1. Podemos caracterizar o "método Leandro Narloch" de revisionismo? Sim! Fazê-lo é passo necessário para superar o efeito reacionário de sua escrita, polida na aparência, mas brutalíssima em sua essência.
2. Brilhante o artigo de @thiamparo sobre o texto de Leandro Narloch.
Thiago Amparo vai além e toca o dedo na ferida que bem pode gangrenar a própria democracia brasileira. Nesse sentido, a última frase de sua coluna já nasceu antológica:
3. Como evitá-lo? Veja o exemplo discutido por @thiamparo : Narloch parte de um dado concreto, mas que é sistematicamente descontextualizado e mesmo distorcido, de modo a apagar toda a história, substituída por meras anedotas, cuja finalidade é "suavizar" o passado escravocrata.
4. Tornemos a necessária indignação uma reflexão que ofereça a mais completa tradução dos textos de Narloch: trata-se da descontextualização deliberada e intelectualmente desonesta de contextos históricos para produzir uma escrita revisionista; no fundo, a-histórica da história!
5. Esse é o segredo de movimentos de extrema-direita. A “economia” de paulo guedes é fundamentalmente improdutiva, na caracterização notável de Ladislau Dowbor. A “ética” bolsonarista é imoral. Sua "medicina", culto ao lucro e desprezo pela vida. dowbor.org/2017/11/2017-0…
6. Inversão perversa da ordem do mundo! Perversa porque o carnaval, ensinaram Bakhtin e Roberto DaMatta, também se baseia na inversão, mas para criar uma utopia passageira de alegria e felicidade. A inversão extremista é pura pulsão de morte; projeto vazio de poder pelo poder.
7. O que fazer? Decifrar métodos bárbaros como o de Leandro Narloch. Mas também, não esqueçamos, na medida do possível, celebrar a alegria, reanimar a utopia, amar e ser amado, e, sobretudo, amar a Vida. Extremismo algum resistirá: a alegria (amorosa) é a prova dos nove. Vamos?
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1. Vamos analisar o espantoso "hino" da Prevent Senior, obtido pela @GloboNews ? Comecemos pela música: marcha militar, tom monocórdico, alteração alguma, pura monotonia, paisagem sem horizonte, que reitera e repisa ecos autoritários de triste memória.
2. Passemos à letra, ainda mais espantosa do que a música?
"Nascemos para trilhar
Um caminho a desbravar
Nascemos para viver
de lutas até morrer"
De forma macabra, a proximidade inquietante entre os verbos "viver" / "morrer" parece antecipar os horrores que agora vem à tona.
3. "Até morrer"? É um lema? Morrer pelo lucro? Morrer em função de "cuidados paliativos"? Repare que o verbo protagonista dos versos não é viver, pois se vive "de lutas até MORRER" - eis o eixo da letra, o espírito que preside a composição. Aliás, espírito revelado na sequência:
1. No meu exercício semanal de autoflagelação, assisto ao “Direto ao Ponto”, da Jovem Pan. Hoje o entrevistado é o presidente bolsonaro. Por 15 minutos, ele defendeu a cloroquina! E não falou em vacina. Mostrarei como o bolsonarismo é necessariamente autodestrutivo. Siga o fio.
2. Gregory Bateson destacou a centralidade da retroalimentação negativa (negative feedback) para o equilíbrio homeostático (isto é, dinâmico) de um organismo vivo, de um sistema. Geralmente, valorizamos a retroalimentação positiva (positive feedback), ou seja, estímulo recebido.
3. Contudo, a retroalimentação negativa é essencial, pois permite encontrar um ponto dinâmico de equilíbrio entre o interno e os estímulos externos. Nenhum sistema se sustenta somente recebendo estímulos sem cessar; nesse caso, o colapso seria inevitável. Um exemplo prosaico?
1. A dissonância cognitiva Brasil: a realidade paralela bolosnarista é o resultado de uma midiosfera própria, que produz sem parar narrativas polarizadoras com base em notícias falsas e teorias conspiratórias. A teoria de Leon Festinger é valiosa para decifrar o fenômeno.
2. Tudo começou um em 1954 numa pesquisa sobre uma seita, quando Festinger se infiltrou no culto “The Brotherhood of the Seven Rays”, que combinava crença em vida extraterrestre, discos voadores e apocalipse, e cujo pendor milenarista era preciso como um relógio suíço:
no dia 21 de dezembro de 1954, um dilúvio levaria ao fim do mundo. Contudo, os membros da “Brotherhood” não tinham com o que se preocupar, pois um disco voador viria salvá-los. Ocorreu então uma decepção dupla: o disco voador nunca chegou, mas, o mundo também não acabou!
1. Há uma série na Netflix que ajudaria muito a abolir o reconhecimento de "criminosos" por fotografia no Brasil: "The Innocence Files". Um método tão suspeito quanto foi usado nos Estados Unidos: reconhecimento pela arcada dentária. Siga o fio. canalcienciascriminais.com.br/the-innocence-…
2. Acompanhamos a saga de Levon Brooks e Kennedy Brewer, condenados por crimes que não cometeram com base no "reconhecimento" da arcada dentária a partir de mordidas nos corpos das vítimas. Os episódios são chocantes: a condenação seguiu o padrão que se repete no Brasil de hoje.
3. Praticamente todos os casos que foram "resolvidos" com o reconhecimento pela comparação da arcada dentária envolveram homens negros e pobres. No caso de Levon Brooks e Kennedy Brewer, felizmente, depois de muitos anos na cadeia, foram inocentados pela coleta de DNA.
1. Hipótese nova (digam o que acham): precisamos diferenciar "bolsonarismo bolsonarista" de "bolsonarismo brasileiro". O primeiro chegou ao poder em 2018; o segundo, sempre lá esteve. O primeiro tende à autodestruição; o segundo, mostra grande capacidade de preservação. Há mais.
2. O "bolsonarismo bolsonarista" depende obviamente da figura de bolsonaro e sua mentalidade bélica implica a invenção de inimigos em série, numa tensão política permanente, que, no limite, inviabiliza a possibilidade de um governo bolsonaro. Logo, seu caráter autodestrutivo.
3. Daí, a base do "bolsonarismo bolsonarista" se reduzir a olhos vistos: um governo golpista de si mesmo, motor de instabilidade em todos os níveis, tende a esgotar-se e, ao mesmo tempo, a exaurir a sociedade. Em breve, a figura de bolsonaro provavelmente provocará asco. Exagero?
1. Vamos homenagear a obra de Paulo Freire neste domingo? A melhor forma de celebrar um autor é ler o que escreveu. Que tal começar por um artigo de umas 20 páginas, no qual Freire sintetizou sua visão do mundo e apresentou com clareza cristalina seu método de alfabetização?
2. “Alfabetização de adultos e conscientização”: texto ideal para quem ainda não leu nada de Paulo Freire. Repare na singeleza do título: Freire desenvolveu um método para alfabetizar adultos. “Culpar” sua obra pelos pela crise da educação básica é pura desonestidade intelectual.
3. Na visão do mundo freiriana, a vocação do ser humano é ser sujeito de sua própria vida e também da história; afinal, “gente é pra brilhar, não pra morrer de fome”. Mais: nunca estamos completos; somos, pois, seres-estudantes por definição. E o mundo também sempre muda. Visão