguir adversários.
Vem causando um prejuízo enorme à imprensa mais crítica dele, e garantindo fortunas à imprensa bajuladora. Além disso, montou um gabinete de difamação de adversários, uma agência clandestina de espionagem, toda uma agenda de destruição do meio ambiente...
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29 Mar
“Com a chegada de Chávez ao poder pelo voto, em 1998, as Forças Armadas passaram a se infiltrar em todas as instâncias do Estado venezuelano...”
“... E ganharam papel de maior destaque e voz mais alta em 2002 – quando, com o apoio militar, o chavismo derrotou as duas maiores ameaças que enfrentara até então: uma tentativa de golpe, em abril, e uma greve que paralisou a produção petrolífera, em dezembro...”
“... O golpe fracassado de 2002 foi a justificativa ideal para que o governo promovesse um expurgo total do Exército. 'Um ano depois, já não se encontrava em nenhum quartel venezuelano nem mesmo um único oficial que questionasse qualquer ação de Chávez'...”
Read 14 tweets
27 Mar
A imprensa internacional registra que tudo começou em 2017 como uma pegadinha do 4chan, fórum no qual um anônimo tentou espalhar a ideia de que o gesto de "OK" seria, na verdade, uma referência a "white power", com 3 dedos formando um "W", e os outros dois compondo um "P".
E que, como o objetivo era confundir e irritar esquerdistas e jornalistas, a brincadeira logo foi abraçada em peso por trumpistas.
Eu conhecia uma origem um pouco distinta, mas me passada de maneira informal, o que pode conter erros. No caso, de que a "pegadinha" já teria nascido para explicar o gesto que Trump sempre faz ao discursar.
Read 12 tweets
24 Mar
A imprensa costuma manter todo um time focado no que internamente é chamado de “factual”. Em resumo, o fato acontece? Gostando dele ou não, o fato é registrado pela imprensa.
É dessa linha que saem manchetes como “Dilma é reeleita”, “Morre Nelson Mandela”, “Lula é preso” ou “Lula é solto”.
No futuro, quando historiadores escreverem livros sobre o que vivemos, eles certamente visitarão os acervos dos principais jornais para conferir o desenrolar dos fatos. Daí a importância histórica de um trabalho aparentemente tão simples — não é tão simples, demanda muito suor.
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