Tempos interessantes no sector da #energia em Portugal ⚡ Ficam umas notas a propósito da notícia avançada pelo @expresso sobre um mega-projecto eólico da Iberdrola no Tâmega que poderá relançar o debate sobre as #renováveis e o impacto no #ambiente ⚡ 1/
Comecemos por pôr em perspectiva. O projeto da Iberdrola é enorme. São 450 MW a instalar próximo das barragens em construção. Vale a pena lembrar que a potência eólica do país está estabilizada há algum tempo perto dos 5500 MW. Vejam a evolução (dados DGEG) 👇2/
Em média cada torre eólica em Portugal tem aerogeradores de 2MW (ver tabela abaixo). Mas a indústria eólica já consegue instalar onshore máquinas + potentes, reduzindo o número de torres na paisagem. Se a opção no Tâmega for de 6MW, serão precisas 75 torres. 3/
A Capital Energy 🇪🇸 já anunciou projectos ambiciosos para 🇵🇹 e em alguns deles vai recorrer a aerogeradores bem + potentes que os 2MW médios das máquinas em operação no país. Escrevemos sobre o plano da empresa aqui no @expresso 4/ expresso.pt/economia/2021-…
O Plano Nacional de Energia e Clima para 2030 prevê alguma expansão da capacidade eólica em Portugal, mas a maior parte do crescimento nas renováveis na próxima década virá da energia solar, onde existem projetos de milhares de milhões de euros. 5/
Também temos dado conta no @expresso de muitos desses grandes projetos, incluindo a primeira central solar de 1GW, projeto da Prosolia, uma discreta empresa 🇵🇹🇪🇸 que também quer instalar um grande parque de #baterias 6/ expresso.pt/economia/2021-…
À medida que estes grandes projetos de larga escala entram em licenciamento ambiental e consulta pública começam a surgir movimentos de contestação, como o projeto de 1GW já está a sentir, e como será natural que outros sintam também. 7/
A forte contestação que a exploração de #lítio teve poderá agora migrar para estes mega-projectos de #renováveis (parte do projeto da Iberdrola é em Boticas e Montalegre... 🙄), cujo impacto (paisagístico e não só) será quase de certeza denunciado. 8/
Um dos argumentos é que o país deve privilegiar a produção solar descentralizada e o autoconsumo em detrimento das grandes fotovoltaicas, bem como a eficiência energética. Mas o sistema elétrico continuará a precisar de soluções com escala e um mix verde complementar. 9/
A necessidade de descarbonização da eletricidade incentivará o desenho de soluções que permitam reduzir ao mínimo o recurso às centrais a gás natural (cuja capacidade 🇵🇹 hoje ultrapassa 4000MW). Combinar hídricas, eólicas, biomassa, solar e baterias pode ser o caminho. 10/
A esse mix do lado da oferta junta-se a necessidade de também tornar a procura mais flexível, criando ferramentas e incentivos adequados para que os consumidores (industriais e domésticos) aceitem não consumir ou consumir menos em certos períodos. 11/
A transição energética e a descarbonização têm pela frente o desafio da contestação relativa aos impactos ambientais dos projetos de larga escala mas também do questionamento dos custos dessa aposta e reais vantagens de preço para o consumidor 12/
Escrever sobre todos estes projetos, o forte interesse das empresas de energia em investir em Portugal, e os "outros lados" da descarbonização é, por isso, aliciante. E nem sequer toquei na temática 🔥 do hidrogénio ⚡ A energia vai ter tempos animados. 13/13
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Porque é que o preço da #eletricidade este mês teve um dos dias mais caros de sempre e também um dos mais baratos na história do mercado ibérico? 💡 Segue a #thread (longa) para enquadrar quem tenha curiosidade. 1/25
A 8 Janeiro tivemos 🇵🇹🇪🇸 um preço de mercado de €94,99 MWh, um dos + altos de sempre no #Mibel. Mas a 31 Janeiro teremos um preço médio de €1,42 MWh. Porque é que o mercado foi do 8 ao 80 (ou o inverso) em 3 semanas? Chave: o vento. 2/
A falta de vento no início do mês, puxou pela produção hidroeléctrica e pelas centrais a gás. Com pouca chuva, as barragens cobraram mais caro para usar a água disponível. E com os preços internacionais do gás em alta (por causa do frio), as termoelétricas também. 3/
Este domingo a #eletricidade no mercado ibérico 🇵🇹🇪🇸 é (quase) oferta dos produtores 💡 Se tiverem baterias aproveitem para armazenar 😜 Eis um dia de preços historicamente baixos no #Mibel 👇
#Thread: Na produção de #eletricidade a água vale mais que o gás? 💡 Entre a informação abundante que o sector da #energia nos dá estão os dados do omie.es sobre o mercado ibérico de eletricidade, o #Mibel. E é interessante constatar algumas coisas. (1/12)
No #Mibel os produtores vendem a sua energia e os comercializadores adquirem (para vender aos clientes finais, famílias e empresas). Além dos contratos de futuros (omip.pt), há uma bolsa diária, o omie.es, que casa a oferta e procura. (2/12)
E acontece +- assim: os produtores oferecem a sua eletricidade a um dado preço por MWh; as ofertas são hierarquizadas das centrais + baratas para as + caras; a central que oferecer os últimos MW para preencher a procura numa dada hora marca o preço dessa hora. Ora... (3/12)
Esta é uma mini #thread sobre subsídios na #energia 💡 A @EU_Commission publicou hoje um enorme acervo de documentos sobre o estado da União da Energia. Entre essa documentação está uma interessante análise da subsidiação deste sector (até 2018). (1/5)
Conclusões: de 2015 a 2018 os subsídios na energia cresceram 5% na UE, para €159 mil milhões em 2018. Subsídios às renováveis subiram 4% e à eficiência energética 21%. Ou seja: cresceu + a subsidiação que favorece o consumidor do que a que beneficia os produtores. (2/5)
Mas há mais. As renováveis têm um peso dominante, mas a subsidiação de fontes fósseis é muito substancial. Ora vejam quem + subsidia em valor absoluto na UE, para onde vão os apoios, e qual o peso dos subsídios em % do PIB. (3/5)
#Thread 💡O #WorldEnergyOutlook, da @IEA, a Agência Internacional de #Energia, é uma espécie de guia fundamental das perspectivas globais na área da #energia. Deixo-vos aqui uma síntese das principais ideias na edição agora publicada que me chamaram a atenção. (1/10)
Primeira nota: o consumo global de energia este ano cai 5%, com o consumo de petróleo a baixar 8%, o de carvão 7%, o de gás natural 3% e o de eletricidade 2%. As emissões de #CO2 associadas ao consumo de energia baixam 7%. Só há perspetiva de crescimento nas renováveis: (2/10)
Segunda nota: se qualquer outlook já tem uma elevada dose de incerteza, a #pandemia de #COVID19 veio agravar essa imprevisibilidade quanto à evolução da procura para a década. Eis o gráfico que a @IEA nos deixa: (3/10)
Mais umas notas sobre #energia 💡#Thread 💡 A política energética é um dos temas que mais me interessam como jornalista especializado em energia, porque trata de opções que condicionam o futuro de cidadãos e empresas enquanto consumidores. E não só. (1/17)
Nos últimos 10 anos a escrever sobre o tema houve 5 secretários de Estado da Energia e a minha perspetiva pode estar condicionada por desconhecimento dos anos + longínquos, mas o relatório da CPI das rendas da energia ajuda a fazer a retrospetiva (2/17) 👇app.parlamento.pt/webutils/docs/…
Esse relatório evidencia que a criação de remunerações garantidas aos produtores de eletricidade começou no início dos anos 90 e continuou até hoje. Essas rendas foram concedidas pelos vários governos desde então. Não são um exclusivo desta ou daquela cor política. (3/17)