Vejam a resposta exemplar dada pelo Secretário de Segurança de Minas Gerais ao Presidente do “Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos de MG”, que questionava a operação da Polícia Militar que neutralizou os 25 vagabundos (termo técnico) do “novo cangaço”.
Ainda há homens de bem no país.
Ainda há homens corajosos no Brasil.
Vejam também o posicionamento do chefe do Ministério Público de Minas.
Aconteceu com um amigo meu. Vou deixar ele contar:
“Dia desses peguei um processo criminal em fase de execução da pena. O vagabundo queria sair pra visitar a mãe.
Faltavam ainda 7 anos de pena a serem cumpridos.
7 ANOS.
A ‘vítima da sociedade’ tinha mais de 5 anotações criminais. No cumprimento da pena anterior, voltara a delinquir JUSTAMENTE DURANTE A SAÍDA TEMPORÁRIA.
Fora preso outra vez em flagrante, e agora pedia novamente uma saída para ‘ver a mãe’.
O juiz concedeu a saída.
Disse que o vagabundo tinha bom comportamento e que já havia cumprido o tempo de pena necessário para gozar do benefício.
Um conhecido, ou um amigo antigo, ou um parente, se aproxima de mim meio sem jeito, e dispara a pergunta:
“Roberto, eu aceito a sua opção, acredito que você tenha seus motivos, mas não consigo entender. Votei no Bolsonaro, mas desde a posse as decepções vem se sucedendo. E você continua apoiando o Presidente?”
Eu sempre respondo da mesma forma:
“Muito obrigado pela pergunta”, eu digo, “e pela abordagem respeitosa”.
Faço uma pausa e digo:
“Mas para continuar essa conversa, eu preciso que você faça uma coisa para mim”.
Em seu livro "Eichmann em Jerusalém: Um Relatório Sobre a Banalidade do Mal", Hannah Arendt conta a história do julgamento do nazista Adolf Eichmann, que foi raptado na Argentina por comandos israelenses e levado para ser julgado em Jerusalém por seus crimes contra o povo judeu.
É um desses livros difíceis de ler, mas essenciais.
O texto é límpido e fluido, mas os detalhes que surgem, aqui e ali, da perversidade e devassidão da ação nazista são de embrulhar o estômago.
Inevitavelmente, o leitor se pergunta: como isso pode acontecer?
A resposta é dada por Hannah Arendt quando ela descreve Eichmann: ele não era nenhum gênio do mal, nenhum monstro perverso.
Eichmann era um simples funcionário, um cumpridor de ordens que buscava a excelência em tudo o que fazia.