Estadão, dezembro de 2018:
"O futuro ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, disse ao Estado que o governo Jair Bolsonaro fará uma “intervenção imediata” nos hospitais do Rio com gestão federal. Segundo ele, esses hospitais seriam dominados por milicianos."
Em fevereiro de 2019, Bebianno revelou ter fortes indícios de que ameaças sofridas pela comitiva do Ministério da Saúde tinham partido de milicianos. g1.globo.com/politica/blog/…
Dias depois, enquanto Jair Bolsonaro se recuperava de uma cirurgia, Carlos Bolsonaro inicia a fritura pública de Bebianno com base em uma mentira. congressoemfoco.uol.com.br/eleicoes/carlo…
Um “eu avisei” do bem. Não sei se muitos prestaram atenção, mas França estava em 2020 mendigando voto bolsonarista. Algo que Doria fez em 2018, não estou me fazendo de louco.
Mas o ponto é: sempre que as opções forem ruins, precisamos votar para reduzir o estrago. Sempre.
Deixa eu tentar ser mais franco. Mas, ao mesmo tempo, mais polido. Espero que eu consiga.
Os mais de 55 milhões de votos confiados a Bolsonaro em 2018 foram 55 milhões de graves erros. Indiretamente, levaram à morte centenas de milhares de brasileiros...
O argumento de que a corrupção do outro lado causaria tantas mortes quanto as sabotagem que sofremos no combate à covid-19 é, me desculpem a sinceridade, constrangedor. Minha sugestão é de que o abandonem o quanto antes.
A política corriqueiramente nos coloca em situação em que somos obrigados a escolher entre duas opções ruins. Numa situação dessas, quase nunca as duas opções serão igualmente ruins. Haverá quase sempre a ruim e a pior.
O papel de um opositor não é o de meramente protocolar pedidos de impeachment e soltar frase de efeito em redes sociais. É principalmente o de somar esforços para conter o governo.
A oposição não quer o impeachment de Bolsonaro. Quer apenas desgastá-lo até 2022.
Se quisesse o impeachment, já estaria há mais de ano enfileirando reuniões com empresários, influenciadores, políticos independentes e da base do governo. Já teria elaborado um discurso único que conseguisse unir os interesses de recortes tão distintos do nosso jogo político...
Já estaria pautando a imprensa com o tema manhã, tarde e noite. Estaria dando entrevistas em telejornais e talkshows. Estaria à frente de todos os protestos, virtuais, de janela ou de rua, liderando a revolta da população. Estaria contando votos para o impeachment de Bolsonaro.
Antes da pandemia, o MBL até ensaiou uma guinada ao centro, mas a vocação do grupo era mesmo fazer barulho à direita. E, em dado momento, entendeu que manter-se à direita não necessariamente implicava em bajular Bolsonaro (como faz o Novo), mas enfrentá-lo.
O primeiro teste foi a candidatura de Arthur do Val a prefeito de São Paulo. Celso Russomanno só não foi ao segundo turno no lugar de Guilherme Boulos porque o candidato do MBL conquistou pra si quase metade dos votos da direita mais radical.
A melhor forma de tirar Bolsonaro do segundo turno de 2022 é repetir o que aconteceu em São Paulo em 2020: poucas candidaturas fortes à esquerda e ao centro, e muitas candidaturas médias ou fracas à direita.
No futuro, perguntarão como foi possível morrer mais de meio milhão de brasileiros na pandemia da covid-19. E será preciso dizer que:
1. Jair Bolsonaro seguidamente sabotou os esforços para conter o avanço do vírus...
2. Uma parcela dos corruptos não o impediu porque preferiu aproveitar as emendas parlamentares que Bolsonaro liberava.
3. Outra parcela dos corruptos não impediu pois preferiu inutilizar o combate à corrupção.
4. Outra parcela dos corruptos preferiu apostar no quanto pior, melhor para a campanha eleitoral seguinte. Ainda que o “pior” implicasse na morte de centenas de milhares de brasileiros.