Bom dia, pessoal. Um post de um amigo ontem fez barulho ao questionar o valor dos planos de saúde, se não seria melhor juntar esse dinheiro para um "seguro pessoal". Bom, eu tenho formação em economia em saúde e já fui gestor interino no município em que trabalho e posso ajudar+
Primeiro, respondendo a pergunta: não, ninguém consegue juntar dinheiro suficiente para cobrir os custos de saúde (claro, exceto os ultra-ricos). Se você pensar apenas em saúde básica, consultas e remédios, ok, até dá. Mas qualquer procedimento mais sofisticado tem custo enorme+
Internação, UTI, cateterismo, cirurgias em geral, próteses ósseas, fixadores ortopédicos, diálise, quimioterapia, radioterapia, estudo genético, remédios de alto custo para doenças raras ou de difícil controle...Tudo isso custa muito caro. Na casa das dezenas de milhares ou mais+
A MAIORIA DAS NAÇÕES NO MUNDO não arca com esses custos. Nesses lugares, o seguro privado domina, geralmente atrelado ao trabalho: uma parcela do rendimento de todos os trabalhadores de uma empresa custeia o plano, mas perdeu o emprego, perdeu o plano. Esse é o modelo não-SUS +
Nossas operadoras de saúde suplementar são exatamente isso: grandes seguros de grupo que juntam pessoas para dar aos associados o que nenhum sozinho conseguiria.
E o SUS?
O SUS É A MESMA COISA, SÓ QUE MELHOR
O SUS é um super-seguro saúde sem par no mundo. O maior e mais amplo+
O dinheiro para financiá-lo vem de uma confluência dos impostos municipais, estaduais e federais com percentuais definidos por lei e que DEVEM ser alocados para a gestão em seus níveis locais e regionais. Todos nós pagamos o SUS, seja você rico ou pobre. É dinheiro bem gasto! +
O SUS tem como ambicioso fundamento a INTEGRALIDADE, UNIVERSALIDADE E EQUIDADE na dispensação de saúde. Ou seja: é integral, cobre tudo, todos os aspectos da saúde. Universal:para todos dentro do território. E tem equidade (não é igualdade): a prioridade é apenas a urgência +
E dá certo! Pessoas todos os dias fazem uso de medicamentos quimioterápicos de 150 mil reais, e se tratam do câncer, por conta do SUS. Uma diária de UTI pode passar de 30 mil, mas na COVID tivemos vagas para milhares! E nosso combalido programa de vacina sempre foi top! +
Você pode dizer: "ah, mas tem fila, má-gestão, demora, fui mal atendido", etc. Sim, tem tudo isso. Não é um sistema perfeito, não. Mas basta pensar que é uma empresa que atende 211 milhões de clientes com uma EFICIÊNCIA MÉDIA invejável.
E os planos de saúde? +
Eu tenho. Eu uso. Tem algumas vantagens: maior conforto, em média menor tempo de espera por consultas, escolha de profissionais (o SUS não tem isso). Alguns dos melhores hospitais do país (incluindo os universitários do SUS). Mas aí mora a pegadinha: alguns planos tem isso +
Apenas alguns. A qualidade de gestão, atendimento, rede referenciada, bons profissionais, boa cobertura, varia enormemente entre os planos e, em geral, está atrelada à capacidade do cliente de arcar com mensalidades maiores. NÃO SÃO UNIVERSAIS. E nem têm cobertura integral. +
Por lei, eles devem cobrir o rol de procedimentos obrigatórios, não arcar em todos os níveis.
Em resumo: o SUS não te faltará se você tiver o pior dos tumores ou precisar de um transplante, mas o convênio talvez. Casos de gente com convênio "salvas pelo SUS" não são nada raros+
E nunca é demais lembrar que todo mundo no Brasil usa o SUS - todo mundo! - até o maior dos magnatas. Agora mesmo, nenhuma vacina para Covid veio pelas mãos de nenhum operador privado. Simplesmente, os operadores privados não têm como fazer campanhas em massa de vacinação. +
Bom, e o resumo da opera? É o seguinte:
- O SUS é muito importante. Preserve o SUS!
- Se você puder, sim, tenha um plano de saúde bom. Vai te dar conforto e mais saúde, mas saiba: cedo ou tarde, é provável que você vá para o SUS. Isso não desmerece o plano, só o qualifica+
E por último:
Esqueça "juntar dinheiro" para arcar com custos de saúde. Isso não é possível, nem viável.
É isso.
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A nova onda dos liberalóides que querem "padrão Guedes de economia não importa o custo social" é culpar a pandemia. Segundo eles, Guedes não é ruim, "teve a pandemia". Minha lista de contra-argumentos:
1) Então teve a pandemia, e o que você fez? (Marina style);
Se tivesse tido vacina mais cedo, se tivéssemos começado logo com a "pifaizer", a economia não teria se recuperado mais cedo? Ou não teria sofrido menores danos? Ele até falava isso, então porquê não convenceu o presidente disso? "Ah, mas aí não é ele, é o presidente..."
Errado+
Ministro sério, não consegue espaço pra fazer o que precisa, pede demissão! Não vai estragar sua biografia ou assistir as coisas degringolando. "Ah, mas o emprego...".
Abiguinho, essa coisa de "senão perco o emprego" não é preocupação para quem está num cargo de ministro +
O ser humano sempre se preocupou em como se aproximar das coisas como elas são. Nada é absoluto e obviamente, também não a verdade, mas ter meios de determinar o que se aproxima mais dos fatos do que nada tem a ver é crucial. Segue
Foi para nos aproximar da verdade que desenvolvemos o método científico. E a indução filosófica como meio de obter melhores perguntas (que também é importante). E na vida pessoal, no dia-a-dia da sociedade, dá pra ter critérios de verdade?
Sim. Para isso criamos o jornalismo. +
É lógico que essas disciplinas não são isentas de erro, mas elas sofrem escrutínio, interno e externo, e se corrigem com frequência. As vezes as falhas são graves e os erros difíceis de consertar, mas é muito pior sem elas
No centro dessa defesa está a questão da confiabilidade+
Quando você ouve os falsários da saúde como Nise e Osmar Terra falando parece tudo muito polêmico.
Não é.
Vamos por partes, primeiro, por mais que eu não goste, um pouco do meu currículo, pra ninguém falar que não sei o que digo, não sou da área e tal... Segue:
Sou fisioterapeuta há 20 anos. Só isso já me autoriza a falar de saúde, mas...
Também tenho mestrado e 3 especializações, sendo uma na área de fisio intensiva e outra em Avaliação de Tecnologias em Saúde. Isso mesmo: avaliação de novos medicamentos, terapias, etc. +
Também tenho 5 anos de experiência em pesquisa clinica no HCFMUSP.
Ok. Sobre a cloroquina e o "tratamento precoce"...
Todas as diretrizes e cânones para avaliar a eficácia dessas tecnologias foram seguidas, desde o começo. Tenho acompanhado desde que fui pra UTI de covid.
Eu queria muito que meus colegas de esquerda lessem isso e entendessem: não importa que Bolsonaro esteja fraco agora, ele tem que estar fraco em 2022! E não em 2022 inteiro, só no mês da eleição! E não no mês inteiro, só na semana da eleição! +
Clima de "já ganhou", a certeza de que ele é péssimo, burro e incompetente (e é), "ninguém aguenta mais", "Lula está na frente, vai ser Lula na cabeça". Ufanismo demais no futuro, e até pessimismo demais como diz o jornalista, que nos faz achar que nada melhora até 2022... +
Tudo isso pode nos fazer perder... Tudo! Não é que Bolsonaro possa fazer um bom governo. Nunca! É que chega uma hora que não há mais pra onde descer. E vem uma "subidinha". E vem ele e a turma dele dizendo: "É time que está ganhando, hein? Querem mesmo mexer"? +
Não sou especialista nisso, não pago de sociólogo. O que sei é empírico, trabalho desde sempre em periferias e com populações de baixa renda. Essas são minhas impressões sobre o poder evangélico:
1 - Primeiro, o Brasil é um país religioso pra caramba! Ateísmo é moda;
Segue:
2 - Depois, em algum momento, houve uma divisão socioeconômica: por seu modelo rígido, milenar, pouco flexível, centralizado (Vaticano) e, sim, dependente de grana, o catolicismo não penetrou fundo nas periferias. Se tornou a religião "classe média e alta". +
Não sei porque, apesar de sua popularidade, o espiritismo também se tornou mais segmentado, elitista. As religiões de matriz afro estão por toda parte, mas são tão perseguidas e vítimas de tão fortes preconceitos sociais que assumem sempre um perfil muito discreto +
Eu concordo com todos os argumentos do texto! Foi tudo intencional, ele optou por propagar o vírus ("morra quem morrer"). Mortes não importam. Só a continuidade do projeto de poder importa. Agora, a parte realmente cruel dessa estratégia é essa: +
Bolsonaro assumiu isso porque não se importa, mas também porque acredita, com base nos fatos e na história recente, que só a economia e o mercado financeiro derrubam um governante.
E ele está certo! Matar não derruba. Collor caiu pela inflação, não pelos suicídios que causou...+
... Com o sequestro das poupanças. Dilma caiu porque especuladores e banqueiros a culparam por queda de lucros.
A economia está em frangalhos, hoje, mas Bolsonaro terceirizou com sucesso a culpa para governadores e prefeitos! A mensagem é essa: +