Nosso cérebro evoluiu para encontrar relação entre causa e efeito, mesmo onde ela não existe. Daí nascem as superstições e os falsos positivos que são tão úteis para a pseudociência. A ciência tem ferramentas para evitar que caiamos nessas armadilhas. (1/10)
A manifestação mais elementar é atribuir efeitos fora do nosso controle a ações nossas. Todo mundo sabe que pular 7 ondas na virada garante um ano próspero. Ou que rezar por um parente enfermo vai influenciar sua recuperação. (2/10)
Em situações de grande comoção, buscamos relacionar causa e efeito onde essa relação não existe. Muitos médicos de boa fé caíram no conto da cloroquina ou da ivermectina. Prescreveram a droga a pacientes com covid e eles ficaram bons. Logo, a cura se deve à droga. (3/10)
Por deficiência de formação científica (é sempre bom lembrar que médico não é cientista) ou em estatística, muitos caíram na armadilha de relacionar causa e efeito. Não havia relação nenhuma, mas eles se enganaram por vários motivos: (4/10)
1. Não têm como saber o que ocorreria com seus pacientes sem a prescrição. Sabemos que o desfecho seria o mesmo. 2. Como há muitos fatores envolvidos, não sabem se outras ações dos não foram mais efetivas que a prescrição. 3. Efeito manada: muitos colegas na mesma. (5/10)
4. Pressão dos pacientes, que mal informados exigem uma prescrição de uma droga que supostamente os salvaria de um desfecho muito ruim, sem aceitar que não existe droga milagrosa.
Exatamente o mesmo ocorre com a associação entre vacinas em adolescentes e miocardite. (6/10)
Miocardite em adolescentes é uma doença rara. A incidência na população é aproximadamente 2/100000 pessoas.ano. É difícil associar uma incidência tão baixa a fatores ambientais. (7/10)
É difícil encontrar dados comparáveis sobre adolescentes depois da vacinação. Nos EUA com a chegada da variante delta houve um aumento na taxa geral de hospitalizações por miocardite. O aumento foi 10x MENOR em adolescentes vacinados. (8/10) cdc.gov/mmwr/volumes/7…
A associação feita pelo capacho da saúde está errada. É típica de médicos que não conhecem o mínimo de metodologia científica e preferem se deixar enganar por suas crenças.
Reforça o mantra médico não é cientista. (9/10)
É triste termos uma pessoa tão despreparada no comando do ministério mais importante para combater a pandemia.
O preço é pago em vidas.
O vírus agradece. (10/10)
O governo atual tratou a Diretoria de Relações Internacionais da CAPES como assunto quase de família. Durante a gestão de Weintraub, de funesta memória, foi nomeada a amiga Heloísa Hollnagel, da UNIFESP com quase nenhuma experiência internacional. (1/10) cartacapital.com.br/educacao/acabo…
Eu participei de algumas reuniões com ela, desde que apareceu na CAPES como assessora da DRI. Quase pedia desculpas por não entender nada de internacionalização mas tinha muita vontade de aprender.
Liderando reuniões foi um desastre. (2/10)
Uma vez trouxe uma proposta da presidência de trocar o banco de assessores da CAPES por um no qual as pessoas se inscreveriam em lugar de serem convidadas. Não muito diferente da revista médica que recruta revisores pela internet. (3/10)
Andrew Hill é um pesquisador que tinha se iludido com os "bons resultados" da ivermectina e virou uma das referências na área. Quando começou a se dar conta dos problemas, agiu como cientistas agem, passou a ter dúvidas sobre suas próprias conclusões. (1/5)
Picaretas internacionais como o Pierre Kory revelam sua índole soltando um sonoro Fuck you.
Sou cientista há quase 40 anos. Nunca participei de uma discussão científica com esse tipo de argumento tão construtivo. (2/5)
Picaretas locais tomam a mesma posição, xingando seu ex-aliado "Você é uma desgraça".
Sou cientista há quase 40 anos. Nunca participei de uma discussão científica com esse tipo de argumento tão construtivo. (3/5)
A recente pane catastrófica no CNPq me lembrou de uma eterna discussão sobre política de dados nas instituições públicas brasileiras.
Devemos manter nossos data centers ou terceirizar?
Segue o 🧵.
Spoiler: Terceirizar. (1/12)
Nossa vida mudou com o desenvolvimento de TI barata. Toda nossa comunicação passa por grandes bancos de dados. As instituições passaram a ter seus próprios data centers, infraestrutura capaz de armazenar e processar grandes volumes de dados. (2/12)
É lá que funcionam servidores de dados, emails, centrais telefônicas, etc.
Isso causa alguns problemas: 1. Obsolescência rápida de equipamento. 2. Fragilidade em relação a falhas. 3. Vulnerabilidade a invasões e ataques.
Todos eles têm soluções. (3/12)
Tá circulando nos meios mínions uma matéria da FoxNews: "New study reveals success of hydroxychloroquine as COVID treatment". Me dei o trabalho de verificar o artigo. É um preprint no medrXiv, ou seja, não passou por revisão por pares. (1/5)
Provavelmente não vai passar, e se passar vai ser num daqueles periódicos padrão DJ Raul de qualidade, ou seja, fator de impacto baixo.
Começa com uma curiosidade: o 1o e 3o autores, L. G. Smith e S. M. Smith trabalham no Smith Center for Infectious Diseases & Urban Health. (2/5)
Uma rápida googlada revela que é uma clínica de bairro em New Jersey. Nenhum deles tem doutorado. L. G. Smith não aparece no staff da clínica, que tem 3 médicos, mas atua como obstetra na mesma cidade. (3/5)
Que fique registrado. Quando escolhi minha nova musa eu ainda não tinha ouvido isso. Agora está confirmada como musa forever, ainda que eu tenha várias restrições.
Tm essa também Voodoo Child. Hendrix na cabeça.
Se o Luis Carlos Heinze soubesse...
A ação da polícia pernambucana na manifestação de sábado foi terrorismo no seu estado mais puro. 1. O objetivo da ação foi afastar os manifestantes por medo. Se você pode perder um olho na manifestação, vai pensar muitas vezes antes de sair de casa. (1/4)
2. Até agora não apareceu um ou mais responsáveis pela ação. O governador não sabe, o secretário da justiça não entende, o comandante da polícia não notou. 5 policiais foram afastados das ruas. Tudo indica que os responsáveis e os executores da operação ficarão impunes. (2/4)
3. Claramente há uma célula de poder extra-estado funcionando nessa polícia. O mesmo ocorre em Goiás. Essas células terroristas seguem um comando central com interesses muito claros em suprimir o exercício da cidadania. Esse comando fica em Brasília. (3/4)