Nenhuma mulher asiática havia vencido ouro no arremesso de peso até Gong Lijiao, da China, em Tóquio.
Mas comentários feitos na TV estatal CCTV causaram revolta nas redes sociais do país.
Ela foi chamada de “mulher masculina” e questionada sobre planos para casar e ter filhos.
Uma repórter fez o comentário sobre ela ser “masculina” em matéria gravada.
Então, o clipe cortou para a entrevista com Gong, em que ela diz: “posso parecer uma mulher masculina, mas por dentro sou uma garota”.
A repórter aí perguntou se ela pretende “ter uma vida de mulher”.
A própria atleta não entendeu o que a repórter quis dizer, e ela esclareceu: “já que você costumava ser uma mulher masculina pro arremesso de peso, você sente que pode ser você mesma agora?”.
Na resposta, Gong pareceu desconcertada: “hã, talvez. Talvez eu reveja meus planos.”
“Se eu não treinar, talvez eu perca peso, me case e tenha filhos”, completou.
A repórter seguiu com essa mesma linha de perguntas, querendo saber se ela tinha namorado, que tipo de homem ela gostava e se ela brincaria de queda de braço com esse possível namorado.
Nas redes sociais, milhares de pessoas se revoltaram com o tipo de pergunta feito à atleta, com uma hashtag perguntando se o casamento é o único tema que uma mulher pode conversar sobre.
Só no Weibo, o “Twitter chinês”, a hashtag teve mais de 300 milhões de visualizações.
Segundo a BBC, um post muito popular dizia “não é que ela não queira se casar, é que nenhum homem está à altura dela (...) Mulheres não são só aparência, também têm sonhos e conquistas.”
A própria Gong Lijiao respondeu o post dizendo: “obrigada! É exatamente isso que eu sinto.”
Já falamos aqui sobre a prova de arremesso de peso feminino em Tóquio: a atleta Raven Saunders, dos EUA, fez um protesto no pódio ao receber a prata, dizendo que estava fazendo isso pelos oprimidos.
Quem enfrentou questionamentos parecidos com Gong Lijiao foi a arqueira An San, da Coreia do Sul, que virou alvo de discussão por seu cabelo "feminista" mesmo conquistando 3 medalhas de ouro:
Em 2004, dias após vibrar com as Olimpíadas de Atenas, o mundo prendeu a respiração quando crianças de uma escola na Ossétia do Norte, na Rússia, foram sequestradas.
334 pessoas morreram, mais da metade crianças.
Em Tóquio, 2 alunos daquela escola viraram medalhistas olímpicos
Em 1° de setembro de 2004, 3 dias após o fim dos Jogos Olímpicos, a Escola Primária Número 1 da cidade de Beslan foi invadida por terroristas chechenos.
Eles exigiam a retirada das tropas russas da Chechênia e o reconhecimento da independência da região.
A invasão da escola foi parte de um conflito entre Rússia e Chechênia, república de maioria islâmica, que vinha desde 1999.
Depois de 3 dias de sequestro, forças de segurança russas invadiram a escola e o confronto terminou num massacre.
O bronze de Allyson Felix dos EUA nos 400 m é daquelas conquistas que valem muito mais do que o 3º lugar.
Com 10 medalhas olímpicas, ela se torna a maior do atletismo feminino, igualando o nº do compatriota Carl Lewis.
Mas, infelizmente, para as mulheres é sempre mais difícil.
A 1ª participação dela nas Olimpíadas foi em Atenas 2004 e já terminou em prata.
Depois, mais 2 medalhas em Pequim 2008, 3 em Londres 2012 e 3 no Rio 2016.
Com uma carreira esportiva brilhante dessas, é justíssimo que ela possa então ser mãe e não perder patrocínio, certo?
Não foi isso que aconteceu, como relatamos aqui: em 2019, ela comprou uma briga gigantesca com a Nike, que quis reduzir drasticamente o valor que pagava a ela.
Felix e outras atletas se revoltaram com o tratamento dispensado a atletas que eram mães.
O 1º ouro da Ucrânia em Tóquio veio graças a um atleta negro: Zhan Beleniuk, da luta greco-romana.
Mais do que um atleta brilhante, Beleniuk é o 1º parlamentar negro da história ucraniana.
A história do campeão olímpico, que já havia levado prata em 2016, é quase um filme.
Beleniuk nasceu em Kiev em janeiro de 1991, ainda na União Soviética, embora a Ucrânia fosse declarar independência alguns meses depois.
Seu pai era de Ruanda, mas estudou na Universidade Nacional de Aviação em Kiev.
Era piloto e morreu lutando na guerra civil ruandesa.
Morando com a família da mãe na Ucrânia, ele diz ter sofrido vários atos de racismo e discriminação. Sentia que era “negro demais para a Ucrânia, branco demais para a África”.
Decidiu usar o antirracismo como motivação para se tornar um grande lutador, entrando no esporte aos 9.