Para vocês terem uma ideia de como as declarações de Bolsonaro repercutiram "bem" na sua base, esse é o empresário e pastor Jackson Vilar, apenas o sujeito que organizou a "Acelera para Cristo" (a motocada de São Paulo).
Essa história de que está se criando um consenso de que se trata de um "recuo antes do bote", uma "estratégia", é basicamente uma campanha de contenção de danos. Arriscaria dizer, inclusive, com alto índice de automatização (vi muito bot e fake reproduzindo).
Óbvio, pessoas de verdade compraram a narrativa, mas o número, pelo menos por enquanto, não parece ser considerável. O que eu mais vejo é silêncio ou revolta entre os apoiadores, especialmente os mais radicais.
E isso, me parece, é um dado mais relevante do que a sinceridade da nota ou se de fato se trata de um recuo. A base está erodindo, a confiança no presidente está se dissipando. Grupos que até então eram só elogios estão tomados por pessoas revoltadas.
O sujeito gastou boa parte do capital político e financeiro que ainda lhe restava para organizar o 7 de Setembro, o resultado foi esse aí. No fim não agradou ninguém, nem a base radical, nem a base mais moderada. E ainda comprou uma briga que não pode ganhar.
Insisto, o "gado" não existe, o que existem são grupos com interesses distintos que apoiam o presidente por considerá-lo um representante desses valores. Quando o presidente passa a não ser mais um representante desses valores ele é "descartado".
Digo isso tem algum tempo, entre os intervencionistas o presidente já era visto com certa desconfiança, crescia nos grupos a ideia de que se tratava de uma pessoa incapaz de dar um golpe. Muitos destes, inclusive, ficaram em casa no 7 de Setembro.
Minha aposta? Para a maioria desses sujeitos Bolsonaro é (foi) a última aposta na democracia. Permanecerão radicalizados e não vão mais participar do jogo eleitoral. E isso é uma boa notícia, pois pode representar uma diminuição no contingente de "milicos" na política.
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Alguns breves comentários sobre a última pesquisa do Datafolha. A primeira delas é que ela não ocorre apenas após o 7 de Setembro, ela ocorre após um intenso investimento na propaganda do Presidente.
E não estou falando apenas dos rios de dinheiro destinados a viabilizar o 7 de Setembro, mas também na "mala direta" feita pelos seus aliados políticos, incluindo-se aí não apenas os políticos, mas figuras como pastores alinhados.
Desde as motocadas, um pouco antes disso, na verdade, a piora da aprovação do presidente já era perceptível nos grupos evangélicos, de janeiro para cá a reprovação sua reprovação subiu 11 pontos, e hoje está superior (41%) à sua aprovação (29%).
Hoje a #CPIdaCovid se dedica ao caso Prevent Senior, onde temos suspeitas de que pessoas (pacientes e profissionais da saúde) foram utilizados como cobaias involuntárias do chamado tratamento precoce. Entramos no ar em cinco minutos.
Nesse penúltimo episódio da série discutimos o papel da mídia e das redes sociais na Lava Jato, normalizando e comemorando os abusos cometidos pela operação e, especialmente, Sérgio Moro.
Falamos sobre como a Lava Jato foi fundamental para a consolidação de um ecossistema informacional da direita nas redes sociais, sobre como influenciadores como Mamãe Falei e Nando Moura surfaram na onda.
Ainda, sobre como a chamada grande mídia imediatamente se alinhou a operação, os motivos para tanto. Falamos sobre a relação da operação com o chamando Populismo Penal Midiático.
Hoje retornamos com a #CPIdaCovid, os senadores vão ouvir o "sócio oculto" do falso banco que serviu de fiador para os contratos da Precisa Medicamentos. Ainda, vamos acompanhar a sessão do Senado que questiona a Petrobras sobre o preço dos combustíveis.
Eu fico imaginando a cara do Bolsonaro ao ter que aprovar o texto da cartinha de desculpas."Quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum". Hahahahahahahaha
Já tem gente tirando as calças pela cabeça nos grupos. Eu quero muito ver as pesquisas de popularidade das próximas semanas. Hahahahaha
Já disse, presidentes sobrevivem pela sua força ou pela sua fraqueza. Bolsonaro talvez seja o caso mais exemplar da segunda vertente, eu não consigo pensar em outro presidente tão patético (e ainda assim vejam os danos que causou).