Talvez falte aos meios oficiais falar em termos mais claros. Bolsonaro é golpista. Bolsonaro vem tentando um golpe de estado ao menos desde a greve dos caminhoneiros de 2018. Bolsonaro não só quer ser um ditador, quer ser um tirano. Quer matar. Quer matar brasileiros.
Qualquer autoridade que compactue com Bolsonaro está compactuando com esse projeto de tirania. Em especial, Augusto Aras, André Mendonça, Kássio Nunes e todos os generais das Forças Armadas que seguem ao lado de Bolsonaro.
Para as futuras gerações, Bolsonaro será um sobrenome quase tão repugnante quanto Hitler. É preciso fazer com que a atual geração tenha pavor de ter o próprio nome associado ao sobrenome Bolsonaro.
Eu moro num país em que um monstro enxergou na pandemia a oportunidade que buscava para gerar o tumulto necessário para que, com medidas de exceção, fosse eternizado no poder, dando fim a mais uma jovem democracia...
O tumulto não veio. Mas as mortes vieram. Direta ou indiretamente, mais de 400 mil ligadas à postura do monstro. O país tem menos 3% da população do planeta, mas mais de 13% dos óbitos por covid-19.
As forças que poderiam contê-lo dizem que nada farão enquanto a população não organizar paradas quase carnavalescas com aglomerações totalmente contraindicadas em um contexto de pandemia.
Falando como leigo, e sem querer gerar mais uma discussão infinita e improdutiva sobre liberalismo, quando mergulho nos livros de história e acervos de jornais, observo o termo representar três grupos distintos:
Até as guerras mundiais, representa um grupo de intelectuais que defende as democracias como motores econômicos.
Durante a guerra fria, passa a representar um grupo de políticos que coloca a economia acima da democracia.
Na última década, contudo, o termo é adotado (ou sequestrado) por um grupo de empresários que entendem a democracia como um obstáculo para a economia.
Eu não vou nem falar de paywall. Vou falar de outra coisa.
Existe uma agenda anti-imprensa. Ela é multipartidária, ainda que seja mais forte em uns partidos do que em outros. Pior do que isso, ela está enraizada em nossa cultura...
Eu mesmo contribuí bastante para que essa agenda seguisse adiante. Mesmo no meu curso de jornalismo, era comum ver alunos (muitos) e professores (poucos) pregando contra a imprensa. Mas a coisa era anterior a isso.
Lembro de a própria imprensa explicar que "Não Enche", de Caetano Veloso, era uma dura crítica à imprensa. E que "Freedom! '90", de George Michael, era outra. Dava play no álbum do Mundo Livre, e estava lá Fred Zero Quatro cantando que "jornalistas mortos não mentem".
Nessa altura do campeonato, e sem considerar eventos imprevisíveis (como queda de jatinho, atentado a faca, etc), podemos afirmar o seguinte:
1. São grandes as chances de Jair Bolsonaro não conseguir se reeleger.
2. Como em 2018, ele estimulará o próprio eleitorado a filmar o processo de votação nas urnas eletrônicas.
3. Alguns problemas ocorrerão, pois sempre ocorrem, mas serão estatisticamente irrelevantes.
4. Contudo, mesmo estatisticamente irrelevantes, trarão números absolutos que correrão o WhatsApp, rendendo, portanto, a narrativa que Bolsonaro persegue há tempos com esse papo de voto impresso.