Quando eu critico quem sai lacrando depois de conseguir alguma notoriedade, não é de um patamar de superioridade moral, não. É de um patamar de experiência, pois eu já estive nessa posição e eu já fiz isso. Eu sei exatamente o que move essa gente. Conheço o fenômeno de dentro.
A minha franqueza e bom humor em público foram conquistados, passo a passo, num longo processo de rompimento de autocensura que começou lá por 2012. Eu prefiro quem eu sou hoje, mil vezes mais.
Nada disso teria sido possível se eu tivesse me fechado numa bolha ou, pior e mais fácil, se tivesse seguido o canto da sereia dos incentivos oferecidos a quem lacra. Se não tivesse uma desconfiança "inata" a tribos, nem lesse liberais e conservadores, estaria bem perdido agora.
Pra dar exemplo: li um livro do Chomsky com um coautor lá por 2013. Esse coautor amou que eu estava lendo eles e comentando. Ele pediu uma resenha (elogiosa). Eu não fiz. Ao olhar bem pro livro, eu vi uma torrente de alegações inverificáveis (e oikofóbicas) sobre o ocidente.
Então acabei evitando virar chomskyita, que é um tipo bem insuportável de espécie política, porque não quis me meter no assunto. Depois um sindicato de professores me chamou pra palestrar. Ficavam colando adesivo da Dilma em mim (campanha 2014). Eu ficava removendo discretamente.
Outra coisa: me chamaram pra rede de blogs do Átila. Eu tenho blog desde 2007. Eu recusei. Preferi tocar meu trabalho sozinho, às vezes com um colaborador só.
Talvez o fato de ter crescido gay (e depois ateu) explique parte disso. Não acredito fácil em acolhimentos e bajulações.
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O Estado tem existência justificada pela promessa de ser árbitro imparcial entre partes em conflito e pelo efeito de dissuasão sobre (outras) gangues que estariam em guerra. Comece a inventar novos papéis para ele, que logo vai estar alegando que até financiar circo é essencial.
Se o consumidor de entretenimento não quer ir ao circo, já está votando com os pés e a carteira. Está dizendo que é entretenimento datado, obsoleto, que perdeu para outros. O Estado não tem direito nenhum de pegar dinheiro da população produtiva à força para ir contra isso.
A invenção desenfreada de novos papéis para o Estado dá num Estado trambolho como o nosso, xereta, entrão, inconveniente, que entrava a livre iniciativa e é, portanto, responsável pela falta de mais pessoas com dinheiro para pagar voluntariamente por entretenimento de nicho.
Fenômeno interessante que está acontecendo é que eu, o ateu da história, estou precisando falar para outros, não tão ateus assim, que discordo do uso pejorativo de "religião" ao se dizer que identitarismo é uma religião. Certamente há um fundo de verdade. Mas a religião é melhor.
O que ganha o nome religião geralmente conta com gerações de lapidação de crenças, práticas ritualísticas e litúrgicas, e, apesar da retórica do Hitchens, é geralmente benigno. Algo diverso emerge quando cria-se uma nova denominação literalista bíblica ou movimento radical.
Enquanto a filosofia e a ciência têm origem determinada no tempo e no espaço, e não pipocaram independentemente em todo lugar, as crenças religiosas e comportamentos associados estão em todo lugar. Isso significa que apelam a elementos da natureza humana.
Significa que meu fígado é do lado direito. Alguns têm do lado esquerdo. Afeta 1 em 10 mil. Mesma frequência de trans.
Logo, se põem pronome em respeito às últimas, comunico minha dextrohepatia em respeito às primeiras. TENHAM MAIS HEPATIA!
Há método na minha loucura.
A condição dos levohepáticos se chama situs inversus. Não quero saber de inversofobia nem de discurso de ódio de privilégio dextrohepático na minha timeline. Inversofóbicos serão bloqueados 🚫
Liberais que têm interesse em achar ponte com o progressismo deveriam apontar uma pauta em comum: que pequenos negócios e trabalhadores não sejam estrangulados por grandes negócios com amizades na política que fazem pressão pela aprovação de leis que enfraquecem a concorrência.
Mas isso seriam liberais genuínos. Pseudoliberais que gostam de bater ponto de boa pessoa todo dia com o progressismo (ou seja, dão de bandeja a progressistas esse poder de árbitros da moral que reivindicam) preferem fazer coro a projetos populistas como o da "pobreza menstrual".
Ignoram completamente sinais de capitalismo de compadrio nesse tipo de projeto. Dá para ver bem qual é sua prioridade: o exibicionismo moral perante a nata da classe tagarela. Ficar bem com tolos que regurgitam progressismo do New York Times na Globo News. Imagem, não princípios.
Muita coincidência todo o império do Zuckerberg ficar fora do ar logo depois de milhares de páginas documentando práticas antiéticas terem sido vazadas por uma whistleblower. msn.com/en-us/news/pol…
É uma pena que ela própria e a imprensa vão se focar em cobrar AINDA MAIS que Zuckerberg censure "discurso de ódio", uma meta progressista autoritária, em vez de se focar em coisas como o dano psicológico às meninas adolescentes.
E, claro, estão usando para promover a narrativa política de "insurreição" em 6 de janeiro, uma narrativa que tem tanto mérito quanto a narrativa de que houve um "golpe" no Brasil em 2016.