O que sabemos da #Omicron até o presente momento? Resolvi compilar nesse fio algumas informações que li ao longo da semana, tentando trazer uma análise sobre nossa atual situação e o que precisamos fazer para não nos meter em algo complexo de lidar

Pegue seu ☕️e bora 🧶👇
Vou tentar não repetir muito o que já abordei em outros fios, então, para quem quiser ir um pouco mais no detalhe sobre como foi a descoberta (e onde) dessa variante, tem fiozinho aqui ➡️

Lembrando: o lugar de descoberta não necessariamente é onde surgiu
A B.1.1.529 atualmente é designada como #Omicron pela @WHO e é considerada uma Variante de Preocupação*

*Variante associada a uma ou mais das seguintes alterações
🔹Aumento da transmissibilidade, ou
🔹Aumento da virulência, ou
🔹Escape imune parcial

Os casos foram identificados em 20 países até agora, para mais detalhes, tem essa reportagem do @nytimes com atualizações frequentes: nytimes.com/interactive/20…
E ontem mesmo tivemos a confirmação do 3ª caso no Brasil. Mas é importante ressaltar que, dada a subnotificação, testagem insuficiente, é bastante plausível pensar que poderemos ter mais casos do que estamos conseguindo detectar atualmente correiobraziliense.com.br/brasil/2021/12…
Temos poucas evidências conclusivas sobre a #Omicron. Sabemos que é uma variante que tem muitas modificações na Spike, e que isso é bastante distante de outras VOCs, ou seja, é pouco provável que a #Omicron tenha se desenvolvido a partir de VOCs como #Alfa e #Delta
A imagem acima é da @ScienceMagazine que traz a possibilidade de uma evolução em paralelo, silenciosa, e "no escuro". Segundo @firefoxx66 localizar o parente da #Omicron mais próximo é desafiador, e provavelmente possa ter divergido cedo de outras cepas
science.org/content/articl…
"Mas onde esse antecedente esteve esse tempo todo?" é uma pergunta que ecoa atualmente. Segundo a matéria acima, há 3 possibilidades:
1⃣O vírus poderia ter circulado e evoluído em uma população com pouca vigilância e sequenciamento
(continua 👇)
2⃣Pode ter sido em decorrência de uma infecção mais prolongada, em um paciente infectad cronicamente com COVID-19
3⃣Pode ter evoluído em uma espécie não humana, da qual recentemente se espalhou para as pessoas
"Mas como assim essa alternativa 3⃣, DE NOVO ISSO?"

@angie_rasmussen compartilhou um fio incrível comentando sobre essa possibilidade

Ela destaca em seu fio todas as mutações #Omicron (azul ou marcadas com o) associadas às adaptações de uma gama de hospedeiros: muitos são roedores, mas também estão associados a furões, visons, gatos, cães

E isso não é improvável não. Sabemos que algumas mutações que a #Omicron apresenta e encontramos na #Alfa #Beta e #Gama expandem a gama de hospedeiros cuja Spike do SARS-CoV-2 pode interagir com o receptor ACE2

É surpreendente como a #Omicron adquiriu tantas mutações (comparada com as outras VOCs)! Sabemos que o SARS-CoV-2 é capaz de infectar cães, gatos, grandes felinos (em zoológicos). O fenômeno "spillback" (o vírus pular "de volta" para animais) é visto.

Mas a hipótese 2⃣ também é bastante plausível, inclusive, foi sugerida logo que essa variante foi detectada

Temos documentado a infecção mais prolongada de SARS-CoV-2 em humanos já observada, em um paciente com câncer. Infecçõs prolongadas dão chance ao vírus de replicar mais, adquirir mais mutações no processo e eventualmente ter uma que possa ser importante

science.org/content/articl…
Um preprint abordou uma infecção em uma paciente HIV positiva, na África do Sul, com infecção persistente de SARS-CoV-2 por 6 meses.

medrxiv.org/content/10.110….
@MichaelWorobey, que recentemente reconstruiu os primeiros momentos da entrada do SARS-CoV-2 na nossa espécie, destaca que 80% dos cervos de cauda branca amostrados em Iowa entre o final de Nov/20 e o início de Jan/21 carregavam SARS-CoV-2

Isso faz pensar que a hipótese 3⃣ também não pode ser desconsiderada. Essas respostas são relevantes para entender os caminhos evolutivos do vírus

A detecção veio a partir de um aumento de casos na província de Gauteng
A partir disso, os casos começaram a crescer, e os pesquisadores queriam entender se isso poderia ter a ver com a #Delta apesar da província apresentar uma alta soropositividade para essa variante após uma onda da #Delta. newyorker.com/news/q-and-a/h…
Mas uma coisa que o @Tuliodna destaca na entrevista e é super relevante é a capacidade de reinfecção que a #Omicron tem em recuperados. Um preprint recente também destacou esse risco aumentado
Não sabemos ainda se a #Omicron apresenta algum escape parcial em relação a imunização promovida pelas vacinas disponíveis atualmente. Mas tem um fio PERFEITO abordando uma questão relevante: mesmo havendo impacto, não significa perda de proteção
Mesmo havendo diferenças importantes na Spike da #Omicron dificilmente ela evadiria completamente da vigilância de nossas células T
Ainda, células B, que tem participação fundamental no mecanismo de geração de anticorpos, podem desenvolver rapidamente seus anticorpos para serem capazes de se ligar melhor a #Omicron em caso de reconhecimento de sua Spike no organismo
Portanto, falas de "voltaremos para a estaca zero, lá em 2020, da pandemia" não faz sentido algum. Temos vacinas. Conhecemos já um pouco do SARS-CoV-2. E sabemos que medidas protetoras funcionam.
[fio em construção]
E não podemos deixar de falar em cenários que nos trouxeram para o ponto que estamos hoje. O @schrarstzhaupt comenta com primor a questão da estagnação da vacinação :
Regiões de baixa cobertura vacinal são extremamente preocupantes. Não só para a região em questão, mas para o mundo.
Havia comentado sobre isso, em outra ocasião (para a variante B.1.X):
E não é fechando as fronteiras com esses locais que vamos resolver isso. A gente já deveria, nessa altura, ter o entendimento que a variante já pode estar circulando em outros locais também. Temos é que reforçar nossas barreiras sanitárias

Mas não fazemos isso exatamente bem...
Temos um indício, que carece de comprovação por uma evidência de fato, de que as vacinas podem seguir protegendo. E podem mesmo, mas não falo por conta desse indício em específico, mas sim do que SABEMOS sobre as vacinas contra a COVID-19
Enquanto vemos possíveis aumentos de casos relacionados a #Omicron em diferentes lugares do mundo, sabemos, em paralelo, que as medidas mitigatórias seguem sendo efetivas em reduzir a transmissão e a exposição ao vírus

A vacinação atualmente é nossa grande estratégia efetiva em nos proteger da doença provocada pela infecção do SARS-CoV-2, além de poder impactar em diferentes níveis. As medidas mitigatórias precisam ser reforçadas

Tudo é sobre fazer escolhas seguras, e aqui temos algumas dicas:
E principalmente, SOMAR camadas de proteção. Conheça seus riscos!
Portanto: recuperados, é bastante relevante que vocês se vacinem. Quem se vacinou, é relevantíssimo retornar para a 2ª dose, e para a 3ª dose se pertencer ao público-alvo

Aqui, a última recomendação do @minsaude sobre a terceira dose:
Sendo assim, ficam os alertas que estamos dando já tem um tempo. Precisamos encerrar as várias epidemias de COVID-19 pelo mundo, em todos os lugares. Precisamos cuidar do cenário do Brasil, atingindo, em todas as regiões, altas coberturas vacinais
E em relação a isso, destaco a região norte, que é a região com menores coberturas no país. Sério, leiam todinho esse fio do @schrarstzhaupt
Não vamos voltar a estaca zero, pessoal, mas temos que cuidar para não viver um cenário complexo novamente, em que precisaremos abrir mão de seguir flexibilizando em segurança e no passo correto, porque não fizemos o que sabíamos que funcionava para evitar isso.
Tenham cautela e somem camadas de proteções agora no fim do ano, nas festividades. Quem quiser dicas, sugiro fortemente @melmarkoski @vitormori @EthelMaciel que trazem tanta informação sobre como podemos fazer as coisas e nos cuidar.
Espero que tenham curtido. Ficou longo o fio, e ele vai ir sendo atualizado, mas achei interessante compilar várias coisas que li nos últimos dias. Obrigada @alinefortuna2 @LaroccaRA @mab_sp125 e @gutoaqui por terem mandado tanta coisa bacana pra ler
E uma boa notícia de hoje: Sotrovimab mantem atividade neutralizante sobre pseudovírus com mutações individuais da Omicron:

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3 Dec
Vou comentar um pouquinho no mini-fio:
🔹 Dados sobre 3ª dose, com regimes homólogos (mesma vacina) ou heterólogos (vacinas diferentes) - estudo recente da @TheLancet
🔹 Intervalo antecipado (4 meses) em SP para para o recebimento da 3ª dose

👇🧶
Segundo a reportagem da @CNNBrasil a decisão veio do comitê científico e teve como contexto:
🔹Casos (ao menos 3) da #Ômicron no estado, 🔹Proximidade das festas de fim de ano
🔹Falta de obrigatoriedad do comprov.vacinal de quem vem do exterior cnnbrasil.com.br/saude/sao-paul…
Segundo Jean Gorinchteyn, Sec. de Saúde do estado de SP, “O estado tem hoje condições logísticas e técnicas de ampliar a vacinação e reduzir o intervalo de aplicação das doses para que todos possam estar ainda mais protegidos”
Read 29 tweets
2 Dec
Testes com o VIR-7831 (Sotrovimab, o anticorpo monoclonal (mAb) da @GSK /@Vir_Biotech) contra um painel de pseudovírus com um grupo de mutações encontradas na #Omicron , manteve sua atividade neutralizante!

Porém, é importante entender alguns pontos relevantes

Acompanhe 👇🧶
Primeiro: o que são anticorpos monoclonais? A @melmarkoski explica!

redeaanalisecovid.wordpress.com/2020/08/01/a-c…
Segundo, bora lembrar que raio são pseudovírus! As
células usadas para analisar os dados foram as VeroE6
Read 18 tweets
1 Dec
Fantástica essa simulação: um time de 50 cientistas s criou pela primeira vez uma simulação atômica do coronavírus dentro em uma pequena gotinha de água suspensa no ar 👇
Para isso, os pesquisadores precisaram de um dos maiores supercomputadores do mundo para reunir 1,3 bilhão de átomos e rastrear todos os seus movimentos em menos de um milionésimo de segundo
Para acompanhar esse estudo/resultados:
Read 9 tweets
1 Dec
Olá, Abdala💉preprint sobre segurança, tolerabilidade e imunogenicidade em um estudo de fase 1/2 da vacina Abdala🇨🇺 está disponível!
📍Foi segura, bem tolerada e induziu respostas imunes humorais contra SARS-CoV-2 entre adultos de 19-80 anos

Vem conferir 👇🧶
Começando citando o fio do @aperezriverol que comentou sobre esses resultados aqui:
Relembrando: A Abdala, da mesma forma que a Soberana 02, são vacinas de subunidade (RBD), desenvolvidas por Cuba🇨🇺. As duas são vacinas de subunidades, utilizando uma tecnologia parecida com a que a Novavax utiliza, por exemplo

Read 15 tweets
1 Dec
Atualizações da @anvisa_oficial sobre a análise de vacinas contra COVID-19

1⃣Vacinação para crianças 5-11 anos: O processo está em análise pela equipe técnica, que solicitou à farmacêutica dados complementares para avaliação do pedido

Acompanhe 👇🧶 agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/…
Assim que houver confirmação por parte das entidades e representações, a @anvisa_oficial realizará uma reunião com a apresentação dos dados disponíveis para discussão e auxílio técnico na tomada de decisão.
2⃣Reforço - fiz um fio comentando um pouco sobre isso aqui

E aqui, as recomendações do MS pós-recomendações @anvisa_oficial
Read 5 tweets
1 Dec
Hoje é o dia mundial de combate à #AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), causada pelo vírus HIV, inicialmente detectada nos anos 80. Tivemos muitos avanços científicos de lá para cá, mas ainda temos imensos desafios, tanto na saúde, quanto na sociedade 👇🧶
A AIDS afeta milhares de pessoas no mundo. De acordo com a @WHO , apenas em 2017, 940 mil pessoas morreram de causas relacionadas ao HIV e 1,8 milhão foram infectadas pelo vírus. Isso equivale a 5 mil novos casos todos os dias. msf.org.br/o-que-fazemos/…
Segundo o @MSF , atualmente, 36,9 milhões de pessoas vivem com a doença no mundo. Destas, 1,8 milhão são crianças com menos de 15 anos de idade. Dois terços do total de pessoas infectadas pelo HIV vivem em países da África.
Read 29 tweets

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