FESTAS DE FIM DE ANO E COVID

As festas de final de ano estão chegando. Muitos de vocês tomaram a difícil decisão de abrir mão desse momento tão especial ano passado e estão pensando na possibilidade de realizar o encontro novamente esse ano
uma vez que a vacinação avançou e os números da pandemia estão bem melhores.

É muito difícil dizer se realizar esse encontro é seguro ou não. A própria definição de "ser seguro" varia demais de pessoa pra pessoa. E existem diversos aspectos que são difíceis de quantificar
Essa decisão é muito pessoal. Não existe risco zero nem sentença se infecção. É uma questão de pesar riscos e benefícios e fazer uma decisão o mais informada possível. Além disso é importante tomar o maior número de medidas possíveis para reduzir os riscos caso realize o encontro
Vou dividir esse fio em duas partes.
A) Alguns aspectos a serem avaliados para tomar a decisão de realizar/participar de um evento

B) algumas dicas de como reduzir os riscos caso decida participar
Parto do ponto de que todo mundo que pode está vacinado, de preferência com ciclo vacinal completo e que as pessoas elegíveis tomaram a dose de reforço. Se esse não é o caso, avise seus familiares sobre a importância da vacinação, da 2a dose e da dose de reforço
A1- Avalie a situação da pandemia na sua região. Acompanhe os números de casos, óbitos e porcentagem de vacinados na sua região. Atualmente estamos num cenário melhor mas a situação é muito volátil (vide Europa). Ainda temos mais de um mês e infelizmente
é difícil ter certeza que essa redução vai se manter. Esperamos que sim mas é importante ficar atento a isso

A2- Avalie o nível de vulnerabilidade dos participantes. Mesmo vacinados, indivíduos idosos e imunocomprometidos tem maior risco de desenvolver uma forma mais grave
Além disso, alguns grupos ainda não estão elegíveis para vacinação, como crianças, e tem maior risco de se infectar e transmitir, muitas vezes de forma assintomática. Infecção e transmissão pode acontecer entre vacinados, mas em menor grau do que em não vacinados
E aqui, reforço. Garanta que aqueles que estão elegíveis tomaram a dose de reforço. Isso é imprescindível! Além disso, no caso de encontros multigeracionais, redobre os cuidados com a prevenção. Ventilação, máscaras e redução no número de participantes
A3- Avalie o espaço onde o encontro vai ocorrer. Ambientes fechados e mal ventilados são muito mais arriscados e o ideal seria evitar. Locais abertos ao ar livre apresentam risco mais baixo e devem ser priorizados sempre. Leve em conta também a quantidade de pessoas presentes
A4- Avalie como será feito o deslocamento até o local. O risco em aeroportos e rodoviárias acaba sendo maior. Nesse caso, vale usar uma PFF2 durante um viagem. Encontros entre pessoas na mesma cidade ou que envolvem viagens em carros particulares são preferíveis
A5- Avalie sua própria tolerância ao risco. Isso é algo muito pessoal e cada indivíduo está vivenciando uma fase diferente da despressurização. Respeite o seu momento e o seu nível de conforto em participar ou não de algum evento
Vamos agora para algumas dicas de como reduzir os riscos (lembrando que partimos do ponto de que todos que podem se vacinaram)

B1- Ar Livre. Todo mundo em espaço aberto o tempo todo. Se não for possível, ventile ao máximo o ambiente, com janelas abertas e ventilação cruzada
B2- Máscaras. Esse aspecto é complicado porque na maioria das vezes é algo que foge do nosso controle. Em espaços fechados seria recomendado que todos usassem na maior parte do tempo, com uma máscara de boa qualidade muito bem ajustada ao rosto
Talvez valha um maior nível de proteção com uma PFF2 para indivíduos mais vulneráveis ou aqueles que ainda não podem ser vacinados. Além disso, máscara é uma das únicas coisas que temos pleno controle sobre. Uma PFF2 bem ajustada garante um nível altíssimo de proteção
Então, se você tiver uma tolerância mais baixa ao risco, quiser participar do encontro mas sem abrir mão de um alto nível de proteção, talvez seja uma boa escolha

B3- Reduzir o número de participantes. Quanto mais gente, maior o risco de alguém estar infectado e transmitir
Também é importante reduzir o número de famílias/casas que participam do evento

B4-Testes. É uma boa opção se isso for acessível para você. Se atente ao tipo de teste (use testes que detectam a presença do vírus no corpo - Antígeno, PCR, LAMP).
E garanta também que a amostra foi colhida dentro do intervalo apropriado.

Em conclusão, a decisão de realizar ou não esse encontro tem que ser avaliada caso a caso. Não existe intervenção com 100% de eficácia. Não existe risco zero. É uma questão de pesar riscos x benefícios
Além disso, caso decida por realizar/participar de um encontro, adote o maior número de medidas possíveis para reduzir ao máximo os riscos. Foco principalmente na ventilação do espaço uma vez que a adesão ao uso de máscaras é mais baixa nesse tipo de encontro
Espero que vocês e suas respectivas famílias possam tomar a melhor decisão possível, cientes dos riscos que envolvem esse tipo de encontro e que saibam se proteger da melhor forma. Que seja um fim de ano especial, independente da forma como irão celebrar 🌟

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12 Nov
Por muito tempo falei de Vermont como um caso de sucesso na contenção da pandemia, mas a situação anda bem complicada já há algumas semanas. Ontem batemos o recorde de novos casos diários com 591 casos e a maior média desde o início da pandemia.
Números de hospitalizações e óbitos em patamares similares ao pior momento da segunda onda, no começo desse ano. No entanto, grande maioria dos casos, hospitalizações e óbitos entre os não vacinados.

Vermont é um dos estados com maior cobertura vacinal do país
~70% da população está totalmente vacinada e ~80% tem pelo menos a primeira dose.

Díficil dizer com certeza quais são as razões do aumento do número de casos. Um ponto é que com o início do clima frio as pessoas estão passando muito mais tempo em espaços fechados
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27 Oct
Apareceram muitas dúvidas sobre a diferença entre PFF2 com elástico na orelha e KN95.

Elas são bem parecidas mesmo, a diferença é que a PFF2 passou por todo o processo de testagem e certificação pra se adequar a norma técnica vigente
Que é a exigência de capacidade de filtrar pelo menos 94% das partículas de 0.3 microns, as mais difíceis de serem capturadas.

Muitas KN95 não passam por testagens. Então não conseguimos saber se são de boa qualidade ou falsificadas
Alguns estudos feitos fora do Brasil encontraram máscaras vendidas como KN95 que filtram menos de 30% dessas partículas. E o problema é que só olhando não dá pra saber se ela é falsificada ou não.

A certificação serve justamente pra isso
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27 Oct
Em locais de maior risco prefira, nessa ordem:

- PFF2 certificada com elástico na nuca
- PFF2 certificada com elástico na orelha
-KN95
- Máscara cirúrgica bem vedada ao rosto (pode usar uma de pano por cima pra vedar melhor)
- Máscara de pano bem vedada ao rosto
Pessoas que tenham mais dificuldade em usar a PFF2 (especialmente pessoas mais idosas ou com algum problema respiratório) podem optar por PFF2 valvuladas. De acordo com o CDC, elas protegem mais o seu entorno que uma máscara cirurgica em situações de mundo real
As PFF2 valvuladas te protegem o mesmo tanto que uma PFF2 sem válvula.

Mas elas protegem menos o seu entorno do que uma PFF2 sem válvula
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22 Oct
Acho esse tema, esse paper e essa thread super importantes.

Muito da enorme confusão com relação aos mecanismos de transmissão e, consequentemente, das formas de se proteger contra o vírus tem como origem definições excessivamente simplificadas do que são goticulas x aerossóis
A definição atual é , partículas maiores do que 5 microns são consideradas gotículas que caem rapidamente no chão a menos de 1.5 metros e aerossóis partículas menores que 5 microns que por serem leves ficam em suspensão por muito tempo e viajam grandes distâncias
E a partir disso, se assume que transmissão a curta distância é necessariamente por gotículas pesadas que se depositam no rosto (como respingos de um spray) e transmissão por aerossol é só transmissão a longas distancias
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12 Oct
Esse caso ilustra bem a dinâmica da transmissão por eventos de superespalhamento. Em condições propícias (ambientes fechados, mal ventilados e com muita gente) temos um risco enorme de um surto local.

g1.globo.com/pa/santarem-re…
Não tenho informação sobre o contexto desse surto, mas imagino que tenha sido a combinação que a gente sabe bem que propicia o contágio.

Em tempos, não conheço nenhum caso na literatura de evento de superespalhamento que aconteceu em espaço 100% aberto, sem margem para dúvidas
53 casos de uma vez só é MUITA coisa. E isso segue se espalhando, com potencial de gerar outros surtos. Rastreamento de contatos retrospectivo tem exatamente esse propósito, localizar contextos onde o potencial de surto é enorme e cortar cadeias de transmissão
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10 Oct
O fato de espaços ao ar livre serem muito mais seguros não é coincidência ou obra do acaso. É consequência da forma como o vírus se transmite. Há total plausibilidade física.

Porque é geralmente permitido fumar em espaços abertos e proibido em espaços fechados?
Em espaços abertos a fumaça se dispersa rapidamente e se diluem no ar. Em espaços fechados ela fica em suspensão, se acumula no ambiente e pode ser inalada por terceiros.

A dinâmica das partículas potencialmente contaminadas por alguém infectado é bem parecida
Assim como nem todo mundo que está em espaço aberto está fumando, nem todo mundo está infectado e transmitindo o vírus. A infecção exige a inalação de uma quantidade mínima de partículas contaminadas. A chance de você se infectar cruzando com alguém na rua é quase nula
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