Peter Lynch ressalta que a única maneira de aguentar a volatilidade irracional do mercado após investir é conhecendo as empresas nas quais você investe.
Vou contar a história de quando Lynch investiu na Kaiser Industries:
Em 1978, no segundo ano de Lynch gerindo o Magellan Fund, as ações da Kaiser Industries tinham ido de $26 para $16. Lynch pensou: “Quão mais baixo ela pode ir?” E comprou uma fatia gigante da empresa a $14 por ação.
A ação continuou caindo e quando chegou a $10 Lynch ligou para sua mãe e falou:
“Mãe, você tem que dar uma olhada nessa Kaiser Industries. Quão mais baixo ela pode ir? Ela foi de $26 para $10.”
A Kaiser Industries era dona da Jeep, 40% da Kaiser Steel, 40% da Kaiser Aluminum, 32% da Kaiser Cement, Kaiser Broadcasting, Kaiser Sand and Gravel e Kaiser Engineers. A $10 a empresa valia aprox. $250 milhões.
Só que depois de ligar para a mamãe Lynch, a Kaiser foi para $6, $5, $4, $3...
A $3, Peter Lynch estava descabelado. A empresa valia $75 milhões – o preço de um único Boeing 747 – e Lynch via que nada estava errado com a empresa.
Ele tinha “perdido” ~80% no valor de mercado, mas olhando os fundamentos, entendia que eventualmente iria dar certo. Enfim, a Kaiser destravou seu valor e retornou aprox. $50/ação aos acionistas.
A moral da história é que se Lynch não entendesse profundamente o que tinha comprado, ele nunca seguraria a empresa de $14 até $3. Ele se sentiria mal por oferecer isso à mamãe Lynch. E ele não teria recebido $50 por ação.
Segundo Lynch, esse é um problema para muitas pessoas:
Indivíduos vendem ações porque para começar, não sabem o motivo inicial de terem comprado. Quando ela cai e fica lá por um tempo, não sabem o que fazer.
Tira cara ou coroa? Dá uma volta no quarteirão? Vai no médico? Uma oração talvez? Enfim, se você não sabe nada sobre os fundamentos da empresa, fica refém da volatilidade.
E a análise de Lynch não era complexa. A empresa tinha diversos negócios e naquela cotação valia o mesmo que um avião. Não fazia sentido, então ele esperou.
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Quem investe não depende da opinião dos outros para ter sucesso, quem especula, sim. Primeiramente, devemos ter em mente que investir é “abrir mão do dinheiro hoje para coletar mais dinheiro no futuro.”
O dinheiro que você abre mão hoje é quanto você está pagando para adquirir um determinado percentual da empresa.
E o dinheiro que você vai coletar no futuro não é proveniente de uma cotação que magicamente irá subir porque a empresa tem uma história bonita.
O dinheiro que você vai coletar no futuro são os fluxos de dinheiro que aquela empresa irá gerar por muitos anos, depois que você investiu nela, através de suas operações ou pela venda de ativos.
Apesar de ser importante estudar o histórico das empresas, o que importa para o sucesso de um investimento é o que acontece do momento que você comprou, para frente. Um belo exemplo da carteira Small Caps da Suno exemplifica bem isso:
A Trisul, incorporadora imobiliária, valia uns 400 milhões em 2018. De 2012 a 2016, a situação do setor não era das melhores e os distratos impactavam a gestão financeira das empresas, pois os clientes podiam rescindir o contrato de compra de um imóvel na planta.
Porém, no 1° semestre de 2018, dava para ver que a Trisul possuía bastante valor e estava saudável:
Possuía um banco de terrenos com valor geral de vendas (VGV) de R$1,2 bilhão e um estoque de unidades concluídas e em construção com VGV de R$645 milhões que seriam monetizados.
Em 2018, durante uma entrevista na CNBC, perguntaram para o Warren Buffett qual era o motivo de surgirem bolhas no mercado. A resposta foi:
Muitas pessoas não aguentam ver o vizinho “mais burro do que elas” ficando rico. Segundo Buffett:
“Muitos indivíduos começam a se interessar por algo porque está subindo, não porque entendem ou qualquer outro motivo. O vizinho, que sabem que é mais burro do que eles, está ganhando dinheiro e eles não...”
Estão abertas as vagas para o Método Tiago Reis (MTR). Este é um curso elaborado pelo @Tiagogreis, que conta com participação minha, da Gabriela Mosmann e do João Daronco. Nele, explicamos em 12 módulos tudo que você deve saber sobre value investing. Segue o fio:
Você compreenderá o que é Value Investing, quais as características do value investor, e quais as estratégias e grandes investidores que obtiveram grande sucesso com o método. Conhecerá a diferença entre preço (cotação) e valor intrínseco de um ativo...
Esses conhecimentos lhe permitirão avaliar se o preço de uma ação está caro ou barato e entenderá os conceitos de preço justo e margem de segurança. Além disso, contamos como funcionam as principais estratégias para selecionar ativos.
Investidores de sucesso, apesar de praticamente todos serem adeptos do value investing, constroem seus portfólios de maneira diferente.
Falo um pouco sobre isso:
Buffett, Munger e Joel Greenblatt, por exemplo, tiveram portfólios extremamente concentrados ao longo da história. Peter Lynch, Walter Scholes e David Swensen e John Templeton, utilizavam métodos de diversificação.
Alguns investiam somente nos Estados Unidos e diversos deles construíam portfólios globais. Uma coisa era comum: o foco era nas empresas e não nas ações.