#Energia 💡Esta quarta-feira é dia de publicação das tarifas reguladas de #eletricidade para 2022 em Portugal por parte da ERSE 💡 Um pequeno guia para enquadramento. #thread
1. Todos os anos a 15 Outubro a ERSE anuncia uma proposta de tarifas reguladas para o ano seguinte, que é analisada pelo seu conselho tarifário (que dá parecer não vinculativo até 15/11), antes do documento final, apresentado a 15/12. E o que define esse documento?
2. Define as tarifas finais para clientes regulados (~900 mil famílias abastecidas pela SU Eletricidade, ex-EDP Serviço Universal) e as tarifas de acesso à rede para todos os clientes, que influenciam parte do preço final (há ~ 5 milhões clientes no mercado liberalizado).
3. A proposta a 15/10 da ERSE traduzia-se numa redução de 3,4% da fatura média de uma família no mercado regulado face aos preços atuais (ou num aumento de 0,2% face a janeiro 2021).
4. E como é possível que após o ano + caro de sempre do mercado grossista de eletricidade a ERSE presenteie as famílias com uma redução de preços (ou um aumento residual de 0,2%, comparando janeiro/janeiro)?
5. Sendo difícil resumir em tweets, ficam umas notas. Comecemos por olhar para as tarifas de acesso às redes: vão cair 94% para a indústria, 65% para os pequenos negócios e 52% para as famílias.
6. As tarifas de acesso servem para pagar um conjunto de custos pré-determinados do sistema elétrico: os custos regulados de transporte e distribuição da energia, rendas aos municípios, sobrecustos das renováveis (ou outras fontes), etc.
7. E aconteceu isto: o preço de mercado do MWh subiu tanto que a produção do regime especial (renováveis + cogeração) em vez de gerar um sobrecusto será + vantajosa para o sistema elétrico, já que o seu preço médio garantido será inferior ao preço de mercado estimado para 2022.
8. Ou seja, passamos de uma situação em que o regime especial (tipicamente rotulado como energia subsidiada) gerava todos os anos um sobrecusto para passar a proporcionar energia + barata que a eletricidade transacionada "em mercado" dia a dia.
9. Adicionalmente, há alguns outros fatores que jogam a favor dos consumidores, baixando as tarifas de acesso em 2022, e um deles é o fim da produção da central a carvão do Pego: desaparece do sistema um encargo anual de ~ €100 milhões.
10. Tudo junto, o bolo de custos do sistema elétrico que vão parar às tarifas de acesso é substancialmente menor em 2022 do que foi em 2021. E isso permite compensar o incrível aumento do preço grossista da eletricidade ao longo de 2021 e nos futuros para 2022.
12. Resumindo: o preço grossista da eletricidade na Península Ibérica está a subir muito (e no resto da Europa também), mas o nosso sistema elétrico tem um conjunto de custos fixos e/ou regulados tão grande que amortece muito o efeito do disparo do preço de mercado do MWh.
13. Então o que esperar do que a ERSE vai anunciar esta quarta-feira? Já houve anos em que a versão final das tarifas confirmou a proposta de 15/10, outros em que a alterou. Como será desta vez?
14. Há um fator relevante que pode levar o regulador a rever as suas contas. A 15/10 a ERSE considerava um preço grossista de referência para 2022 de €105 por MWh. Mas hoje os futuros para 2022 estão nos €204, praticamente o dobro. ⚠️
15. Considerar um aumento do preço grossista para 2022 (face ao pressuposto de outubro) para efeito de cálculo das tarifas reguladas poderá produzir uma atualização em janeiro menos simpática para as famílias, mas ficaremos a saber mais esta quarta-feira.
16. Para já os agentes do mercado estão a sinalizar alguma preocupação. Os futuros da eletricidade para o primeiro trimestre de 2023 estão nos €165 por MWh, o que sugere que os preços altos podem continuar bem para lá da primavera de 2022.
17. Só o cenário de o preço médio de 2022 ficar em €200 por MWh é dantesco: é o quádruplo da média histórica do #mibel entre 2007 e 2020, que rondou os €50 por MWh. E porque é isso preocupante?
18. Primeiro, significa que toda a eletricidade exposta a mercado (tudo o que não sejam renováveis com preços garantidos de longo prazo) nos vai sair bem cara; Depois, significa que a indústria (+exposta ao spot) vai sofrer agravamentos relevantes da sua fatura > Alerta inflação!
19. E para as famílias? Dependerá da capacidade de os comercializadores acomodarem esta volatilidade, não repercutindo para já o enorme disparo do preço grossista. Poderão pretender não fazer grandes aumentos para evitar perdas súbitas de carteiras de clientes.
20. Dito isto, fique atento e não deixe de recorrer aos simuladores disponíveis para ver quais as ofertas tarifárias + competitivas. No imediato, continue atento ao noticiário energético. E na companhia do @expresso, já agora 😉 Volto em breve com + #energia 💡
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#Eletricidade 💡 O #Mibel passou de um recorde de €216 por MWh esta sexta para "apenas" €173 por MWh este sábado 💡Vale a pena uma análise com os dados que encontramos em omie.es (1/10)
Primeiro, há um efeito (habitual ao sábado) de redução do consumo, que tende a contribuir para a redução do preço grossista da eletricidade. 2/10
Mas há também uma redução drástica no recurso às centrais alimentadas a gás natural de sexta para sábado, fruto, sobretudo, de maior recurso eólico no mercado ibérico. 3/10
Tempos interessantes no sector da #energia em Portugal ⚡ Ficam umas notas a propósito da notícia avançada pelo @expresso sobre um mega-projecto eólico da Iberdrola no Tâmega que poderá relançar o debate sobre as #renováveis e o impacto no #ambiente ⚡ 1/
Comecemos por pôr em perspectiva. O projeto da Iberdrola é enorme. São 450 MW a instalar próximo das barragens em construção. Vale a pena lembrar que a potência eólica do país está estabilizada há algum tempo perto dos 5500 MW. Vejam a evolução (dados DGEG) 👇2/
Em média cada torre eólica em Portugal tem aerogeradores de 2MW (ver tabela abaixo). Mas a indústria eólica já consegue instalar onshore máquinas + potentes, reduzindo o número de torres na paisagem. Se a opção no Tâmega for de 6MW, serão precisas 75 torres. 3/
Porque é que o preço da #eletricidade este mês teve um dos dias mais caros de sempre e também um dos mais baratos na história do mercado ibérico? 💡 Segue a #thread (longa) para enquadrar quem tenha curiosidade. 1/25
A 8 Janeiro tivemos 🇵🇹🇪🇸 um preço de mercado de €94,99 MWh, um dos + altos de sempre no #Mibel. Mas a 31 Janeiro teremos um preço médio de €1,42 MWh. Porque é que o mercado foi do 8 ao 80 (ou o inverso) em 3 semanas? Chave: o vento. 2/
A falta de vento no início do mês, puxou pela produção hidroeléctrica e pelas centrais a gás. Com pouca chuva, as barragens cobraram mais caro para usar a água disponível. E com os preços internacionais do gás em alta (por causa do frio), as termoelétricas também. 3/
Este domingo a #eletricidade no mercado ibérico 🇵🇹🇪🇸 é (quase) oferta dos produtores 💡 Se tiverem baterias aproveitem para armazenar 😜 Eis um dia de preços historicamente baixos no #Mibel 👇
#Thread: Na produção de #eletricidade a água vale mais que o gás? 💡 Entre a informação abundante que o sector da #energia nos dá estão os dados do omie.es sobre o mercado ibérico de eletricidade, o #Mibel. E é interessante constatar algumas coisas. (1/12)
No #Mibel os produtores vendem a sua energia e os comercializadores adquirem (para vender aos clientes finais, famílias e empresas). Além dos contratos de futuros (omip.pt), há uma bolsa diária, o omie.es, que casa a oferta e procura. (2/12)
E acontece +- assim: os produtores oferecem a sua eletricidade a um dado preço por MWh; as ofertas são hierarquizadas das centrais + baratas para as + caras; a central que oferecer os últimos MW para preencher a procura numa dada hora marca o preço dessa hora. Ora... (3/12)