Um canal de irrigação com águas desviadas do Rio São Francisco cruza a mata seca da caatinga no semiárido nordestino. Iniciada em 2007, durante o segundo mandato de Lula, a Transposição do Rio São Francisco é uma das maiores obras de segurança hídrica da história.
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A obra prevê o desvio de 1,4% da vazão do Rio São Francisco em direção às bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional. São 700 km de canais divididos em dois grandes eixos, abastecendo reservatórios, aquedutos e perenizando o fluxo de rios intermitentes da região.
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Quando concluída, a obra garantirá abastecimento de água para 12 milhões de pessoas em 390 cidades de PE, CE, RN e PB. O Nordeste concentra 18% do território e 30% da população do país, mas tem apenas 3% dos recursos hídricos nacionais - estando 2/3 no Rio São Francisco.
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Há poucos rios perenes na região, onde predomina o clima semiárido, com temperaturas altas e baixa precipitação pluviométrica. Potencializadas pela exclusão social, as secas do Nordeste já ceifaram milhões de vidas desde a Era Colonial.
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Os primeiros projetos de transposição do S. Francisco remontam ao reinado de Dom Pedro II. Em 1844, o Nordeste foi atingindo por uma grave estiagem, motivando o intendente Marcos Antônio de Macedo a idealizar um canal ligando o Rio São Francisco ao Rio Jaguaribe.
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O projeto foi abandonado por falta de recursos, mas foi retomado trinta anos depois, durante a grande seca de 1877-1879, que matou mais de 500 mil nordestinos, incluindo 10% da população do Ceará.
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Os estudos de viabilidade conduzidos por Guilherme Schüch, entretanto, apontaram que seria impossível fazer com que as águas do rio transpusessem a Chapada do Araripe. Pedro II financiou então a construção de açudes e barragens na região.
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Após uma sequência de longas estiagens nas décadas de 30 e 40, Getúlio Vargas retomou as discussões sobre a transposição, mas abandonou o projeto em função dos custos elevados.
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Um novo projeto seria elaborado por Mario Andreazza, ministro da ditadura militar, em resposta à seca de 1979-1984. Considerada a mais grave estiagem do século XX, a seca causou a morte de 3,5 milhões de nordestinos, a grande maioria crianças. O projeto não saiu do papel.
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Após a redemocratização, foram realizados estudos sobre aproveitamento do potencial hídrico das bacias das regiões semiáridas nos governos de Itamar Franco e FHC, mas a Transposição do Rio São Francisco somente começou a sair do papel após a eleição de Lula.
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Lula encomendou a confecção de um novo projeto e estudos ambientais para fins de licenciamento da obra pelo IBAMA. Em 2007, o projeto recebeu o aval do Conselho Nacional de Recursos Hídricos. Teve início então a construção dos canais, orçada em 8,2 bilhões de reais.
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As obras da transposição sofreram sucessivos atrasos em função de uma série de contratempos. O projeto enfrentou a oposição do Banco Mundial, que alegou preocupação com o impacto ambiental e com viabilidade econômica para negar o financiamento da obra.
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ONGs internacionais e brasileiras criticaram duramente o projeto, alegando existência de alto risco de deterioração dos biomas ao longo do Rio São Francisco. Greenpeace e WWF organizaram protestos e lançaram campanhas para engajar a população na luta contra a obra.
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ONGs brasileiras também articularam a viagem de uma delegação de indígenas à Europa para "denunciar as violências" que estariam sendo cometidas no âmbito das obras da transposição e a "invasão" dos territórios Truká e Pipipã para construir os canais.
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Além das ONGs e das instituições sob a esfera de influência de Washington, a transposição enfrentou ampla resistência de parte da esquerda brasileira. O PSOL chegou a protocolar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no STF para tentar barrar a obra.
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O PSTU lançou uma campanha contra a transposição, afirmando representar o interesse dos povos indígenas, comparando o governo petista com a ditadura militar e vaticinando que "é muito mais eficiente buscar conviver com o semiárido do que confrontá-lo".
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Ivan Pinheiro, candidato à presidência pelo PCB, declarou que encerraria imediatamente as obras da transposição caso chegasse à presidência, junto com todos os projetos tocados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
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Acadêmicos, artistas e intelectuais também manifestaram oposição ao projeto. Em Minas Gerais, estudantes da UFMG e colaboradores do Projeto Manuelzão organizaram manifestações contra as obras.
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Enquanto a classe média progressista do Centro-Sul se mobilizava para barrar a transposição, os nordestinos realizavam manifestações de apoio à obra.
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Registrou-se igualmente forte ativismo dos procuradores, que abriram dezenas de ações contra a obra - 14 das quais ainda em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Por fim, os cortes orçamentários e a crise fiscal de 2014 levaram à diminuição do ritmo da construção.
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O conluio entre judiciário, imprensa, ONGs e instituições internacionais para barrar a transposição pode ser compreendido como mais um exemplo de instrumentalização de pautas ambientais para barrar projetos de desenvolvimento em países periféricos.
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Apesar dos obstáculos, Dilma inaugurou o primeiro trecho da obra em agosto de 2015. Após o golpe parlamentar de 2016, os recursos para a conclusão da obra sofreram cortes ainda mais aprofundados. A previsão atual é de que a obra seja concluída no fim de 2022.
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O presidente Lula, a primeira-dama Marisa Letícia e a ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff se encontram com trabalhadores do estaleiro BrasFels, em Angra dos Reis, onde estava sendo construída a plataforma P-51 da Petrobras.
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A iniciativa integrava o Programa de Modernização e Expansão da Frota Nacional de Petroleiros. Lançado por Lula em 2005, o programa fomentou a recuperação da indústria naval brasileira que, em menos de 5 anos, se tornou uma das maiores do mundo e suplantou a dos EUA.
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A política de desenvolvimento da indústria naval teve início em 1956, com o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek. O governo criou o Fundo de Marinha Mercante e investiu no parque naval como parte da política de industrialização e de substituição de importações.
Há 187 anos, na madrugada de 25 de janeiro de 1835, tinha início em Salvador a Revolta dos Malês. A revolta foi o maior levante de escravos ocorrido na província da Bahia e um dos maiores conflitos do Período Regencial - intervalo entre os reinados de Pedro I e Pedro II.
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Salvador contava então com 65.500 habitantes, 40% dos quais eram escravos. Dentre os cativos, 63% eram nascidos na África. A revolta foi majoritariamente conduzida pelos escravos africanos e seus principais líderes foram os malês.
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Malê era a designação dada aos negros de origem islâmica — com os Nagôs e os Haussás — a maioria dos quais provenientes da Nigéria e do Benim. Mas outros grupos étnicos e religiosos também contribuíram na revolta, nomeadamente os praticantes do candomblé.
Em maio de 2009, a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) publicou o relatório confidencial nº. 251/82260, identificando as ONGs financiadas por governos estrangeiros e instituições internacionais que atuavam na campanha contra a construção da Usina de Belo Monte.
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No relatório, a ABIN relaciona 11 ONGs internacionais, sendo 9 provenientes dos Estados Unidos e 2 da Europa. Estão listadas, entre outras, Fundação Clinton, WWF, Greenpeace, AIDA, The Nature Conservancy, Avaaz, Amazon Watch, Rainforest Foundation US, entre outras.
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Quase todas ONGs listadas possuem históricos atribulados, sendo acusadas de servirem de fachada para interesses corporativos, colaboração com a política externa de Washington, apoio a operações de desestabilização, financiamento de milícias, etc.
Em 31 de agosto de 2009, durante o segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil se tornava o primeiro país latino-americano autorizado a impor sanções econômicas contra os Estados Unidos.
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O governo brasileiro recorreu à Organização Mundial do Comércio (OMC) alegando que os EUA haviam fornecido mais de 12 bilhões de dólares em subsídios irregulares aos produtores de algodão, mantendo o preço artificialmente baixo e prejudicando os países periféricos.
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Os árbitros da OMC reconheceram a prática de concorrência desleal e deram ganho de causa ao Brasil, autorizando o país a impor sanções de até 294,7 milhões de dólares contra os Estados Unidos — o segundo maior montante da história.
Quem bate cartão, vota em patrão —ao menos era isso que pensava o Partido Comunista Brasileiro (PCB) nos anos 60. O episódio é explicado no livro "História das Lutas dos Trabalhadores no Brasil", de Vito Giannotti.
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Na obra, o autor relembra o apoio do PCB à candidatura do empresário José Ermírio de Moraes ao Senado Federal em 1962. José Ermírio de Moraes era um dos homens mais ricos do mundo à época, proprietário do Grupo Votorantim, da Companhia Nitro Química Brasileira e da CBA.
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O PCB justificou o apoio à candidatura de José Ermírio de Moraes apelando para a tese de que era possível construir uma aliança de classes entre o capital e o operariado e fomentar o surgimento de uma burguesia nacionalista e desenvolvimentista.
Em um artigo publicado em setembro de 2021 na agência de notícias do multibilionário Michael Bloomberg, o economista ultraliberal Tyler Cowen elogiou efusivamente o movimento "wokeísta" e o definiu como o próximo grande produto de exportação cultural dos Estados Unidos.
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Cunhado no âmbito do movimento Black Lives Matter, originado após o assassinato de Michael Brown em 2014, o termo "Wokeísmo" (do inglês "woke", "desperto") foi originalmente utilizado para descrever uma tendência sobre a tomada de consciência sobre o racismo.
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Desde então, a concepção do termo foi ampliada, passando a abranger, além da conscientização sobre as questões raciais, tópicos como injustiça social, feminismo e ativismo LGBT, mas sob um viés crescentemente mercadológico e forte influência da indústria cultural.