Temos os primeiros dados de ação neutralizante a partir de 2 doses da CoronaVac contra a #Omicron . Vou comentá-los nesse fio, além de retomar como foi a neutralização da CoronaVac para outras variantes e o que esperamos com uma 3ª dose 👇🧶
Em primeiro lugar: vamos revisar (e revisar... e revisar...) que ação neutralizante de anticorpos é UM DOS componentes que forma a proteção conferida pela resposta imunológica. Ou seja, a falta de ação neutralizante NÃO SIGNIFICA perda de proteção
Em segundo lugar: para outras variantes, a gente já viu um impacto em anticorpos neutralizantes para a CoronaVac. Para a #Gama, que também tem um escape de anticorpos neutralizantes, vemos uma queda significativa - e não significou perda de proteção
Aqui, temos outro estudo que também demonstrou uma queda de anticorpos neutralizantes bastante importante para a CoronaVac considerando outras VOCs - e não significou perda de proteção
Pelo contrário, um estudo 🇧🇷 de @otavio_ranzani e colabs demonstra que, após duas doses de CoronaVac, observou-se uma proteção significativa contra as forças graves da doença pela infecção da #Gama
No Chile🇨🇱, observamos que, apesar de a efetividade para casos sintomáticos ser mais baixa, há uma grande efetividade contra a doença e suas formas mais graves. Nessa época (Agosto), a #Gama era ainda predominante
Dito tudo isso, o que o estudo atual mostrou para a #Omicron até o presente momento? Considerando a CoronaVac, há uma redução muito grande nos anticorpos neutralizantes. Mas não significa perda de proteção. Importante destacar que o número de amostras de indivíduos foi baixo (25)
O estudo também analisou a Pfizer, para 25 amostras de indivíduos (baixo) também. Uma mesma queda significativa também foi vista (e também pegando todas as vacinas, gráfico da esq). Isso significa perda de proteção? Não. E sabemos que não
Ontem mesmo vimos que 2 doses da Pfizer são capazes de gerar uma redução de risco em 70% contra hospitalização
Como um dos possíveis reflexos dessa⬇️de anticorpos neutralizantes, há uma ⬇️na proteção contra a infecção (~23%). E parece que algumas mídias focaram em compartilhar isso. Pena que não compartilharam o benefício de 3 doses no mesmo parâmetro (70-75%👇).
Com 3 doses conseguimos observar um aumento em 25x nos níveis de anticorpos. Nesse mesmo press release, vemos que mais de 80% das regiões de reconhecimento (epitopes) dos linfócitos T permanece conservada. Isso é relevante pra proteger contra a doença
Retomando, as células T tem um papel fundamental na proteção contra a doença. Explico abaixo. E os dados recentes de proteção com 2 doses contra hospitalização (70%) reafirmam o papel crítico dessas células na construção da proteção
Então, retomando, para a Pfizer:
🔹Com 2 doses, a proteção cai muito contra a infecção, mas se mantem alta contra a doença
🔹Com 3 doses a proteção sobe muito contra infecção (70-75%) e potencialmente subirá também contra a doença
Ou seja, com duas doses, mesmo tu tendo risco de pegar a infecção, terá um risco muito menor de ter a doença. Com três doses, tu tem riscos menores para tudo, ainda menores do que com 2 doses por sinal.
Com a CoronaVac, provavelmente será o mesmo perfil.
Isso porque temos dados de reforço com 3 doses para a CoronaVac (não no contexto da #Omicron mas de uma forma geral).
2 doses de CoronaVac + 1 de Pfizer ➡️aumento em 20x o nível de anticorpos gerados pelo regime de 2 doses
O que quero dizer com isso?
🔹Redução na ação neutralizante, por maior que seja, não significa perda de proteção
🔹Mesmo 2 doses não protegendo tanto contra a infecção, há uma grande proteção mantida contra a doença
🔹3 doses aumentará muito todas as proteções
TOME A 3ª DOSE!
Possivelmente vocês vão ver manchetes problemáticas tanto na mídia nacional quanto internacional sobre esses achados. Não é hora de desespero. É hora de olhar para os dados que temos e entender que além de tudo ser inicial, não há indicativo que não haja proteção contra a doença.
A recomendação do MS é, se recebeu nas primeiras duas doses:
🔹Pfizer ➡️ 3ª dose preferencialmente Pfizer
🔹AZ➡️ 3ª dose preferencialmente Pfizer
🔹CoronaVac➡️ 3ª dose preferencialmente Pfizer
No caso da Janssen:
🔹2ª dose preferencialmente Janssen
Estudo mostra que a #Omicron é capaz de infectar e se multiplicar 70x mais rápido que a #Delta nos brônquios. Porém, nos 🫁 , esses parâmetros seriam MENORES! Isso pode ter implicações na transmissão e na gravidade da doença e vou comentar abaixo um pouquinho 👇🧶
No estudo, observa-se que 24h após a infecção a #Omicron replicou (ou seja, fez cópias de si mesma) ~ 70x mais rápido do que a #Delta nos brônquios. Porém, nos 🫁, essa replicação foi menor (10x menor) em comparação com a cepa original
Dados do grupo de @BalazsLab apoiam esses achados: em um estudo recente, a #Omicron apresentou uma capacidade maior de infectar células do que outras variantes (~ 4x mais infecciosa do que a cepa original, também mais do que #Delta )
Decisão técnica da @anvisa_oficial a respeito da vacina Pfizer em crianças entre 5-11 anos de idade - vou ir atualizando nesse fio sobre a apresentação que está acontecendo AGORA em
Fio abaixo (que será atualizado) 👇
Várias Sociedades Médicas Brasileiras (Infectologia, Pediatria, Imunologia, entre tantas outras) foram convidadas para discutir os dados apresentados pela Pfizer
Gustavo Mendes está agora apresentando os dados dos estudos clínicos
Mesmo tendo uma dosagem menor (10 ug comparado com 30 ug usado em +16), os resultados foram muito parecidos (não inferiores) tanto nos anticorpos neutralizantes, quanto na geração de anticorpos (soroconversão) da população infantil x população adulta!
Lisonjeadissina de estar nessa lista novamente (2020 e 2021)! Eu gosto muito de fazer o que venho fazendo aqui. E o objetivo nunca mudou: ajudar no que puder. Consequências como essa me fazem ver que estou num bom caminho, e bem acompanhada 🌻
Fazer divulgação científica é sobre trabalhar em um coletivo. Jamais teria conseguido ganhar algum alcance se não fosse a parceria de tantos colegas e ensinamentos de tanta gente incrível que faz um trabalho primoroso por aqui ❤️
O projeto Vigivac (@fiocruz ) avaliou 150 milhões de pessoas que foram vacinadas com CoronaVac, Pfizer, AstraZeneca e Janssen até Out/21. As efetividades encontradas apresentaram muito altos, e vale a pena tu conferir abaixo! 🧶👇 poder360.com.br/coronavirus/va…
Abaixo, observa-se como foi feita a seleção dos participantes e detalhamentos do estudo:
Os dados contemplam um período avaliado em que a circulação das variantes #Gama e #Delta foram bastante significativas. Portanto, essas efetividades também podem considerar a presença dessas variantes entre os casos analisados
Dados de "vida real" (de um período de 3 semanas - preliminares) da África do Sul🇿🇦 de proteção das vacinas contra a #Omicron para hospitalização:
🔹2 doses de Pfizer ⬇️o risco de hospitalização em 70% (x não vacinados). A proteção é mantida para todas as faixas etárias
👇🧶
Os dados são de 78.000 pacientes #Omicron na 🇿🇦. Há 38 admissões por 1.000 casos #Omicron, em comparação com 101 por 1.000 para a #Delta. A proporção de pacientes em UTI é de 13% para esta onda em comparação com 30% nas ondas anteriores.
No estudo, observou-se que:
🔹2 doses da Pfizer = efetividade de 70% para hospitalização (para a #Delta = 93%). Cabe destacar que esse valor menor parte de resultados iniciais, além do perfil de vacinados ser majoritariamente mais velho (vacinados primeiro) na 🇿🇦
Começando a semana com algumas atualizações:
1⃣Vacinas intranasais e proteção das mucosas nasais
2⃣Atualizações da #Omicron quanto a transmissão, possibilidade de doença menos grave e evasão PARCIAL da resposta de anticorpos neutralizantes
Tudo isso aqui nesse fio! 👇🧶
1⃣Imunidade das mucosas - publicado recentemente na @ScienceMagazine Immunology, um artigo da Dra. @VirusesImmunity e colaboradores demonstra que a vacinação intranasal 👃💉fornece proteção de base ampla contra vírus respiratórios!
Na verdade, vacinas intranasais são mega interessantes: imagine gerar uma proteção forte na "porta de entrada" do corpo, para vírus respiratórios? As membranas mucosas têm seu próprio sistema de defesa imunológica que combate os patógenos transmitidos pelo ar ou pelos alimentos.