Em 2004, dias após vibrar com as Olimpíadas de Atenas, o mundo prendeu a respiração quando crianças de uma escola na Ossétia do Norte, na Rússia, foram sequestradas.

334 pessoas morreram, mais da metade crianças.

Em Tóquio, 2 alunos daquela escola viraram medalhistas olímpicos Montagem coloca dois atletas do Comitê Olímpico Russo lado
Em 1° de setembro de 2004, 3 dias após o fim dos Jogos Olímpicos, a Escola Primária Número 1 da cidade de Beslan foi invadida por terroristas chechenos.

Eles exigiam a retirada das tropas russas da Chechênia e o reconhecimento da independência da região. Soldado russo invade as ruínas da Escola Número 1 de Besla
A invasão da escola foi parte de um conflito entre Rússia e Chechênia, república de maioria islâmica, que vinha desde 1999.

Depois de 3 dias de sequestro, forças de segurança russas invadiram a escola e o confronto terminou num massacre.

Um dos sobreviventes foi Artur Naifonov Mulher chora em frente à escola onde ocorreu o massacre de
Ele tinha 7 anos. Sua mãe, Svetlana, morreu tentando salvá-lo.

Naifonov cresceu, se tornou atleta profissional de luta livre e, em Tóquio, conquistou o bronze na categoria de 86 kg.

“Provavelmente, algo estava destinado a ele nesta vida”, disse seu treinador, Totraz Archegov. Artur Naifonov, com expressão séria, veste sua medalha de
Outro aluno daquela escola primária era Zaurbek Sidakov, que deu a sorte de não ter chegado a entrar na escola naquele dia, quando tinha 8 anos de idade.

Ex-colega de classe de Naifonov, ele conquistou em Tóquio o ouro na categoria de 74 kg, também na luta livre. Zaurbek Sidakov exibe sorridente sua medalha de ouro na luta
Em 2019, quando conquistou o título na Copa do Mundo do esporte, ele falou sobre o massacre, 15 anos depois do ocorrido:

“Palavras e histórias não podem transmitir o que os pais e seus filhos sentiram: pequenos, inocentes de nada.” Zaurbek Sidakov, com a roupa vermelha da luta livre, comemor
“Decidi que, se eu conseguisse uma grande conquista, dedicaria a todos que sofreram em Beslan. Eu consegui, então mantive minha palavra.”

Em Tóquio, Sidakov levantou sua medalha de ouro e apontou-a para o céu.

Não sabemos o que ele disse nesse momento. Mas podemos imaginar. Zaurbek Sidakov, vencedor da medalha de ouro na luta livre e
Agradecimentos ao @joaovictor_ire, que trouxe essa história fantástica à nossa atenção.

O Copa Além da Copa sobrevive por meio de financiamento coletivo. Falamos sobre esporte, política, história, cultura e sociedade.

Nos ajude a continuar em apoia.se/copaalemdacopa

• • •

Missing some Tweet in this thread? You can try to force a refresh
 

Keep Current with Copa Além da Copa

Copa Além da Copa Profile picture

Stay in touch and get notified when new unrolls are available from this author!

Read all threads

This Thread may be Removed Anytime!

PDF

Twitter may remove this content at anytime! Save it as PDF for later use!

Try unrolling a thread yourself!

how to unroll video
  1. Follow @ThreadReaderApp to mention us!

  2. From a Twitter thread mention us with a keyword "unroll"
@threadreaderapp unroll

Practice here first or read more on our help page!

More from @copaalemdacopa

7 Aug
A maratona é uma das provas olímpicas mais tradicionais.

Em Tokyo, a masculina acontece daqui a pouco, enquanto a feminina foi ontem e teve dobradinha queniana.

Por muitos anos, não foi assim: não havia maratona para as mulheres.

Mas já em 1896 houve quem desafiasse a norma. Imagem mostra a chegada da maratona nas Olimpíadas de 1896,
Como já contamos, o Barão de Coubertin, responsável por trazer os Jogos Olímpicos para a era moderna, era contra a participação feminina nos Jogos.

Por isso, nem sequer houve mulheres competindo em 1896.
Mas na maratona daqueles primeiros Jogos Olímpicos modernos, uma mulher chamada Stamata Revithi desafiou a regra.

No dia seguinte da prova, exclusiva para homens, ela fez o mesmo percurso, com testemunhas, para provar que também era capaz. Imagem é uma pintura da suposta Stamata Revithi, com vário
Read 10 tweets
6 Aug
Nenhuma mulher asiática havia vencido ouro no arremesso de peso até Gong Lijiao, da China, em Tóquio.

Mas comentários feitos na TV estatal CCTV causaram revolta nas redes sociais do país.

Ela foi chamada de “mulher masculina” e questionada sobre planos para casar e ter filhos. Gong Lijiao, da China, comemora usando uma roupa vermelha e
Uma repórter fez o comentário sobre ela ser “masculina” em matéria gravada.

Então, o clipe cortou para a entrevista com Gong, em que ela diz: “posso parecer uma mulher masculina, mas por dentro sou uma garota”.

A repórter aí perguntou se ela pretende “ter uma vida de mulher”. Gong Lijiao, usando uma máscara com a bandeira da China, na
A própria atleta não entendeu o que a repórter quis dizer, e ela esclareceu: “já que você costumava ser uma mulher masculina pro arremesso de peso, você sente que pode ser você mesma agora?”.

Na resposta, Gong pareceu desconcertada: “hã, talvez. Talvez eu reveja meus planos.” Gong Lijiao no pódio, com um agasalho branco e detalhes em
Read 9 tweets
6 Aug
O bronze de Allyson Felix dos EUA nos 400 m é daquelas conquistas que valem muito mais do que o 3º lugar.

Com 10 medalhas olímpicas, ela se torna a maior do atletismo feminino, igualando o nº do compatriota Carl Lewis.

Mas, infelizmente, para as mulheres é sempre mais difícil. Allyson Felix sorri e acena após sua conquista do bronze no
A 1ª participação dela nas Olimpíadas foi em Atenas 2004 e já terminou em prata.

Depois, mais 2 medalhas em Pequim 2008, 3 em Londres 2012 e 3 no Rio 2016.

Com uma carreira esportiva brilhante dessas, é justíssimo que ela possa então ser mãe e não perder patrocínio, certo? Allyson Felix exibe sorridente todas as suas medalhas olímp
Não foi isso que aconteceu, como relatamos aqui: em 2019, ela comprou uma briga gigantesca com a Nike, que quis reduzir drasticamente o valor que pagava a ela.

Felix e outras atletas se revoltaram com o tratamento dispensado a atletas que eram mães.

Read 11 tweets
5 Aug
O 1º ouro da Ucrânia em Tóquio veio graças a um atleta negro: Zhan Beleniuk, da luta greco-romana.

Mais do que um atleta brilhante, Beleniuk é o 1º parlamentar negro da história ucraniana.

A história do campeão olímpico, que já havia levado prata em 2016, é quase um filme. Zhan Beleniuk, atleta ucraniano descendente de ruandeses, ex
Beleniuk nasceu em Kiev em janeiro de 1991, ainda na União Soviética, embora a Ucrânia fosse declarar independência alguns meses depois.

Seu pai era de Ruanda, mas estudou na Universidade Nacional de Aviação em Kiev.

Era piloto e morreu lutando na guerra civil ruandesa. Foto em preto e branco de refugiados da Guerra Civil da Ruan
Morando com a família da mãe na Ucrânia, ele diz ter sofrido vários atos de racismo e discriminação. Sentia que era “negro demais para a Ucrânia, branco demais para a África”.

Decidiu usar o antirracismo como motivação para se tornar um grande lutador, entrando no esporte aos 9. Zhan Beleniuk, lutador greco-romano da Ucrânia, é fotograf
Read 10 tweets

Did Thread Reader help you today?

Support us! We are indie developers!


This site is made by just two indie developers on a laptop doing marketing, support and development! Read more about the story.

Become a Premium Member ($3/month or $30/year) and get exclusive features!

Become Premium

Too expensive? Make a small donation by buying us coffee ($5) or help with server cost ($10)

Donate via Paypal Become our Patreon

Thank you for your support!

Follow Us on Twitter!

:(