eu tenho umas ideias muito burocráticas e engessadas sobre a instituição Casamento, e a primeira é que não se assina contrato por amor, casamento é garantia de direitos e inserção social
dito isso, casamento funciona melhor entre pessoas que dividem o mesmo universo simbólico
normalmente as pessoas se casam na mesma classe social ou comunidade, porque é mais fácil compartilhar crenças quando elas já estão construídas
casar fora desse universo simbólico é reconstruir esse universo, aceitar o que parece inaceitável, e nem todo mundo consegue fazer isso
o que acontece é que as pessoas se guiam por afinidades no começo de um relacionamento, e acreditam que essas afinidades são capazes de vencer barreiras, como diferença de renda, de idade, de criação
mas essas barreiras não são vencidas, nem contornadas, elas persistem
felizmente a vida das pessoas não é tão estática assim, e algumas coisas mudam. endereços mudam, nível de instrução, acesso a determinados lugares. é nesses pontos de interseção que as pessoas se encontram.
só que se encontrar não quer dizer que as pessoas vêm do mesmo lugar
e entender de verdade de onde o outro vem, aceitar isso, e amá-lo por isso, é um esforço descomunal, e que não depende só do casal. depende também da aceitação da comunidade em que eles estão inseridos ou que querem se inserir, da inteligência de ambos e do universo simbólico.
e essas são questões que não podem ser contornadas, se elas são ignoradas, elas aparecem de um jeito ou de outro, e o preço a ser cobrado é caro.
o casamento é um contrato social, o assunto aqui é a vida em sociedade, não é o amor romântico e as suas alegrias.
eu considero a minha visão sobre casamento retrógrada porque ela não é muito diferente da visão de casamento ocidental do séc. XIX. era normal se casar por amor no séc. XIX, desde que esse amor surgisse entre pessoas da mesma classe social e se possível, da mesma comunidade.
no séc. XX começou-se a dizer que "essas coisas" não importam. só que elas importam sim, porque são questões ideológicas. é muito mais profundo do que dizer que uma regra não vale mais. a regra pode ser inválida, mas os motivos reais para a existência dessa regra persistem.
por exemplo: é perfeitamente possível que uma pessoa de família pobre e uma pessoa de família rica se casem, e que esse casamento tenho o amor como fundamento. o que não dá para mudar é o arcabouço ideológico de ambos, histórias de opressão, a memória. isso é imutável.
por exemplo: minha mãe é de família branca de imigração recente, e estranhou que a família do meu pai, que é brasileira, não tivesse informações acerca da própria matriarca
falta à minha mãe compreender o que 400 anos de escravidão e colonialismo fazem com a memória de um povo
essa mensagem de que o casamento tende a ser mais feliz entre pessoas da mesma classe social, que dividem o mesmo universo simbólico, é repetida à exaustão em filmes, novelas, livros…
é normal, nas comédias românticas, todos serem ricos. ou dividirem um passado de pobreza.
esses produtos culturais servem como aparelhamento ideológico, mas eles refletem essa ideologia, e reafirmam ela de forma sutil, com mensagens como "o amor vence tudo"
desde que o amor surja na mesma classe social, de preferência, na mesma comunidade…
e a ideologia é um conceito muito interessante, porque à primeira vista, a gente tem esse pensamento ingênuo de que é possível romper com esse sistema de crenças e valores.
só que não tem como escapar do pensamento ideológico, não é algo a ser rompido. você faz parte disso.
enfim sigam esse perfil para mais ideias marxistas disfarçadas de papinho de auto-ajuda
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karê para comemorar a iluminação nova dos vizinhos (um lar de idosos, o quarto nessa rua)
já me pediram antes a receita e eu me esqueci de passar, então vou mandar agora
eu normalmente faço karê com barriga de porco cortada em cubinhos grandes,como os de torresmo, e legumes variados cortados do mesmo tamanho. hoje eu fiz karê de abóbora cabotiá e batatinhas.
para começar, eu cozinho a carne no fogo baixo, para soltar a gordura. depois, tiro a carne, e refogo na mesma panela uma cebola grande picada, até amolecer.
acrescento gengibre ralado,alho ralado e uma maçã inteira ralada, depois um litro de caldo de galinha e os legumes duros
pronto, meu chefe decidiu se meter no instagram da empresa, e já quer colocar postagem em grid no feed "para não fica monótono"
postagem em grid é onde o engajamento vai para morrer. só funciona quando a foto é pensada para ser recortada, e toda parte tem informação relevante.
por exemplo, dá pra fazer postagem em grid se a foto pode ser dividida em 2, 4, ou 6 secções contendo produto, apresentação, origem.
cada pedaço funciona de forma isolada. ninguém é obrigado a abrir o instagram de marca pra entender o que tá sendo postado como um todo…
e mais, chefe pediu que essa postagem em grid seja de uma imagem que não está atrelada a produto. isso até funciona se o seu produto é algo menos tangível; por exemplo, um instagram de um artista musical. não é o caso, o produto é físico, tem identidade visual.
com febre sim! e pensando com intensidade em A Montanha Mágica, um livro que a gente tende a romantizar por causa da relação com isolamento, enfermidade e saber artístico, quando na real representa o embate entre o humanismo e o pensamento místico.
e que deu merda né
embora a primeira parte de A Montanha Mágica seja centrada na adaptação do protagonista à vida num sanatório, a segunda parte foca no embate ideológico entre dois intelectuais pela ALMA de Hans Castorp: um humanista italiano, um que parece saído da Opus Dei
todos doentes, claro
a discussão desses dois homens é representada por polos opostos: calor e frio, luz e escuridão, vida e morte. eles não levam em consideração as ideias do protagonista, que convenhamos, é sim um grande bundão. e esse embate só ganha peso depois do capítulo da Noite das Valpúrgias.
bom gente pra quem não sabe nos últimos anos eu consegui realizar meu sonho de trocar de área e botar o pezinho pra fora do trabalho com comunicação, o que resultou em trabalhar com uma indústria completamente diferente, e me levou a acumular conhecimento sobre……… arroz
existem inúmeras variedades de arroz diferentes, todas elas derivadas da mesma planta, oryza sativa. a domesticação do arroz começou há milênios, e até hoje, são desenvolvidas novas variedades, em processos de seleção continuada, sem a interferência de transgênicos.
no mundo, consumimos três principais grupos de arroz: o arroz índico, o arroz japônico e o arroz glutinoso. o arroz índico é formado por grãos compridos, de rápido cozimento. o arroz japônico possui grãos pequenos e arredondados. o arroz glutinoso mais conhecido é o arbório.