Recebo esse tipo de pergunta o tempo todo. Infelizmente, não tenho como responder a todos porque são centenas por dia. Mas mostra que ainda tem MUITA gente desinformada por aí e quem precisava ajudar, não está ajudando.
Notícias antigas ressoando novamente...
De repente, vídeos antigos começaram a receber MUITAS views de gente que estava escondida (eles tinham sumido por algum tempo). Alguma coisa fez furar a bolha e estimular esse levante. São CENTENAS de comentários similares
Dá pra perceber a diferença entre um pedido legítimo e uma dúvida desonesta
Aqui é reflexo de alguns vídeos de canais que dizem que não sabemos os efeitos do mRNA no longo prazo. Me poupem...
E aqui é o típico: "E o Lula? E o PT?"
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Acho que sendo mais transparente. Sabíamos que uma vacina com eficácia de 50% teria que ser aplicada em mais de 90% da população para segurar a epidemia. Isso considerando que ela impede a transmissão (o que não sabemos). Ressaltar as limitações de cada vacina é ser responsável.
Antes de mais nada, destaco que mesmo uma vacina com 40-60% de eficácia tem o seu valor, pois trata-se de redução de riscos de casos, internações e óbitos. Cada vida importa. Quando não se tem doses suficientes, uma estratégia usando uma vacina 50% eficaz é válida.
O problema é que a eficácia é apenas um dado científico que depende da taxa de transmissão do vírus. Para um vírus controlado, com baixa circulação e taxa de transmissão, uma vacina com 40% de eficácia é suficiente. Em uma pandemia disseminada, não é.
O presidente consegue causar mal de duas formas: 1. inflama seus apoiadores pra não usarem máscara 2. (O que é ainda pior) compartilha uma informação falsa de que a máscara só evita um infectado de transmitir o vírus, mas não protege quem não está infectado.
Sabemos que máscaras protegem de duas formas: (1) de inalar aerossóis e gotículas e (2) de emitir partículas no ar. Quem está infectado, não sabe que está transmitindo, muitas vezes. Esse é o problema da COVID que fez a doença espalhar. Ela espalha antes dos sintomas.
Vai fazer teste pra saber quem está infectado, antes dos sintomas? Não... não usamos essa estratégia. Então, continue usando sua máscara. É o melhor que podemos fazer.
Teorias da conspiração sobre a origem do coronavírus ganhando tração de novo. Eu acho importantíssimo você que se interessa de verdade por esse assunto ler o relatório técnico da OMS descrevendo os resultados das investigações.
Houve extensa pesquisa epidemiológica e genômica apontando para as origens naturais do vírus, a partir de morcegos ou de algum animal intermediário para o ser humano. O vírus que circulou em Wuhan já não era apenas de um "tipo": já haviam pequenas mutações +
sugerindo múltiplas fontes iniciais ou mesmo um período prévio de circulação silenciosa - potencialmente fora de Wuhan. Se tivesse escapado de um laboratório, você teria que rastrear apenas uma fonte inicial, com poucas mutações.
Parem de achar que a Anvisa reprovou a Sputnik por uma decisão política. Os critérios de reprovação estão claros, diferente dos dados que temos sobre ela. "Ah mas 65 países aprovaram..."
Os dados não são claros, essas agências podem ter recebido dados distintos dos nossos.
Além disso, o maior problema na minha opinião foi a detecção de adenovírus replicante nos lotes que a Anvisa avaliou: significa que falhou o processo de produção. Liberar uma vacina com esse problema é um risco sanitário. Anvisa corretíssima.
Adenovírus é o vírus que carregaria o gene do coronavírus pra dentro do seu corpo. Esse vírus deveria estar inativado. Mas não está. E pode causar doença (adenovirose - resfriado e alguns outros problemas). Você tomaria uma vacina nessas condições?
O surto de COVID na Índia e a provável diminuição das exportações de vacinas me faz pensar o quanto o Brasil poderia ser soberano nessa área e não é.
Ser soberano em produção de vacinas significa ser capaz de sustentar a própria demanda e ainda ser líder mundial em capacidades tecnológicas e de exportação. Nós deixamos essa soberania para trás, quando decidimos ter políticas de governo e não de estado.
Em 2004, com o surgimento da Lei de Inovação Brasileira (muito atrasada por sinal), houve um primeiro suspiro para que empresas e universidades colaborassem para a criação de verdadeiros parques tecnológicos. Lembrem-se: Universidade não é indústria, ela produz conhecimento.
Olha pessoal, eu cheguei no meu limite. Comecei a ficar mal de verdade com a pandemia. Tentei dar uma segurada por causa do papel de comunicador científico, mas ficar segurando informação preocupado com a saúde mental de quem me ouve, em troca da minha+
tem sido bem ruim. Só essa semana, eu tive quatro conhecidos ou parentes de amigos precisando de leito de UTI em Belo Horizonte. E não tem vaga. A fila aqui na cidade tá em mais de 200 pessoas. Na UPA do meu bairro tem dois corpos acumulados no sol (passou até no jornal)+
É muito provável que já tenhamos uma variante que escapa de vacinas circulando e o Brasil ainda não detectou. Acabaram de pegar uma variante provavelmente da linhagem P1 com mutações da sul-africana, que diminui a eficácia da vacina de Oxford. E nós estamos brincando de lockdown