#Thread: Na produção de #eletricidade a água vale mais que o gás? 💡 Entre a informação abundante que o sector da #energia nos dá estão os dados do omie.es sobre o mercado ibérico de eletricidade, o #Mibel. E é interessante constatar algumas coisas. (1/12)
No #Mibel os produtores vendem a sua energia e os comercializadores adquirem (para vender aos clientes finais, famílias e empresas). Além dos contratos de futuros (omip.pt), há uma bolsa diária, o omie.es, que casa a oferta e procura. (2/12)
E acontece +- assim: os produtores oferecem a sua eletricidade a um dado preço por MWh; as ofertas são hierarquizadas das centrais + baratas para as + caras; a central que oferecer os últimos MW para preencher a procura numa dada hora marca o preço dessa hora. Ora... (3/12)
Sucede que esse preço dessa última central é o que será pago a todas as outras que entraram no casamento oferta x procura, incluindo as que cobraram preços bem + baixos pela sua energia. Vejamos agora um fenómeno curioso e interessante. (4/12)
Em novembro este foi o mapa das tecnologias que marcaram o preço no Mibel. É notório um domínio das hídricas. Não significa que todas as hídricas ofereceram preços + caros que as demais centrais, mas sim que em muitas horas houve hídricas a vender + caro que termoelétricas (5/12)
Este gráfico de seguida mostra como evoluiu o preço médio diário no Mibel em novembro, com picos nos dias 10, 23, 27 e 30. (6/12)
Agora observemos as fontes de eletricidade que marcaram o mês de novembro. É possível ver que em dias de menor disponibilidade eólica aumenta o recurso às centrais a gás e às hídricas, coincidindo em parte com os picos de preço acima identificados (7/12)
Já vos dei conta esta segunda-feira no @expresso que novembro teve o preço médio de eletricidade +alto desde o início do ano, com um aumento de 15% face a outubro, para €42,1 por MWh. O artigo está aqui em baixo. (8/12) expresso.pt/economia/2020-…
Em setembro de 2018 o @expresso revelou que o regulador da energia estava a analisar este fenómeno: as centrais hídricas a marcar o preço do Mibel num elevado número de horas, vendendo +caro inclusive que as termoelétricas. Podem reler aqui. (9/12) leitor.expresso.pt/semanario/sema…
Dessa investigação da ERSE não há resultados até ao momento. Mas o fenómeno levanta uma interessante questão: como se torna uma central com um recurso endógeno e renovável como a água + cara (nas ofertas no Mibel) do que centrais com recurso importado e taxado como o gás? (10/12)
Os dados do omie.es mostram que há barragens que valorizam + a eletricidade que podem produzir com a água que têm armazenada do que diversas centrais de ciclo combinado cobram pela eletricidade que podem gerar a partir da queima de gás natural. (11/12)
No final, e no atual desenho marginalista do mercado ibérico, os produtores recebem todos por igual. Será o desenho de mercado + eficiente? Sintam-se à vontade para aqui deixar opiniões e comentários. E tenham um feriado com boas energias 😉 Obrigado pela atenção! (12/12) 💡
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Esta é uma mini #thread sobre subsídios na #energia 💡 A @EU_Commission publicou hoje um enorme acervo de documentos sobre o estado da União da Energia. Entre essa documentação está uma interessante análise da subsidiação deste sector (até 2018). (1/5)
Conclusões: de 2015 a 2018 os subsídios na energia cresceram 5% na UE, para €159 mil milhões em 2018. Subsídios às renováveis subiram 4% e à eficiência energética 21%. Ou seja: cresceu + a subsidiação que favorece o consumidor do que a que beneficia os produtores. (2/5)
Mas há mais. As renováveis têm um peso dominante, mas a subsidiação de fontes fósseis é muito substancial. Ora vejam quem + subsidia em valor absoluto na UE, para onde vão os apoios, e qual o peso dos subsídios em % do PIB. (3/5)
#Thread 💡O #WorldEnergyOutlook, da @IEA, a Agência Internacional de #Energia, é uma espécie de guia fundamental das perspectivas globais na área da #energia. Deixo-vos aqui uma síntese das principais ideias na edição agora publicada que me chamaram a atenção. (1/10)
Primeira nota: o consumo global de energia este ano cai 5%, com o consumo de petróleo a baixar 8%, o de carvão 7%, o de gás natural 3% e o de eletricidade 2%. As emissões de #CO2 associadas ao consumo de energia baixam 7%. Só há perspetiva de crescimento nas renováveis: (2/10)
Segunda nota: se qualquer outlook já tem uma elevada dose de incerteza, a #pandemia de #COVID19 veio agravar essa imprevisibilidade quanto à evolução da procura para a década. Eis o gráfico que a @IEA nos deixa: (3/10)
Mais umas notas sobre #energia 💡#Thread 💡 A política energética é um dos temas que mais me interessam como jornalista especializado em energia, porque trata de opções que condicionam o futuro de cidadãos e empresas enquanto consumidores. E não só. (1/17)
Nos últimos 10 anos a escrever sobre o tema houve 5 secretários de Estado da Energia e a minha perspetiva pode estar condicionada por desconhecimento dos anos + longínquos, mas o relatório da CPI das rendas da energia ajuda a fazer a retrospetiva (2/17) 👇app.parlamento.pt/webutils/docs/…
Esse relatório evidencia que a criação de remunerações garantidas aos produtores de eletricidade começou no início dos anos 90 e continuou até hoje. Essas rendas foram concedidas pelos vários governos desde então. Não são um exclusivo desta ou daquela cor política. (3/17)
Foi um bom negócio para o FCPorto? Aparentemente sim. Um jogador ainda com pouca experiência na equipa principal sair por €40 milhões, conhecendo o balanço da SAD, é um importante balão de oxigénio. Também o seria para o #Sporting. Para o #Benfica menos ... (2/19)
porque entre os balanços dos ditos 3 grandes o Benfica tem, de facto, as contas mais robustas. O que mais me interessa no negócio não são tanto os protagonistas, mas antes o contexto da operação: o futebol na Europa continua a viver de intensa especulação. (3/19)
Leilão #solar, análise preliminar 💡 Portugal já tinha entrado no radar da indústria solar global em 2019 com um recorde de preço e volta em 2020 a chamar a atenção com novo leilão, cujo relevo tentarei descrever de seguida nesta #thread (1/13)
O leilão de 2019 destacou-se sobretudo por um ganho direto para o sistema elétrico (leia-se consumidores), que o Governo estimou em €600 milhões a 15 anos, efeito de lotes com preço fixo de venda da energia e de lotes em mercado com pagamentos ao sistema. (2/13)
O leilão de 2020, ainda a meio, já se está a destacar por preços inéditos, recorde nacional e global, com várias particularidades. Por um lado, os lotes estão a ser ganhos por propostas de produção/venda em mercado com baterias + contrapartida ao sistema. Por outro lado, (3/13)
Vamos falar sobre #eletricidade? O #hidrogénio, as #renováveis e a #faturadaluz são temas que facilmente provocam indignação, do comum consumidor até aos opinion makers. Claro que todos temos direito à indignação, mas façamo-lo de forma informada. Segue a #thread (1/23)
No @expresso Clemente Pedro Nunes contesta o #hidrogénio argumentando que não se deve repetir a subsidiação de mais de uma década de #renováveis. Diz que a energia solar gera sobrecusto de €600 milhões/ano e se juntarmos eólica €2 mil milhões. Aqui: leitor.expresso.pt/semanario/sema… 2/23
Mas os números não têm adesão à realidade. Conforme nos mostram os dados da ERSE, as fotovoltaicas este ano terão um sobrecusto de €128 milhões e as eólicas um sobrecusto de €497 milhões. Os dados estão aqui 👇 (3/23)