Minha sugestão é a de que usemos o 31 de março anualmente para que nunca mais seja esquecido o regime ditatorial, assassino, corrupto e incompetente que as Forças Armadas impuseram ao Brasil por 21 anos. Se querem que seja lembrado, que seja lembrado pela verdade.
Sugiro que comecemos pelo Caso Para-Sar. Que, quando resgatei em 2018, contabilizava apenas 29 citações em toda a história do Twitter.
Vale também rememorar o documento da CIA que testemunha o envolvimento de três generais que presidiram o Brasil no assassinato de 104 opositores em apenas um ano. history.state.gov/historicaldocu…
Que não esqueçamos do papel do embaixador dos Estados Unidos no golpe que interrompeu a democracia por brasileira por 21 anos.
Reservemos 77 minutos do 31 de março para assistir a "O Dia Que Durou 21 Anos", documentário sobre o golpe de 1964. Tem em alguns serviços de streaming. Mas também está disponível no YouTube.
Acho bem equivocado confiar a democracia à suposta incompetência de Bolsonaro. Ao todo, ele participou de 9 eleições, e foi bem sucedido em todas, incluindo a disputa presidencial. Parentes dele disputaram 16 eleições, e se deram bem em 15. Mais do que isso...
Em 27 meses, Bolsonaro conseguiu emplacar aliados fiéis no comando da PGR, da PF, da Câmara, do Senado, na CCJ e em um gabinete do STF. Derrubou o ministro mais popular para emplacar lá um que vive a perseguir adversários.
Vem causando um prejuízo enorme à imprensa mais crítica dele, e garantindo fortunas à imprensa bajuladora. Além disso, montou um gabinete de difamação de adversários, uma agência clandestina de espionagem, toda uma agenda de destruição do meio ambiente...
“Com a chegada de Chávez ao poder pelo voto, em 1998, as Forças Armadas passaram a se infiltrar em todas as instâncias do Estado venezuelano...”
“... E ganharam papel de maior destaque e voz mais alta em 2002 – quando, com o apoio militar, o chavismo derrotou as duas maiores ameaças que enfrentara até então: uma tentativa de golpe, em abril, e uma greve que paralisou a produção petrolífera, em dezembro...”
“... O golpe fracassado de 2002 foi a justificativa ideal para que o governo promovesse um expurgo total do Exército. 'Um ano depois, já não se encontrava em nenhum quartel venezuelano nem mesmo um único oficial que questionasse qualquer ação de Chávez'...”
A imprensa internacional registra que tudo começou em 2017 como uma pegadinha do 4chan, fórum no qual um anônimo tentou espalhar a ideia de que o gesto de "OK" seria, na verdade, uma referência a "white power", com 3 dedos formando um "W", e os outros dois compondo um "P".
E que, como o objetivo era confundir e irritar esquerdistas e jornalistas, a brincadeira logo foi abraçada em peso por trumpistas.
Eu conhecia uma origem um pouco distinta, mas me passada de maneira informal, o que pode conter erros. No caso, de que a "pegadinha" já teria nascido para explicar o gesto que Trump sempre faz ao discursar.
A imprensa costuma manter todo um time focado no que internamente é chamado de “factual”. Em resumo, o fato acontece? Gostando dele ou não, o fato é registrado pela imprensa.
É dessa linha que saem manchetes como “Dilma é reeleita”, “Morre Nelson Mandela”, “Lula é preso” ou “Lula é solto”.
No futuro, quando historiadores escreverem livros sobre o que vivemos, eles certamente visitarão os acervos dos principais jornais para conferir o desenrolar dos fatos. Daí a importância histórica de um trabalho aparentemente tão simples — não é tão simples, demanda muito suor.