O que você NÃO sabe sobre o Parque Burle Marx em Brasília/DF. Segue o fio🧶
Texto por André Sette.
O Parque Sarah Kubitschek, ou Parque da Cidade, é maior que o Central Park de NY e mais de 2,5 vezes maior que o Ibirapuera. Existe um projeto para criar um par espelhado do parque na Asa Norte, criando um gêmeo daquele que já é o maior parque urbano do mundo.
Apenas 10% da população de Brasília vive no Plano Piloto. Mesmo que o Parque da Cidade seja usado por moradores de outros bairros, criar um parque novo com o mesmo tamanho é completamente desproporcional.
Como sempre, sobram recursos para áreas de lazer em áreas nobres, enquanto pouco se faz em áreas periféricas. O GDF promove o Parque Burle Marx como Unidade de Conservação ecológica, mas ele está longe disso.
A proibição do uso residencial em grandes áreas do Plano Piloto cria uma pressão imensa sobre as áreas nativas do Cerrado. Um parque ajardinado jamais poderá reproduzir a biodiversidade que está sendo perdida para a expansão urbana.
A ideia de criar um cinturão verde entre o Plano Piloto e o resto de Brasília obrigou a população a morar a dezenas de quilômetros do centro. Esse fato foi reconhecido pelo próprio Lúcio Costa no documento Brasília Revisitada.
Proibir o uso residencial no Parque Burle Marx reforça essa lógica segregacionista.
Há vários bairros no mundo que combinam o uso residencial com amplas áreas de lazer. Não é preciso tirar as pessoas para criar um espaço público de qualidade.
Pelo contrário, é preciso criar mais densidade populacional dentro e ao redor do Parque Burle Marx, para ele ser frequentado dia e noite, e seja, verdadeiramente, um espaço vivo no coração de Brasília.
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Mesma praia, duas realidades: no litoral norte gaúcho, chama atenção na paisagem o limite entre os municípios de Capão da Canoa (à esquerda, na primeira foto) e Xangri-lá (à direita). A segunda foto mostra essa discrepância do ponto de vista da praia.
Para um leigo, a pergunta "por que de um lado da rua tem prédios e do outro não" parece não fazer sentido.
A legislação urbanística de Capão permite prédios de até 14 pavimentos, com 50 metros de altura e um Índice de Aproveitamento dos terrenos de até 3.5, maior do que em Porto Alegre, capital do estado.
Os bairros Moinhos de Vento e Restinga, desde sua origem, são retratos da profunda desigualdade urbana que existe em Porto Alegre.
O Moinhos surge a partir de chácaras e mansões de famílias de elite que deliberadamente se instalaram então longe do Centro. O padrão de vida atual do bairro é equivalente ao de Portugal ou Espanha, com alguns usufruindo uma vida equivalente à Suíça ou Noruega.
Entre algumas demandas dos moradores está que a fiação elétrica seja enterrada, que buracos no asfalto sejam tapados, que menos prédios sejam construídos para evitar a "descaracterização" do bairro.
Qual o "caráter original" de um bairro? Ao analisar o desenvolvimento de uma quadra na Greene St. em Nova York ao longo de quatro séculos, a cidade se mostra um processo constante de desenvolvimento, e a resposta para a pergunta se mostra mais difícil do que parece. Segue o🧶:
A Manhattan de arranha-céus que conhecemos é relativamente recente na sua história. Antes dos holandeses chegarem no que chamaram de "Nova Amsterdã" em 1625, Manhattan tinha florestas e pantanais, um ecossistema rico que tinha até ursos e lobos.
No início século 18 a área da Greene St. foi comprada para instalar uma grande fazenda, que não conflitou com o desenvolvimento urbano de Nova York, que até então ia apenas até Wall St., hoje considerado extremo sul da ilha de Manhattan.
Um fio pra te convencer que Tóquio🗼🇯🇵 tem o melhor urbanismo do mundo, com inúmeras práticas para inspirar grandes cidades brasileiras. Vem comigo:
No séc. 18, Tóquio já tinha mais de 1 milhão de habitantes. Ao longo da sua história, a cidade sofreu com terremotos e bombardeios, possuindo hoje uma estrutura urbana complexa e diversa, com diferentes camadas históricas, usos mistos e diferentes tipologias arquitetônicas.
Os episódios destrutivos foram utilizados como oportunidade para abertura de vias largas e espaços públicos via Land Readjustment, transformando a antiga e estreita estrutura viária que, caso fosse mantida, poderia ter sido um gargalo ao seu crescimento urbano.
No dia 22/set é celebrado o Dia Mundial sem Carro, Para alertar e conscientizar as pessoas sobre o uso do carro — responsável pela maioria das mortes no trânsito, poluição urbana e uso inadequado do espaço público — motoristas são incentivados a deixarem seus carros em casa. 👉🧵
A data é usada como oportunidade por diversas entidades e prefeituras para conscientização da população. No entanto, medidas tomadas por prefeituras nessa data devem ter baixo impacto e, muitas vezes, servem como propaganda enganosa.
A opção pelo uso do carro normalmente é por oferecer um modo mais rápido, seguro ou cômodo de deslocamento, causado pela falta de condições urbanas mínimas de infraestrutura, segurança ou densidade populacional, e não, como defendido por muitos, por mero "status".