Deixa eu tentar falar mais sério sobre isso.
Você quer acabar com a corrupção no Brasil? Eu também quero.

Mas não será em outubro de 2022 que você irá acabar.
Você quer acabar com o sebastianismo no Brasil? Eu também quero.

Mas não será em outubro de 2022 que você irá acabar.
Você queria votar em um candidato alinhado 100% com o que você acredita? Eu também quero. Mas, primeiro, eu nunca nem conheci esse candidato. E, mesmo que ele exista, para ele ter chance em 2022, precisaria já agora ter mais de 10% dos votos na corrida presidencial.
O que dá, então, para fazer em 2022?

Bom... Você pode se livrar de um presidente que sabota os esforços nacionais para conter o avanço de uma pandemia que já matou 444 mil brasileiros, e caminha para matar mais de 700 mil até o fim do ano.
Você também pode se livrar de um presidente que tem inutilizado toda a legislação que protege o meio ambiente nacional, o que é péssimo para nossa saúde, mas também para os negócios, uma vez que essa fatura também será cobrada num futuro próximo.
Você pode se livrar de um presidente que aplaude a violência policial (mas só aquela praticada contra a população mais carente do país: quando se volta contra apoiadores que ignoram medidas sanitárias, reclama um monte).
Você pode se livrar de um presidente que, só nas últimas duas semanas, se viu envolvido em três gigantescos escândalos de corrupção.
Você pode se livrar de um presidente que, ainda em 2018, cometeu o maior estelionato eleitoral de uma história carregada de estelionatos eleitorais.
Você pode se livrar de um presidente que tem transformado o país em um lugar tóxico, fechando praticamente todas as fronteiras para que você desbrave o mundo.
Mas principalmente você pode se livrar de um presidente que coloca em risco a sua vida e a de todas as pessoas que você ama.
Creio que todos os nomes que se colocaram até o momento na corrida presidencial fariam um trabalho mais humano do que o trabalho feito pelo atual presidente. Mas acho importante que, nessa disputa, a aposta depositada na urna seja a mais segura.
Fazer essa aposta segura, contudo, não significa endossar quatro anos de governo da aposta, nem os fãs chatos que essa aposta possua. Significa apenas que você tentar tornar o futuro do país um pouco menos obscuro.
É perfeitamente possível que você vote em um candidato do qual discorde um monte, mas se mantenha na oposição vigilante a todo o trabalho que ele desenvolve. Aliás, por mim, todo eleitor manteria essa postura contra qualquer candidato votado.
Enfim... O mundo não vai acabar em 2022. Nem os problemas serão todos resolvidos em 2022. Pois a vida não é uma prova de 100 metros rasos. É uma maratona. Mantenhamos o ritmo.

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10 Apr
Antes da pandemia, o MBL até ensaiou uma guinada ao centro, mas a vocação do grupo era mesmo fazer barulho à direita. E, em dado momento, entendeu que manter-se à direita não necessariamente implicava em bajular Bolsonaro (como faz o Novo), mas enfrentá-lo.
O primeiro teste foi a candidatura de Arthur do Val a prefeito de São Paulo. Celso Russomanno só não foi ao segundo turno no lugar de Guilherme Boulos porque o candidato do MBL conquistou pra si quase metade dos votos da direita mais radical.
A melhor forma de tirar Bolsonaro do segundo turno de 2022 é repetir o que aconteceu em São Paulo em 2020: poucas candidaturas fortes à esquerda e ao centro, e muitas candidaturas médias ou fracas à direita.
Read 11 tweets
3 Apr
No futuro, perguntarão como foi possível morrer mais de meio milhão de brasileiros na pandemia da covid-19. E será preciso dizer que:

1. Jair Bolsonaro seguidamente sabotou os esforços para conter o avanço do vírus...
2. Uma parcela dos corruptos não o impediu porque preferiu aproveitar as emendas parlamentares que Bolsonaro liberava.

3. Outra parcela dos corruptos não impediu pois preferiu inutilizar o combate à corrupção.
4. Outra parcela dos corruptos preferiu apostar no quanto pior, melhor para a campanha eleitoral seguinte. Ainda que o “pior” implicasse na morte de centenas de milhares de brasileiros.
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30 Mar
Minha sugestão é a de que usemos o 31 de março anualmente para que nunca mais seja esquecido o regime ditatorial, assassino, corrupto e incompetente que as Forças Armadas impuseram ao Brasil por 21 anos. Se querem que seja lembrado, que seja lembrado pela verdade.
Sugiro que comecemos pelo Caso Para-Sar. Que, quando resgatei em 2018, contabilizava apenas 29 citações em toda a história do Twitter.

Nunca mais nos esqueçamos do Caso Para-Sar:
Vale também rememorar o documento da CIA que testemunha o envolvimento de três generais que presidiram o Brasil no assassinato de 104 opositores em apenas um ano.
history.state.gov/historicaldocu…
Read 8 tweets
30 Mar
Acho bem equivocado confiar a democracia à suposta incompetência de Bolsonaro. Ao todo, ele participou de 9 eleições, e foi bem sucedido em todas, incluindo a disputa presidencial. Parentes dele disputaram 16 eleições, e se deram bem em 15. Mais do que isso...
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Vem causando um prejuízo enorme à imprensa mais crítica dele, e garantindo fortunas à imprensa bajuladora. Além disso, montou um gabinete de difamação de adversários, uma agência clandestina de espionagem, toda uma agenda de destruição do meio ambiente...
Read 7 tweets
29 Mar
“Com a chegada de Chávez ao poder pelo voto, em 1998, as Forças Armadas passaram a se infiltrar em todas as instâncias do Estado venezuelano...”
“... E ganharam papel de maior destaque e voz mais alta em 2002 – quando, com o apoio militar, o chavismo derrotou as duas maiores ameaças que enfrentara até então: uma tentativa de golpe, em abril, e uma greve que paralisou a produção petrolífera, em dezembro...”
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27 Mar
A imprensa internacional registra que tudo começou em 2017 como uma pegadinha do 4chan, fórum no qual um anônimo tentou espalhar a ideia de que o gesto de "OK" seria, na verdade, uma referência a "white power", com 3 dedos formando um "W", e os outros dois compondo um "P".
E que, como o objetivo era confundir e irritar esquerdistas e jornalistas, a brincadeira logo foi abraçada em peso por trumpistas.
Eu conhecia uma origem um pouco distinta, mas me passada de maneira informal, o que pode conter erros. No caso, de que a "pegadinha" já teria nascido para explicar o gesto que Trump sempre faz ao discursar.
Read 12 tweets

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