4. O livro de @GrahamTAllison assenta na sua interpretação dos parágrafos 23.6 e 88 do Livro I da História da Guerra do Peloponeso. Tucídides nunca refere o conceito da "Armadilha";
5. Allison utilizou-o para falar da transição de poder entre uma potência hegemónica, oligárquica e conservadora (Esparta) e uma potência democrática-imperial-marítima em ascensão (Atenas). Quis chamar a atenção para os perigos de uma transição semelhante entre os EUA e a China;
6. Em vez da #ArmadilhadeTucídides, o que vemos na guerra de #Putin contra a Ucrânia é algo muito semelhante ao que Tucídides escreve sobre Corinto e a sua antiga colónia Corcira: emoções, erros de avaliação estratégica, propensão para o risco da parte de Corinto ...
7. e progressiva precipitação dos acontecimentos que acabaram por arrastar Esparta e Atenas para o que veio a ser a Guerra do Peloponeso;
8. Tucídides relembra-nos que todos votam no caminho para a guerra, que as emoções individuais/colectivas, os horizontes temporais dos decisores e os acontecimentos têm uma lógica que os decisores políticos muitas vezes não conseguem antecipar e/ou controlar;
9. A História da Guerra do Peloponeso continua a ser um dos melhores livros jamais escritos sobre a política internacional, a arte da Estratégia e a tragédia da guerra. Está lá tudo o que é verdadeiramente relevante para uma comunidade política meditar sobre o seu destino.
P.S.- Suspeito que Putin e/ou o Kremlin nunca leram com atenção o discurso do Rei Arquidamo, um guerreiro espartano muito experiente e prudente que tentou evitar ou, pelo menos, adiar o início da guerra. Começa com uma pergunta essencial: "De que tipo deverá ser esta guerra?"
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1. Jornalistas no terreno: dão-nos os factos e a dimensão humana da tragédia que é a guerra. A experiência @CandidaPinto__, capacidade de observação @AnaRFranca, domínio da língua/cultura @IrynaShev, talento artístico @tmiguelmiranda são essenciais;
2. Especialistas: sabem imenso sobre a sua área. Tendem a pensar verticalmente sobre os temas que estudaram/estudam;
2.A Casa Branca concluiu que os interesses estratégicos dos EUA obrigam ao fim do ciclo iniciado em 2001 após o 11 de Setembro. A competição entre as grandes potências é mais importante para os EUA do que o contra-terrorismo. Há que escolher prioridades por causa da China.
3. A médio prazo, Washington espera que o custo reputacional pago durante a queda de Cabul permita aos EUA concentrar as suas atenções, recursos diplomáticos, económicos e militares junto à costa da Ásia.
Sobre o #Afeganistão: a história mostra que a política internacional tende para a tragédia; 1/8
A intervenção multilateral internacional no #Afeganistão após 2001 arrisca-se a produzir resultados ainda piores do que a intervenção unilateral dos EUA no Iraque em 2003; 2/8
As escolhas políticas e militares dos EUA e os seus aliados NÃO são continuar no Afeganistão ou retirar, mas sim escalar o conflito militar com os #Talibãs e aliados conjunturais para poder continuar no país ou, em alternativa, retirar; 3/8
Nos últimos 170 anos, aconteceram 4 intervenções militares externas no #Afeganistão - Inglaterra, URSS, EUA/países europeus/ONU. Londres tentou mudar o regime, Moscovo manter o regime e Washington et al, expulsar os Talibãs/Al Qaeda e recriar um Estado; 1/7
Por razões diferentes, todas estas intervenções externas falharam. Todas; 2/7
Do ponto de vista histórico, o sucesso militar de todas as insurreições contra Cabul dependeu sempre das escolhas feitas nas regiões no leste e norte do #Afeganistão. Este é um ponto a ter em conta nos próximos dias e semanas. O sul #Kandahar é secundário; 3/7