Dando continuidade ao #MuteNoOdio edição Black Metal, vamos hoje falar da centralidade da figura do diabo na música e na sociabilidade da cena do Black Metal Cartaz do Mute no Ódio. Uma...
A figura do Diabo tem sido muito citada no meio do rock e tem bastante importância. Temas satânicos foram capazes de mudar a cena do rock entre 1960 e 1970, com sucessos como “Sympathy for The Devil” dos Rolling Stones no final da década de 60.
Na mesma época surge o Metal como um gênero musical próprio, caracterizado por baterias e baixos pesados, guitarras distorcidas e um estilo vocal transgressor e macabro, com gritos e grunhidos. Dentro do Metal surgiram mais subdivisões; trash, speed, doom, death e black metal.
Muitas bandas do Metal cantavam sobre a figura do diabo e o Mal como parte de um ethos sinistro e pessimista que compunha a cena musical desse gênero. Porém muitos cantavam sobre a figura do diabo não por uma questão religiosa, mas sim como forma de rebelião e provocação.
Além das letras sobre o diabo, faz parte também do ritual do show de metal a pintura corporal para se assemelhar a um cadáver, o chamado corpse paint, e performances com sangue, próprio ou falso.
No Black Metal, porém, a figura do diabo se torna central nas letras. Em algumas bandas, adquirindo um caráter quase religioso de pregação sobre a figura do diabo.
Essa centralidade do diabo nas letras do Black Metal acabaram gerando um grande pânico moral ao redor do gênero nos anos 80, quando foram fabricadas várias ligações entre a música e a violência que nunca foram comprovadas.
É necessário, porém, entender as diferentes ondas do Black Metal e sua relação com a figura do diabo e um pretenso “satanismo”
A 1ª onda do Black Metal tinha uma relação mais ambígua com a figura do diabo, pensavam em um “satanismo racional”, onde satan era mais uma metáfora para a realidade, mas cantavam sobre um satã cristão, como um tema sombrio e assustador.
Essa escolha se devia mais ao gosto do público, que buscava um tom mais macabro, que de fato convicções pessoais.

Já a 2ª onda, que nasce na Noruega, passa a criticar bandas da 1ª onda como não “comprometidas de fato com o satanismo”
O satanismo professado na primeira onda se aproximava de um satanismo humanista de LaVey, músico fundador da Igreja de Satã e autor da Bíblia Satânica, onde satanistas seriam bons cidadãos e não violentos, pensando Satã como um arquétipo do individualismo humano.
Para membros da segunda onda, o satanismo teria mais a ver com violência, terror e suicídio, rejeitando qualquer valor moral.

Vamos entender melhor sobre essa segunda onda norueguesa na quinta
Referências:

Introvigne, M. “I Worship Death, Evil, and All Darkness”: Black Metal and Satanism
semanticscholar.org/paper/%E2%80%9…

Phillipov, M. Extreme Music for Extreme People?
Norwegian Black Metal and Transcendent Violence
journal.equinoxpub.com/PMH/article/vi…

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