Aconteceu há mais de um ano. Eu andava dormindo mal. Peguei uma gripe e adormeci no final da tarde, na cama do João, que ainda estava na escola.
Caí em um sono desorganizado e agitado. Em um certo momento, senti o toque de um lençol caindo sobre mim.
Alguém me cobre, ajeita meu travesseiro. Eu resisto a despertar. Deve ser a Josefa, que trabalha conosco. Estranho. Ela nunca fez isso.
Voltei pro meu sono.
Quando acordei, saí pela casa, corpo ainda doído da gripe. “João chegou”, Josefa me diz na cozinha. “Está na sala, viu o senhor dormindo e não quis incomodar”.
Na sala, João assiste TV mastigando alguma coisa. “Filho”, eu pergunto, “foi você que me cobriu?”
“Foi pai”, diz ele.
Me cobriu com um lençol, ajeitou meu travesseiro, fechou a janela e ligou o ventilador, e saiu
Quando eu era criança, dividia o quarto com meu irmão. Toda noite, antes de deitar, meu pai entrava no quarto para ver se estava tudo bem, ajeitar nossas cobertas e dar a benção
João é meu primogênito muito amado. Quando ele era pequeno, sua mãe fazia “enrola-enroladinho” nele, ajeitando as cobertas bem justas ao redor do seu corpo. Ele adorava.
Décadas depois, quando meu pai ficou muito doente do câncer que iria matá-lo, foi minha vez de cuidar dele e ajeitar suas cobertas no hospital.
Naquele dia da minha gripe, há um ano e pouco, foi o João que me cobriu.
E nesse gesto está quase tudo o que eu queria, um dia, dessa vida.
Bom domingo para vocês.
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Muita gente que apoia o Presidente Bolsonaro, ou que sinceramente o prefere aos outros candidatos, está silenciosa.
O silêncio é provocado pela discriminação - às vezes leve, às vezes grave - à qual o eleitor declarado de Bolsonaro está sujeito.
É difícil lidar com os ataques, o cancelamento, a censura e as agressões, e por isso muitos preferem emudecer.
A essas pessoas eu quero trazer incentivo e coragem.
A essas pessoas eu quero dizer: você não está sozinho.
Nem todo mundo precisa ir para a trincheira.
Nem todo mundo precisa, ou pode, se expor e arriscar seu emprego, sua família e sua segurança.
Penso nos servidores públicos - do Legislativo, do Judiciário, de governos estaduais ou prefeituras - que precisam trabalhar e sustentar suas famílias.
Quem é eleitor precisa parar e refletir sobre a declaração que o juiz deu sobre a possibilidade dos pais perderem a guarda dos filhos por não concordarem em dar a eles um medicamento determinado pelo Estado.
Isso é gravíssimo.
Não interessa se você é a favor ou contra o medicamento.
O que interessa é o que o juiz disse: que a sua opinião NÃO IMPORTA.
De acordo com ele, você é incapaz de decidir o que é melhor para seus filhos. Essa tarefa deve ficar com os burocratas do Estado.
Permitir, proibir, obrigar - tudo isso é privilégio de funcionários NÃO ELEITOS - pessoas que não tiveram um mísero voto.
São elas que vão decidir o futuro dos seus filhos.