Em 2018 vimos um monte e "analistas de conjuntura" que afirmavam de pé juntos que Bolsonaro não se elegeria, afirmando, em negação, que ele atingira "o teto" a cada pesquisa eleitoral que mostrava o seu crescimento. Faltava nessas análises um elemento crucial: antropologia.
Sim, estudo qualitativo, trabalho de campo, pesquisa de longa duração, chame como quiser. Você olha para essas "análises" e percebe que elas até podem acionar as estatísticas, bibliografia e até mesmo oferecer uma contextualização interessante da política, mas falta "povo".
E "povo", sabemos, é o elemento crucial de uma democracia.
Como falar do "voto evangélico", por exemplo, sem entender as dinâmicas da religião, da sua cosmologia/mitofilosofia a maneira como seus fieis vivem, segmentação por classe, etc... tu olha para as análises se conjuntura e não tem nada lá.
Para permanecermos no exemplo dos evangélicos, no geral, as tais análises de conjuntura associam imediatamente o seu voto ao que identificam como oposto do progressismo e, portanto, imediatamente associado a direita.
Nesse caso, inclusive, esquecem da histórica associação dos grupos evangélicos (e católicos) com o governo do PT.
Inclusive, isso é algo que pode ser dito sobre o famigerado "antipetismo", uma produção meramente conceitual que diz mais sobre o círculo pessoal do analista do que sobre os grupos que compõe o povo brasileiro.
Eu digo isso pois todo dia, todo santo dia, eu vejo uma análise dessas nessa rede social, seja em forma de thread ou em forma de coluna de jornal.
É impressionante, até o pensamento social, à direita ou à esquerda, que se debruça sobre os rumos da nossa democracia é formulado sem ter o povo, o popular ao lado.
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