Peng é uma tenista chinesa - campeã de Wimbledon e Roland Garros - que chamou a atenção do mundo nos últimos dias ao acusar o ex-vice-premier chinês Zhang Gaoli de estuprá-la.
Peng sumiu após este episódio.
Essa é a sua história.
No dia 2 de novembro, Peng publicou no Weibo - o Twitter chinês - que havia sido forçada a manter relações sexuais com Zhang Gaoli.
Em minutos sua postagem foi apagada, e imediatamente todo conteúdo relacionado ao tema foi censurado na internet chinesa.
Para tentar driblar a censura no Weibo, os chineses passaram a se referir a Peng utilizando nomes semelhantes, com suas iniciais. Mas mesmo essas tentativas acabaram censuradas.
Quando a CNN transmitiu a notícia, o sinal da emissora foi cortado na China.
Com o barulho do desaparecimento, a emissora estatal chinesa CGTN publicou, no dia 17, um suposto email enviado por Peng ao presidente da Women's Tennis Association, negando qualquer denúncia de abuso sexual.
A Women's Tennis Association imediatamente engrossou o caldo, ameaçando cancelar qualquer evento de tênis na China caso Peng não reaparecesse em segurança.
A decisão recebeu o apoio de tenistas importantes - incluindo Djokovic, Federer e Nadal.
No domingo, Peng reapareceu numa videochamada com o presidente do COI, dizendo estar bem e segura. bbc.com/news/world-asi…
O COI foi prontamente acusado de ser cúmplice do abuso e de promover propaganda estatal chinesa. oglobo.globo.com/esportes/grupo…
Não é difícil entender o motivo.
Em fevereiro, Pequim sediará os Jogos Olímpicos de Inverno.
A Human Rights Watch vem pressionando o COI e os patrocinadores do evento pelo pedido de uma investigação na ONU sobre os crimes contra a humanidade promovidos pela China.
O COI vem enfrentando uma série de escândalos de corrupção nos últimos anos.
Além disso, também é acusado de manter laços com regimes autoritários por entender que esses governos geram altas receitas à organização sediando eventos como propaganda estatal. theatlantic.com/international/…
A Women's Tennis Association diz que a videochamada de Peng com o presidente do COI não prova a segurança e o bem-estar da tenista, e pede por investigações. espn.com/tennis/story/_…
A luta por igualdade de gênero não é um movimento bem visto pelo governo chinês - que sistematicamente censura e prende manifestantes feministas. apnews.com/article/sports…
Nunca uma mulher se sentou no Comitê Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês.
A China é indiscutivelmente protagonista do século 21.
Como este assunto ainda é nebuloso por aqui, eu produzi uma série de conteúdos especiais, gratuitos, sobre o país, com horas de duração.
Partidos e candidatos brasileiros que defendem entusiasticamente, sem asteriscos, este personagem, assumem natural aproximação ideológica com esta plataforma de governo:
1. A criação de uma nova constituição, “que debe concluir en el desmontaje del neoliberalismo y plasmar el nuevo régimen económico del Estado”.
2. A estatização "de los sectores mineros, gasíferos, petroleros, hidroenergéticos, comunicaciones, entre otros"
3. Todas as dívidas públicas “deben ser canceladas en el país, previa renegociación de las cifras primarias”.
4. A regulamentação da imprensa, defendendo os "legados de Lenin y Fidel" nessa matéria. O Peru Libre abertamente não defende a liberdade de imprensa.
Essa é uma história imperdível que resume como poucas a América Latina - tem populismo de direita, terrorismo comunista, Lava Jato, impeachment, golpe de Estado, ditadura, filhotismo, homofobia, pobreza crônica e muita gente morrendo.
Saca só:
Esse cara aqui se chama Pedro Castillo.
Esse sujeito é um representante fiel daquela esquerda sul-americana ainda ressentida por nunca ter superado a queda do Muro de Berlim.
E uma esquerda com dezenas de milhares de mortos na ficha criminal - conto essa história daqui a pouco.
Castillo - com perdão do trocadilho - é do Perú Libre. Seu partido diz ser marxista-leninista e assume defender "os processos revolucionários em Cuba, Nicarágua, Equador, Venezuela e Bolívia". expreso.com.pe/elecciones-202…
As pessoas não têm muita dimensão da influência que esse 4 de junho de 1989, dia do Massacre da Praça da Paz Celestial, tem nos rumos da história.
Vou ilustrar o que aconteceu na sequência disso, inspirado pela coragem desses manifestantes:
Em agosto, mais de 2 milhões de pessoas de Estônia, Letônia e Lituânia formaram uma corrente humana de 675 quilômetros, passando por Tallinn, Riga e Vilnius, numa manifestação contra a URSS conhecida como o Caminho do Báltico.
Os três países conseguiram a independência.
Entre outubro e novembro, manifestações populares derrubaram o Partido Comunista da Bulgária, dando início a eleições livres no país.