O início dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 em Pequim é um evento político. Em meio a tentativas do Ocidente em isolar a China e Rússia, o tabuleiro se move com uma aliança sem precedentes entre Pequim e Moscou (1/12).
Embora muito mais antiga, a China tem inúmeros pontos de contato com a Rússia. Desde o fato, em comum, delas terem sido invadidas pelas hordas mongóis, o que moldou a identidade das duas até hoje (2/12).
A invasão mongol, embora destrutiva no curto prazo, foi detida e da resistência a ela, e a absorção de técnicas e métodos mongóis, os dois países caminharam para uma unificação sem precedentes (3/12).
A aventura imperial, no entanto, levou Rússia e China para seu apogeu geográfico e, ao mesmo tempo, regimes despóticos que estagnaram suas enormes populações, o que as levou a ser presa fácil para o imperialismo ocidental, movido à indústria moderna (4/12).
Ambas, China e Rússia promoveram, no século 20, revoluções que derrubaram suas monarquias. A China, inicialmente, nacionalista, não conseguiu resolver seus problemas. A URSS, nascida do fim do Império Russo, marcou um movimento de modernização sem precedente no mundo (5/12).
O fracasso nacionalista chinês, inclusive pelas brigas internas que facilitaram a invasão japonesa, levam o comunismo a se popularizar e se tornar hegemônico no país em 1949. Na URSS, a modernização seguia avançando, apesar das tensões e conflitos internos (6/12).
China e URSS foram os países que mais perderam vidas na Segunda Guerra. Ambos foram vítimas das forças do Eixo, que articularam uma gigantesca agressão fascista; chineses e russos tiveram seu território ocupado e resistiram em condições sobrehumanas (7/12).
A conversão da China ao comunismo em 1949 trouxe uma convergência nunca antes vista com os russos. Mas as diferenças entre os dois, e o hegemonismo soviético colocaram, em poucos anos os países em rota de colisão - e uma quase guerra no fim dos anos 1960 (8/12).
O fim do socialismo na Rússia, ironicamente, aproximou mais ela dos chineses, mas ainda assim, Pequim guardava desconfianças - e a crença que a prosperidade dos últimos anos se dava numa abertura para o mundo e uma aliança com os EUA (9/12).
Hoje, a política de Trump aproximou chineses de russos. A não reversão delas por Biden, e um aprofundamento da tensão contra os dois aproximou chineses e russos como nunca (10/12).
Com uma linha de cercar militarmente, sancionar, caluniar e pressionar China e Rússia, os EUA de Biden conseguiram fazer o que a razão não conseguiu, quando a aliança orgânica entre Pequim e Moscou já deveria ser uma realidade de 70 anos (11/12).
Ironicamente, China e Rússia ironicamente se apresentam com reivindicações justas face ao Ocidente em desdemocratização: não expansão militar da Otan, multilateralismo, livre comércio e fortalecimento da ONU (12/12).
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Se um liberal tivesse a casa invadida e sofresse junto com a família dele toda sorte de violências, ele jamais aceitaria o argumento: "na vida, quando você se confronta com um bando mais forte, e perde, acontece isso". Mas esse raciocínio vale para o "impeachment" de Dilma (1/8).
Ora, a Lei manda que seja comprovado crime de responsabilidade para haver impeachment. Se o julgador não é um juiz ordinário, mas sim o Congresso Nacional, isso não muda o fato que ele tem de decidir fundamentado na Constituição (2/8).
"Mas Hugo, havia o STF para verificar a legalidade do processo" - sim, havia e ele falhou na sua tarefa constitucional. Quando isso acontece, basicamente o sistema jurídico normalizou uma ilegalidade produzida, inclusive, por muitas de suas principais autoridades (3/8).
O Washington Post soltou este artigo de Jeff Stein com destaque: é uma confissão do fracasso da administração Biden, mas a culpa é calculadamente colocada na esquerda socialista. É importante ler e entender esta farsa (1/7). washingtonpost.com/us-policy/2022…
Basicamente, para o Post as coisas iriam mal nos EUA porque Biden governaria com gente de Bernie e Liz Warren, os quais são descritos como "liberais" - que pode significar "progressistas" no dizer vulgar americano, mas isso é proposital para ignorar o elemento socialista (2/7).
O artigo ignora que a política econômica expansionista de Biden contrasta com tensões contra a Rússia e China, as quais impactam negativamente no curto prazo e, principalmente, nas expectativas (3/7).
Isto é a cotação do barril de petróleo nos últimos dez anos. Batemos o recorde de preço dos últimos sete anos com a atual crise ucraniana. Isso terá graves efeitos inflacionários, sobretudo em relação ao Brasil (1/7).
Há sete anos, no entanto, não havia a política de preços atual, inaugurada por Temer. Nesses anos, mesmo com uma pontada em outubro de 2018, grosso modo, o preço do barril ficou comportado. Só tivemos um choque cambial, que foi repassado para as bombas e já foi um estrago (2/7).
No cenário atual, com o barril aumentando de preço, o real depreciado e a política de preços, vamos tomar uma invertida se o sistema criado por Temer-Parente, e mantido por Bolsonaro, for aplicado (3/7).
Com a ida de Orban a Moscou, e as concessões russas de venda de gás para a Hungria, Putin racha a extrema-direita europeia. Se o AfD já estava rachado e Marine Le Pen do lado e Putin, os ucranianos têm ao seu lado os poloneses e o oportunismo do establishment europeu (1/7).
Em um momento em que nem o Brasil fala com o Brasil, e Biden voluntariamente escolhe não ter interlocução nem com Lula, nem Bolsonaro, Putin receberá Bolsonaro. E receberá Lula ano que vem por certo - como está recebendo Alberto Fernandez em breve (2/7).
Toda a manobra ucraniana serviu para travar o Nordstream 2, mas também colaborou para um aumento no preço global de petróleo e gás, o que ajuda Moscou por outro lado. Quem pagou a conta foram os europeus, que são compradores de petróleo e gás (3/7).
Em Portugal, socialistas, de centro-esquerda, fizeram maioria absoluta nas eleições antecipadas, chamadas porque os partidos de esquerda que sustentavam o governo não aceitaram o orçamento proposto. Isso põe fim, definitivamente, à Geringonça que os unia (1/7).
De 2015 para cá, socialistas governavam com apoio das forças mais à esquerda, que concordaram com um ministério socialista, embora não tenham participado diretamente do governo. Era preciso barrar um novo governo do PSD, o PSDB deles (2/7).
A decisão de partidos como o Bloco de Esquerda ou a CDU (comunistas + verdes) em permitir aos socialistas governarem, e não o PSD, que tinha maioria relativa, se deveu à política neoliberal radical que o ex-premiê Passos Coelhos aplicou na esteira da crise econômica global (3/7).
A Ucrânia seria o único caso de socorrido que rifa o salvador, ao falar em afobação do governo Biden? Sim, mas é preciso entender como a Ucrânia se deixou usar, mas no fim usou Washington. O jogo é complexo (1/12). internacional.estadao.com.br/noticias/geral…
Basicamente, Biden foi levado a confrontar a Rússia por duas razões que lhe apresentaram, uma eleitoreira, por conta da associação apressada Trump-Putin, a outra estratégica, isto é, ter controle sobre o abastecimento energético da Alemanha (2/12).
Claro que em certa medida isso veio na esteira de uma derrota: Berlim bateu o martelo, logo no início de seu mandato, e falou que não ia recuar no projeto do mega-gasoduto submarino Nordestream-2 que liga diretamente a Rússia à Alemanha (3/12).