ESTAVAM ERRADOS! Não tem buraco negro, mas um sistema vampiro. Como assim? Deixa eu explicar melhor nessa #AstroThreadBR
O caso é super interessante. Dados esquisitões levaram uma equipe de cientistas a concluir em 2020 que o sistema HR 6819 era composto por duas estrelas e um buraco negro.
Uma estrela tipo B, grande, e um buraco negro estariam orbitando bem juntinhos. Teria também uma estrela Be (que tem um disco de gás ao redor) orbitando as duas a uma distância maior.
O problema é que ninguém via estrelas separadas. Estava tudo tão juntinho que pros telescópios parecia uma coisa só. A conclusão vinha da variação de brilho e da composição química do sistema inteiro.
Agora, com dados de altíssima resolução, conseguiram ver que não tem a estrela longe, só outras duas juntinhas. O melhor modelo agora é de um "vampiro" com a Be roubando material da outra pra formar o disco. Não tem buraco negro nenhum.
O mais legal da história é que equipes que tinham explicações diferentes para os dados se juntaram para testar a hipótese. E uma delas foi descartada. Método científico na veia.
Ciência funciona assim. Isso não quer dizer que os cientistas antes estavam "errados". Eles apresentaram os dados e um modelo que explicava os dados. Tudo ok.
Seria melhor não ter publicado isso? NÃO! Porque foi justamente a publicação que estimulou o debate, as explicações alternativas e o processo que culminou com o último trabalho, descartando o tal buraco negro. Ciência é isso aí.
Pra mim, o mais difícil é separar esses debates legítimos, sobre dados novos e diferentes explicações, das falsas polêmicas -- terraplanistas e antivaxx, estou olhando pra vocês.
É um desafio enorme pra nós, divulgadores, explicar a diferença do que já é paradigma do que é um debate científico legítimo. Isso é explicar como a ciência funciona.
E é justamente dessa sutileza que os negacionistas se aproveitam, como se qualquer dicotomia científica fosse legítima. NÃO! Como dizia Sagan, alegações extraordinárias requerem evidências extraordinárias -- e isso eles NÃO têm.
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[AS BOLSAS DA CAPES]
Quem perde e quem ganha? Perde quanto? Como estamos financiando a formação de cientistas quando o país mais precisa deles e delas?
As portarias mudam a distribuição de bolsas entre programas de pós-graduação, baseado em critérios de (1) avaliação do programa, (2) IDHM do município onde o programa está situado e (3) número de titulados do programa (quanto mais melhor).
Primeiro, a CAPES fala que *aumentou* o número de bolsas, de 81 para 84 mil. Fica difícil confirmar a informação se não há em nenhum lugar uma tabela completa, pública, com as bolsas de cada programa. Da minha área, diminuição média de 15% no número de bolsas, até onde vi.
Também não sei se estão contabilizando as bolsas de "empréstimo". Essas bolsas foram efetivamente perdidas, eles apenas não estão cortando no meio - mas não serão renovadas.
Usei o IPCA como índice de inflação. O gráfico é o mesmo usado pela @anpg, apenas atualizei para fevereiro de 2019.
Os valores são em reais comparados a hoje, corrigindo pela perda inflacionária.
Coloco o gráfico de novo porque é o mais importante.
O mais crítico é o seguinte: as bolsas estão sem reajustes há 6 anos. Em 2013, as bolsas valiam 40% mais que hoje, levando em conta a inflação do período.
Para essa lista, ao invés de escolher as notícias mais populares, decidi dar espaço às descobertas de maior impacto entre os próprios cientistas. Os 7 trabalhos abaixo estão entre aqueles que foram mais discutidos por astrofísicos durante o ano de 2018.