Começando a semana com algumas atualizações:
1⃣Vacinas intranasais e proteção das mucosas nasais
2⃣Atualizações da #Omicron quanto a transmissão, possibilidade de doença menos grave e evasão PARCIAL da resposta de anticorpos neutralizantes

Tudo isso aqui nesse fio! 👇🧶
1⃣Imunidade das mucosas - publicado recentemente na @ScienceMagazine Immunology, um artigo da Dra. @VirusesImmunity e colaboradores demonstra que a vacinação intranasal 👃💉fornece proteção de base ampla contra vírus respiratórios!
Na verdade, vacinas intranasais são mega interessantes: imagine gerar uma proteção forte na "porta de entrada" do corpo, para vírus respiratórios? As membranas mucosas têm seu próprio sistema de defesa imunológica que combate os patógenos transmitidos pelo ar ou pelos alimentos.
Quando há um desafio, como um vírus respiratório, esses tecidos funcionam como "barreiras" e produzem células B que, por sua vez, secretam anticorpos chamados de imunoglobina A (IgA). As IgA atuam localmente nas superfícies mucosas encontradas no 👃e 🫁

Essas IgAs podem se ligar vírus, bactérias, toxinas no lúmen do intestino e neutralizá-los, por exemplo. Mas será que isso também poderia acontecer nas mucosas nasais/pulmonares, pensando em vírus respiratórios?
Para entender isso, o grupo da Dra. Iwasaki estudou uma vacina baseada em proteínas projetada para iniciar uma resposta imunológica IgA, administrando-a a 🐭por meio de 💉, como é comumente feito com imunizações sistêmicas, e também por via intranasal👃
A partir daí, os pesquisadores expuseram os 🐭a várias cepas de vírus da gripe. Eles descobriram que os 🐭que receberam a vacina por via intranasal estavam muito mais protegidos contra a gripe respiratória! E isso aumentou a proteção nos 🫁 também!
Na imagem acima apresentada pela Dra. Iwasaki, vemos que, 5 semanas depois, os 🐭 que receberam 💉👃contêm toneladas de células plasmáticas que secretam IgA logo abaixo do tecido, com IgAs "banhando" o tecido pulmonar
Ainda, os pesquisadores mostraram que a 💉👃foi capaz de gerar uma proteção muito abrangente, não somente para aquele vírus a qual ela foi desenhada.

Imagina que interessante reforços das vacinas contra a COVID-19 de forma intranasal?
O grupo da Dra. @VirusesImmunity está atualmente estudando essa vacina com cepas da COVID-19 em modelos animais, para validar esses achados no contexto do SARS-CoV-2.

Por aqui, o grupo do Prof. Kalil vem estudando 💉👃Conversamos em:
Já inclusive foi solicitado a @anvisa_oficial autorização para o estudo dessas vacinas em ensaios clínicos: cnnbrasil.com.br/saude/incor-pe…
Reportagem do trabalho da Dra. @VirusesImmunity e colaboradores: news.yale.edu/2021/12/10/nas…

Link da publicação: science.org/doi/10.1126/sc…
2⃣Sobre a #Omicron - novos dados indicam que o reforço da vacinação (em recuperados, ou em pessoas com o esquema completo de vacinas) confere títulos de neutralização 30X a 200X MAIORES para a #Omicron

Link do trabalho: drive.google.com/file/d/1zjJWsy…
É importante destacar que:

🔹Pensando em INFECÇÃO, a proteção com 2 doses é mais baixa (não é novidade) ➡️BUSQUE A 3ª DOSE PARA AUMENTAR ESSA PROTEÇÃO

🔹Pensando em DOENÇA, 2 doses muito possivelmente seguirão protegendo bem ➡️BUSQUE A 3ª DOSE PARA REFORÇAR ESSA PROTEÇÃO
Lembre-se: sua proteção NÃO É apenas via anticorpos neutralizantes! Esse é um dos componentes de sua proteção! Explico direitinho aqui:
Agora, vamos para um próximo ponto: A #Omicron gera doenças menos graves? É mais transmissível que a #Delta? SUPERARÁ a #Delta?

Vou tentar discutir alguns pontos aqui abaixo 👇
Esse fio do @DrTomFrieden é muito esclarecedor em vários pontos. Estudos de contatos domiciliares encontram um risco 2x maior de transmissão quando o caso índice é causado por #Omicron do que quando é causado por #Delta

Análises preliminares também mostram esse fácil espalhamento, como foi o caso de um surto de festa de Natal em Oslo, mencionado abaixo
Sabemos que:
🔹as medidas de proteção, como máscara, distanciamento físico e preferência por ambientes abertos seguem boas aliadas
🔹a vacinação, principalmente com 3 doses, confere uma boa proteção contra infecção sintomática
Esse esquema de @nataliexdean é muito esclarecedor. Pensando numa variante com alto poder de reinfecção, podemos calcular a fração de casos graves, mas agora é menor, não porque há menos casos graves, mas porque há mais casos leves (reinfecções)

@nataliexdean termina comentando "o perfil de gravidade dos casos de #Omicron deve ser interpretado juntamente com a compreensão de sua capacidade de reinfectar (e infectar os vacinados). Esperamos um aumento nos casos mais brandos de vacinados."
Mas vale lembrar que, mesmo a proporção de casos graves sendo menor, uma variante muito transmissível numa população que tem ainda (muitos) suscetíveis tem um impacto forte no sistema de saúde
É cedo para conclusões sobre a #Omicron gerar infecções menos graves, no geral. Temos o efeito da vacinação que também precisa ser considerado. a #Omicron representa uma ameaça séria, mas não estamos de volta à estaca zero. Temos vacinas, máscaras, testes, ventilação, etc.
"Vamos aprender com a Omicron - esse vírus se move rápido. As mutações são, na verdade, inovações do vírus. Para acompanhar e reduzir a propagação de doenças e mortes, precisamos aprender rapidamente, nos comunicar bem e agir com eficácia."
Mas a #Omicron superará a #Delta? Cedo também para saber. Depende de muitos fatores, como a combinação da transmissibilidade + escape imunológico , ou seja: se é capaz de se transmitir rápido ao mesmo tempo que dribla um pouco as defesas.
Sendo assim, há 3 cenários que poderíamos ver:
1⃣"Troca" da #Delta pela #Omicron
2⃣Co-circulação das duas variantes no longo prazo
3⃣Uma onda da #Omicron, ressurgimento da #Delta e extinção da #Omicron
Portanto, é mega importante seguir acompanhando os dados a medida que vão sendo disponibilizados, além de acompanhar a situação dos países que estão lidando com essas variantes, ver seus % de vacinados, como são os desfechos dos casos... Tudo isso é primordial para o entendimento
Mas temos medidas que SEGUEM funcionando, tanto a nível individual, quanto social:
🔹Vacinas - Complete seu esquema!
🔹Máscaras, distanciamento físico, ambientes bem ventilados/arejados
🔹Testagem em massa para detectar e isolar novos casos/contatos de COVID-19

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15 Dec
Temos os primeiros dados de ação neutralizante a partir de 2 doses da CoronaVac contra a #Omicron . Vou comentá-los nesse fio, além de retomar como foi a neutralização da CoronaVac para outras variantes e o que esperamos com uma 3ª dose 👇🧶 Image
Em primeiro lugar: vamos revisar (e revisar... e revisar...) que ação neutralizante de anticorpos é UM DOS componentes que forma a proteção conferida pela resposta imunológica. Ou seja, a falta de ação neutralizante NÃO SIGNIFICA perda de proteção
Em segundo lugar: para outras variantes, a gente já viu um impacto em anticorpos neutralizantes para a CoronaVac. Para a #Gama, que também tem um escape de anticorpos neutralizantes, vemos uma queda significativa - e não significou perda de proteção

Read 22 tweets
14 Dec
Dados de "vida real" (de um período de 3 semanas - preliminares) da África do Sul🇿🇦 de proteção das vacinas contra a #Omicron para hospitalização:
🔹2 doses de Pfizer ⬇️o risco de hospitalização em 70% (x não vacinados). A proteção é mantida para todas as faixas etárias

👇🧶 Image
Os dados são de 78.000 pacientes #Omicron na 🇿🇦. Há 38 admissões por 1.000 casos #Omicron, em comparação com 101 por 1.000 para a #Delta. A proporção de pacientes em UTI é de 13% para esta onda em comparação com 30% nas ondas anteriores.
No estudo, observou-se que:
🔹2 doses da Pfizer = efetividade de 70% para hospitalização (para a #Delta = 93%). Cabe destacar que esse valor menor parte de resultados iniciais, além do perfil de vacinados ser majoritariamente mais velho (vacinados primeiro) na 🇿🇦 Image
Read 15 tweets
9 Dec
Hoje é dia de atualizações sobre assuntos bem importantes:
💉Estudo da Pfizer com 3ª dose mostrando redução de 90% no risco de morte por COVID-19
🦠Dados mega iniciais de impacto da Omicron sobre a ação neutralizante de regimes homólogos e heterólogos

🧶👇
1⃣Sobre o estudo da Pfizer
758.118 participantes receberam o reforço (3ª dose de Pfizer) durante o período de estudo de 54 dias

Comparando quem recebeu a 3ª dose com quem não recebeu a 3ª dose = taxa de risco para morte no grupo de reforço (x grupo de não reforço)= 0,10
Ainda, durante o período, a taxa de risco para infecção por SARS-CoV-2 no grupo de reforço (3ª dose x grupo de não reforço) foi de 0,17

Essa taxa de risco é bastante baixa, mostrando o quanto a 3ª dose, além de proteger contra a doença, também pode auxiliar contra a infecção
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8 Dec
Em apresentação, @pfizer mostrou dados do esquema de 3 doses de sua 💉em relação a #Omicron (fio na quote).

Com 3 doses, a neutralização fica muito parecida com outras variantes- que sabemos que as 💉protegem!
🟣Omicron 🔴Beta 🔵Delta ficaram em patamares bem parecidos
Muito importante ter em mente o que significa "escape parcial de anticorpos neutralizantes". Expliquei aqui:
Resumo da história: BUSQUE sua terceira dose. Em alguns locais, está sendo indicado com um intervalo de 4 meses entre dose 2 e 3. Não tem problema. Abaixo, um fio com dados de reforço super positivo com um intervalo menor que 5 meses:
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8 Dec
Dados da @pfizer sobre a neutralização da #Omicron:
🔹A 3ª dose ⬆️anticorpos neutralizantes em 25x em comparação com 2 doses
🔹80% das regiões de reconhecimento pelas células T da proteína spike não são afetados ➡️2 doses podem induzir proteção contra doença grave!
Ontem comentei mais dados preliminares:
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8 Dec
Revisando: quando a gente fala "escape parcial de anticorpos neutralizantes" significa que a variante, por exemplo, consegue "driblar" alguns anticorpos. Não todos. Ou seja, tem ainda muito anticorpo que se liga e neutraliza ela. Isso não significa perda de proteção 🧶👇
Isso porque, como a gente já viu para outras variantes que também tinham escape parcial, as vacinas seguem conferindo muita proteção contra a doença, por exemplo. A proteção imunológica não é só anticorpo neutralizante. Há vários outros tipos de anticorpos que tem relevância.
Ainda, temos as células do sistema imunológico, que são muito menos driblaveis, cujas zonas de reconhecimento seguem bem conservadas (ou seja, bem "parecidas" entre as variantes). O sistema imune soma MUITAS camadas de defesa, e nós devemos nos inspirar nisso e fazer o mesmo
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