Thread by @thiagosgbr

Senta que lá vem mais #AstroThreadBR sobre bolsas de pós-graduação!

Hoje a @CAPES publicou uma nota defendendo o novo modelo de concessão de bolsas.

capes.gov.br/36-noticias/10…

Queria refutar alguns pontos aqui. Segue o fio!
#NenhumaBolsaAMenos
#DefendaCienciaBrasileira

Primeiro, a CAPES fala que *aumentou* o número de bolsas, de 81 para 84 mil. Fica difícil confirmar a informação se não há em nenhum lugar uma tabela completa, pública, com as bolsas de cada programa. Da minha área, diminuição média de 15% no número de bolsas, até onde vi.

Também não sei se estão contabilizando as bolsas de "empréstimo". Essas bolsas foram efetivamente perdidas, eles apenas não estão cortando no meio - mas não serão renovadas.

No nosso programa, recebemos 4 "empréstimos" para alunos que terminaram em fevereiro. E agora não podemos usar. Ou seja, são empréstimos que nunca existiram.

A CAPES também diz que a UFRJ recebeu 211 novas bolsas de mestrado e 257 de doutorado - mas em nota oficial a universidade denuncia a PERDA de 242 bolsas de programas notas 3 a 5.

Será que estão contando as novas bolsas sem subtrair as perdidas?

Também dizem que "a adoção do modelo não vai retirar a bolsa de estudantes que têm, atualmente, o benefício." Verdade, mas e as centenas de estudantes que largaram seu emprego e mudaram de estado pra começar o mestrado em março? Que timing horrível.

Por fim, o mais cruel pra mim: "Esses cursos receberam mais bolsas porque são cursos bem avaliados e têm alto índice de titulação. Historicamente vinham sendo fomentados com quantitativos desproporcionais em relação a outros cursos." Absurdo!

Ao contar o número TOTAL de titulados, igualam estudantes SEM bolsa e aqueles pagos por outras agências ou a iniciativa privada. Essas "distorções" que estão corrigindo beneficiam programas grandes, com acesso a diversas fontes de fomento, e concentram investimentos.

A astronomia do @ValongoUFRJ depende EXCLUSIVAMENTE de bolsas da CAPES. Quase todos os nossos alunos se formam, e perdemos muitas bolsas.

A única forma de manter as bolsas seria dobrar o número de titulados, com o mesmo número de bolsas. 20 pesquisadores trabalhando de graça.

Junto com a nova portaria do CNPq, nota-se um viés claro de beneficiar ciência aplicada e parcerias com a iniciativa privada - incluindo o agronegócio e as empresas de telecomunicações - e tiram o dinheiro da ciência básica e humanas.

pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/v…

Eles terminam a nota com a pérola: "Entendemos que as reclamações relativas às mudanças de limites de piso e teto, estabelecidas pela portaria 34, são naturais, mas, com o devido respeito, revelam uma visão parcial do problema." WAT

Reclamações e pedidos de revogação IMEDIATA da portaria por parte do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação, Colégio de Pró-reitores de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação das Instituições Federais de Ensino Superior...

.. Frente Parlamentar pela Valorização das Universidades Federais, Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, Associação Nacional de Pós-Graduandos e diversas universidades e institutos. "Visão parcial"??

Precisamos discutir o problema, ok. O que não é possível é que na calada da noite, no meio de uma pandemia, COM NOVOS ALUNOS MATRICULADOS, a CAPES mude as regras de forma tão radical.

Isso não é planejamento, é um massacre.
#NenhumaBolsaAMenos
#DefendaCienciaBrasileira

Vejam só o que estamos enfrentando
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