Muita gente ficou surpresa com as notícias referentes a C.1.2, uma variante possível aumento na transmissão e com algum escape imunológico anunciada pelo Inst. Nacional de Doenças Transmissíveis da 🇿🇦 e da Plataforma de Inov.e Seq. de Pesq. KwaZulu-Natal
Acompanha 🧶👇
RESUMO:
🔹Variante com características preocupantes, mas que não tem circulação global
🔹Nada nos diz que vacinas não abrangeriam ela
🔹Mais um indicativo de que o vírus está se adaptando
🔹A desigualdade de distr. de 💉 no 🌎 É UM PROBLEMÃO
🔹💉E 😷pelo amor de Deus
Detalhes👇
Não é segredo, nem novidade, que a permanência desse estado de transmissão elevado, que é construído por vários fatores, (baixa cobertura 💉, falta de adesão adequada a medidas como uso de 😷, p.ex), gera um risco de vermos novas variantes surgirem
Em relação a baixa cobertura vacinal, quero trazer um ponto, discutido pela @dogarrett : quanto mais vacinados temos em uma população, menor o risco de vermos mais mutações surgirem no curto espaço de tempo, e consequentemente, variantes
E temos uma questão crítica pairando o enfrentamento da pandemia: a desigualdade na distribuição de 💉
"4,8 bi de doses de vacinas distribuídas até hoje no mundo, 75% foram para apenas 10 países, enquanto a cobertura de vacinas na África é de menos de 2%"
Na África do Sul 🇿🇦, por exemplo, 15% da população recebeu pelo menos 1 dose, enquanto que 9,3% recebeu o esquema de 2 doses das vacinas da COVID-19. Os números são muito baixos (isso para 🇿🇦, os nºs são menores considerando a África como um todo)
Para controlar a transmissão, necessitamos de altas coberturas vacinais, de medidas mitigatórias em boa adesão pela sociedade e que países mais adiantados em suas campanhas de vacinação auxiliem países com baixas coberturas vacinais.
O mundo se assustou quando a #Beta emergiu, na 🇿🇦. Tememos que nossas vacinas não pudessem segurar essa variante, em virtude de seu escape. Depois, tememos com a #Delta emergindo na 🇮🇳 e hoje estamos vendo todo seu potencial - e ela está mudando
E iremos seguir temendo cada vez que escutarmos sobre o surgimento de uma nova variante, porque sabemos que o risco é real. Enquanto a transmissão estiver alta, o risco estará pairando, e uma hora precisaremos enfrentar isso tendo a perspectiva de 🌎🌍🌏
E, novamente, hoje foi um dia de muitas marcações em notícias sobre a C.1.2, uma candidata a futura (espero que não) #VOI (variante de interesse, abaixo da categoria de variante de preocupação - as #VOC) revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/…
Durante a vigilância genômica na 🇿🇦, uma alta frequência de genomas da linhagem C.1 foram observados durante a 3ª onda da pandemia (~Mai/21), o que surpreendeu os pesquisadores, dado que a C.1 fora detectada pela última vez lá em Jan/21 nature.com/articles/s4159…
Naquele momento, já observávamos que a C.1 tinha mais mutações descritas do que outras linhagens identificadas no período.
Apesar de ter disseminação mínima global, a C.1 foi detectada em Moçambique🇲🇿 e acumulou mutações adicionais resultando na linhagem PANGO C.1.1
No entanto, os dados de um preprint disponibilizado recentemente mostram que a sequência detectada recentemente na 🇿🇦 é bastante diferente da C.1.1, resultando na atribuição da linhagem PANGO C.1.2 em 22/07/21. github.com/cov-lineages/p…
A C.1.2 apresenta mais mutações, comparada com a C.1 e outras #VOC e #VOI, estando a mais ou menos 44-59 mutações "longe" da cepa original de Wuhan. A C.1.2 estaria mais próxima da C.37 (ou #Lambda) que comentei aqui:
Estima-se que a C.1.2 tenha sido primeiramente detectada nas províncias Mpumalanga e Gauteng, na 🇿🇦, onde temos a maior parte das sequências (53). Em Ago/21 expandiu-se para 6 das 9 províncias Sul-Africanas, Rep. Democrática do Congo🇨🇩, Nova Zelândia🇳🇿, Portugal🇵🇹 e Suíça🇨🇭
É importante destacar, e no preprint os autores comentam inclusive, que esses números estão subrepresentados/subnotificados e provavelmente são maiores. O que chama a atenção é seu crescimento: Maio 0,2%, Junho 1,6% e Julho 2,0%, parecido com a #Beta e #Delta no início, na 🇿🇦
Estima-se que o SARS-CoV-2 faça cerca de 24 mudanças pontuais em seu RNA/ano. Atualmente, 25.2, considerando #VOC e #VOI. Mas é importantíssimo o destaque que o @AndersonBrito_ faz aqui:
Os autores fizeram uma análise mais específica para a C.1.2 e levantaram estimativas, chegando num valor cerca de 1,7x maior do que a taxa global atual. Isso significa que temos uma variante capaz de mudar muito rapido, e isso requer medidas maiores para seu controle.
Os autores do preprint lembram que este curto período de evolução aumentada em comparação com a taxa de evolução viral geral também foi associado ao surgimento dos #VOCs#Alfa, #Beta e #Gama e por isso, um controle agora é relevante para o time não ganhar mais uma colega.
Em relação a mutações, a C.1.2 compartilha algumas com a C.1, acumulando mutações adicionais em ORF1ab, Spike, ORF3a, ORF9b, e nas proteínas E, M e N.
Em relação a Spike, 14 mutações são vistas na maioria das sequências de C.1.2 observadas, incluindo
🔹5 em NTD (C136F, Y144del, R190S, D215G e 242-243del (nos aminoácidos L242 e A243)
🔹3 no na região de ligação do receptor (Y449H, E484K e N501Y)
🔹2 próximas no sítio de clivagem (N679K e T716I)
🔹P9L, D614G, H655Y e T859N completam as mutações observadas na Spike
Mas vendo somente as sequências C.1.2, há variação em algumas mutações na Spike, sugerindo que a C.1.2 está sofrendo mudanças dentro da própria linhagem
Algumas dessas mutações foram observadas em outras #VOI e #VOC e podem estar associadas ao aumento da transmissão e a escape parcial da resposta imunológica.
Algo que me chamou a atenção foi que em C.1.2, N679K e P681H são mutuamente exclusivos (com N679K predominando), e a introdução de N679K ou
P681H foi recentemente visto dentro da #Gamma (P.1). Esses paralelos com #VOI e #VOC pode indicar que ela pode ter algumas adaptações sim
MELL, DEVO ME DESESPERAR? ❌Não!
Mas devo me preocupar? ✅Sim, quem não está se preocupando atualmente não está entendendo a pandemia.
Não temos NADA que indique que as vacinas não possam abranger essa variante. Não temos um indicativo sólido de que ela se tornará predominante
Porém estamos diante de mais um aviso, que fizemos com a "Delta Plus", com as descendentes da P.1, e agora com essa: o vírus está mudando. Temos que 💉e usar 😷mais do que nunca, mas sem perder a perspectiva de 🌏🌍🌎
Enquanto a gente não resolver a pandemia em todos os lugares com transmissão significativa do vírus, teremos o risco de vermos variantes com mais adaptações surgindo justamente em lugares onde o descontrole é maior. A COVID-19 não pode virar (mais) uma doença marginalizada.
Vou tentar fazer um resumo para não ficar tão grande, bora y bora 👇🧵
METAPNEUMOVÍRUS (HMPV)
Desde meu último fio, a análise de risco global de uma pandemia desse vírus segue sendo baixa, segundo a OMS, mas a situação está sendo monitorada no mundo e no Brasil.
No Hemisfério Norte, com a chegada do inverno, é vista a co-circulação de diversos patógenos respiratórios, como influenza, Vírus Sincicial Respiratório (RSV), Mycoplasma pneumoniae, HMPV. Também segue havendo casos de Covid-19 who.int/westernpacific…
Foi noticiada, recente e infelizmente, a morte de um menino de 13 anos, cujo quadro foi agravado pela infecção por vírus Influenza A e uma bactéria conhecida que, em casos graves, pode levar a necrose de tecidos embaixo da pele
Falaremos da bactéria Streptococcus pyogenes 🧵👇
Antes de tudo: este fio tem caráter informativo, trazendo dados sobre a bactéria em questão, sinais e sintomas, prevenção e tratamento. As questões relacionadas a condução de caso não serão tratadas aqui, tá bom? Imagino que isso será analisado por especialistas daqui pra frente
Streptococcus pyogenes é classificada como gram-positiva e beta-hemolítica (duas informações relevantes para a escolha de quais recursos - meios de cultura- usar para ajudar em seu diagnóstico)
Ela é bem conhecida e é o principal patógeno bacteriano específico do ser humano
DENGUE NO BRASIL: com diversos municípios de SP declarando emergência, a Dengue já mostra que 2025 será um ano desafiador para seu enfrentamento, e nesse fio, vamos falar sobre SINAIS DE ALERTA, PREVENÇÃO, VACINAS E REPELENTES
Bora? 🧵👇
O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
Sabemos que o início do ano é marcado por um aumento de casos de arboviroses, pelas temperaturas mais altas, períodos mais frequentes de chuva, etc
🚨com a crise climáticas, surtos maiores e em regiões antes chamadas de "frias" se tornam mais frequentes
Mas há (mais) outros agravantes:
▪️ uma maior dispersão do DENV-3, com aumento significativo em SP, AP, MG e PR
por circular menos em anos anteriores, grande parte da população é suscetível ao DENV-3, dado que os que mais tem circulado, ao longo dos anos, são o DENV-1 e 2.
NOROVÍRUS pode estar por trás dos casos de diarreia e gastroenterites vistos especialmente no litoral de SP, mas é importante falarmos desse vírus pois estamos num período em que casos são esperados em diversos locais
Tudo sobre esse vírus 🧵👇
O Norovírus é um vírus entérico da família Caliciviridae e a principal causa viral de vômito, diarreia e doenças transmitidas por alimentos nos Estados Unidos, segundo o CDC. Aqui no Brasil, também é um grande causador dessas condições
Surto de METAPNEUMOVÍRUS HUMANO (HMPV) na China tem ganhado muitas manchetes no mundo e gerado preocupações
▪️Devemos nos preocupar?
▪️Há risco de uma nova pandemia?
▪️Quais sintomas, cuidados para se ter?
Isso e mais neste fio 🧵👇
Respostas rápidas pra quem tá sem tempo:
▪️ O HMPV não é um vírus novo, causa infecções respiratórias, com sintomas parecidos com a gripe comum
▪️ Tem um padrão sazonal e formas conhecidas de manejo, dificilmente causaria uma pandemia
▪️ Máscara são úteis para evitar exposição
Vamos esmiuçar então!
Metapneumovírus humano (HMPV) é um vírus da família Pneumoviridae, a do vírus sincicial respiratório (RSV) - que vocês já conhecem
Crianças, idosos e pessoas imunosuprimidas apresentam riscos maiores para doença mais séria
Gente, algumas informações sobre os próximos capítulos da vacinação no brasil:
- a Anvisa aprovou as vacinas atualizadas contra a JN. Spikevax (da empresa Adium, representando a Moderna no BR) e Comirnaty (da Pfizer do Brasil) - ambas de RNA mensageiro
Tem mais 👇🏻
- a atualização consiste em mudar apenas o antígeno da proteína Spike, para que tenha a informação da cepa que mais tem circulado no país atualmente
- a Anvisa criou uma resolução para que as vacinas a serem usadas no Brasil sejam periodicamente atualizadas em acordo com a @WHO
- até agora, somente a Moderna e a Pfizer solicitaram a análise da versão atualizada da vacina JN.1. Acredito que a Covovax, (vacina da Novavax, feita pelo Serum Institute) irá fazer essa solicitação junto à Anvisa em breve