Minha coluna desta semana no @NexoJornal é sobre como as mídias sociais, que há uma década ajudavam a derrubar regimes autoritários, vieram a trazer riscos para a democracia. 1/12 nexojornal.com.br/colunistas/202…
Por que achamos que as redes sociais eram armas da democracia? A mídia tem um papel político fundamental: ela fornece a informação que permite aos cidadãos monitorarem o desempenho dos políticos. Daí ditadores sempre terem procurado censurar ou capturar a mídia. 2/12
Concorrência nesse setor é por isso fundamental: capturar a mídia é bem mais caro se é preciso silenciar diversos veículos. Facebook e assemelhados representaram uma explosão inédita nessa diversidade. Ipso facto, as redes sociais augurariam uma expansão democrática. 3/12
#sqn... Ficou claro de 2016 pra cá, com Trump e quetais, que algo tinha saído desse script – fake news, etc. A democracia, longe de encontrar uma era de ouro, encontra-se na defensiva. O que deu errado? 4/12
O que não vimos lá atrás é que a mesma facilidade de acesso à disseminação de conteúdo, que aumentou a informação disponível para os cidadãos, é uma oportunidade de ouro para os políticos. Eles também são produtores de conteúdo! 5/12
Putin foi quem primeiro viu mais longe: não é mais preciso censurar a informação. A alternativa é poluir o ambiente de mídia ao ponto de que sua credibilidade é essencialmente destruída. Não se trata de convencer, mas de criar a sensação de que todos estão mentindo. 6/12
Como? É muito difícil verificar a qualidade de cada fonte de informação. Sem conseguir distinguir entre bom e fake, o cidadão não vai pagar mais caro pela qualidade, ou recompensar o político que opta por ela. 7/12
Disso resulta um equilíbrio nefasto: a informação ruim, longe de ser eliminada pela de qualidade, pode de fato reduzir seu espaço. 8/12
O resultado é a política como competição entre narrativas. Pra que governar, quando se pode produzir conteúdo pra mobilizar os simpatizantes e demonizar os adversários? Estão aí Bolsonaro e Trump pra ilustrar esse modus operandi. 9/12
Mas fica claro que o problema vai muito além dessas figuras lamentáveis: ele vem das características mais fundamentais da tecnologia das mídias sociais. 10/12
Qual a solução? A resposta é muito simples: não sei. Há um claro argumento pela regulação, mas o diabo está nos detalhes – e quem confia nos nossos políticos para fazer isso direito? Pode muito bem ser pior a emenda que o soneto... 11/12
Mas temos de ter consciência de que somos vulneráveis a essa combinação, e à tentação de acreditar (e amplificar) o que já se conforma às nossas predileções e pré-conceito – e isso é um prato cheio para a manipulação política. Há que tentar não ceder a ela. 12/12
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Meu novo artigo no @NexoJornal é sobre como, agora que a covid-19 passou a ser doença evitável, a “pandemia dos não-vacinados” é resultado direto de disfunções institucionais várias pelo mundo afora. nexojornal.com.br/colunistas/202… 1/10
Com as milagrosas vacinas ora disponíveis, a única razão da persistência da pandemia é a lentidão da imunização. Parte do problema, como na África, vem diretamente da falta de recursos e solidariedade internacional. 2/10
Outros casos são falhas mais insidiosas. Nos EUA, por exemplo, não falta vacina, mas a taxa de imunização se encontra um tanto estagnada. Se bem há fatores como as desigualdades no acesso à saúde, este gráfico chocante ilustra que há outros também. 3/10
Este artigo não poderia explicitar melhor a natureza da ameaça golpista, e como ela já rompeu a normalidade democrática. noticias.uol.com.br/colunas/thais-…
Primeiro, a ameaça de violência generalizada, “grave conflito social”. Não é golpe, imagina!
Depois tem o ponto de q certos resultados não são aceitáveis.
Olha aí exatamente o q falei ontem: a tal proposta de semipresidencialismo é uma reação à ameaça de golpe bolsonarista com apoio militar. Podem dizer q “é blefe”, mas o blefe já está alterando o comportamento dos outros jogadores à mesa…
Isso pq os militares sempre têm a carta da violência na mão. Ela não é suficiente pra ganhar o jogo, e eles no mais das vezes não vão necessariamente botá-la na mesa, mas os outros jogadores sabem que a mão dos militares nunca está vazia…
E mais: qdo digo “violência”, não se limita a tanque na rua. Pode ser simplesmente um “a tigrada não vai aceitar o Lula [ou investigação de corrupção], não vai dar pra controlar, vai ter confusão…”
Meu novo artigo no @NexoJornal é sobre o “Bidenomics”. Muitos por aí estão se discutindo se faz sentido, mas faço outra pergunta: como foi que um político tão estereotipicamente moderado propôs um conjunto tão ambicioso de políticas? 1/13 nexojornal.com.br/colunistas/202…
É consenso q as políticas sendo propostas por Biden são ambiciosas, no plano fiscal, do desenho do sistema de bem-estar social americano e do papel do Estado. Teriam sido descartadas como fora do espectro de possibilidades até há pouco. 2/13
Como foi que o impensável deixou de sê-lo? Não foi uma conversão ideológica de Joe Biden, que continua sendo o democrata pragmático que sempre foi. 3/13