Vacinas seguem protegendo contra a BA.2? Sim!
Dados do Catar🇶🇦 mostram a proteção contra hospitalização pelas vacinas de RNA:
🔹Após a 2ª dose: 70-80%
🔹Após Reforço: >90%
Sem diferença significativa para efetividade contra infecção sintomática entre BA.1 e BA.2!

🧶👇 Image
O preprint pode ser conferido em: medrxiv.org/content/10.110…

Para a efetividade contra infecção sintomática, vemos valores mais baixos (~50%, comparado com a efetividade contra hospitalização) e, para a Omicron, isso não é uma novidade
Temos 2 pontos importantes aqui:
1) é esperado que os níveis de anticorpos circulantes no sangue caiam depois de alguns meses. Mas, em paralelo, eles aumentam sua qualidade.

science.org/doi/10.1126/sc…
2) essa queda não significa perda de proteção. Temos céls. de memória presentes. No artigo acima, podemos observar que essas céls. de memória, "vigilantes", se reativam no sinal do vírus no corpo, rapidamente produzindo e liberando anticorpos contra ele Image
Comento esses pontos nesse fio, abordando outro trabalho que converge nessas informações:
Ainda, vimos como essa proteção contra doença permanece alta por vários meses (em contrapartida, vemos a proteção contra infecção cair após ~2 meses). Os dados do trabalho reforçam a importância de completar o esquema E receber o reforço da vacina
Mas por que receber o reforço da vacina se tenho essa memória imunológica presente? Bem, sabemos que o reforço reestimula as defesas já criadas e contribui para seu aumento, mas vemos um aumento da circulação de anticorpos após o reforço. nature.com/articles/s4159…
Com eles circulando, temos uma proteção contra a infecção que, apesar de não ser tão alta como é a proteção contra hospitalização, faz muita diferença especialmente (mas não somente) naqueles mais vulneráveis para a COVID-19.

(imagem do artigo acima) Image
O que nos traz para a discussão da 4ª dose. Já temos a indicação para imunossuprimidos, que por terem condições ou usarem certos medicamentos que impactam na resposta imunológica, precisam dessa reestimulação para fortificar suas defesas.
Nesse fio, comento um pouco mais sobre a 4ª dose para algumas populações específicas e que como pode ser uma estratégia interessante (mas sem esquecer da necessidade de ampliar o acesso ao esquema completo/reforço)

E recentemente, o governo de São Paulo anunciou uma 4ª dose em idosos (acima de 80 anos) saopaulo.sp.gov.br/noticias-coron…
Temos dados muito positivos de Israel🇮🇱 apontando para um importante reforçamento das defesas em idosos. Para a faixa etária dos +60, a 4ª dose triplicou a proteção contra doença e duplicou a proteção contra infecção (detalhes no fio abaixo)

Sabemos que temos a disposição diferentes imunizantes, que podem ser aplicados nesses reforços (3ª ou 4ª dose).

Temos estudos🇧🇷 com pessoas que receberam CoronaVac e na sequência receberam um reforço com Pfizer mostrando um potente reforço
Sendo os idosos uma pop. + vulnerável a doença, esse forte reforçamento nos níveis anticorpos pode nortear estratégias de vacinação para um reforço com a Pfizer, dado que pertencem a um grupo que foi vacinado bem no início, com muitos recebendo a CoronaVac nature.com/articles/s4159…
É inquestionável o quanto a CoronaVac (e as vacinas que foram recebendo suas autorizações no curso do tempo) foi relevante para a vacinação no país, especialmente para proteger contra a doença causada pela COVID-19. Qualquer vacina aprovada aqui teve papel crítico para isso
Plataformas como as de RNA estimulam fortemente, também, a produção de anticopos. Essa combinação heteróloga do esquema primário CoronaVac + reforço da Pfizer pode oferecer uma proteção muito grande, podendo ser considerada nessa fase atual da vacinação nature.com/articles/s4159…
E essa estratégia é muito promissora em relação a Omicron, a partir desse conjunto de dados iniciais mostrando o potencial reforçamento que a terceira dose traz sobre as proteções contra essa variante e suas sub-linhagens (BA.1, BA.2, por exemplo)
Acho que podemos tirar algumas coisas dessas reflexões acima:
🔹A RELEVÂNCIA do esquema completo e do reforço contra as variantes de preocupação, inclusive a Omicron e suas sub-linhagens;
🔹Uma 4ª dose pode beneficiar populações + vulneráveis, como imunossuprimidos e idosos
🔹Com dados mostrando diferentes combinações (homólogas e heterólogas) e, considerando a fase da vacinação que estamos, reforços heterólogos podem ser muito positivos, especialmente (mas não somente) naqueles mais vulneráveis
E adiciono mais considerações que não cheguei a falar acima, mas é bom pontuar:
🔹Não são as vacinas que estão gerando novas variantes. É a transmissão alta sustentada. Felizmente, nossas curvas estão diferentes do que vimos em 2021, mas ainda podemos reduzir a transmissão
🔹E reduzir a transmissão não implica em zerar a transmissão do vírus. Sabemos que o SARS-CoV-2 possui outros animais que podem ser suscetíveis, que podem ser reservas desse vírus, mas ainda estamos com nºs elevados e precisamos baixá-los o quanto pudermos.
🔹Infelizmente, nosso cenário não parece ser ainda um cenário endêmico, mesmo que isso acabe sendo decretado por algum tomador de decisão. O @dr_nesio tem um fio muito relevante sobre isso:
🔹As máscaras seguem muito recomendadas, ainda que desobrigadas agora. Essa parceria entre máscaras, ambientes bem ventilados, com a vacinação é potente para desacelerar a transmissão e reduzir riscos (de exposição e de doença nos vacinados*)

*com ou sem histórico de COVID-19
🔹Crianças precisam se vacinar. Se a criança está contemplada na população-alvo, leve-a para vacinar (para as vacinas contra a COVID-19 e outras vacinas). Crianças podem experienciar COVID longa, além do risco para a doença.
Nesse BRILHANTE fio da @sucamey , ela destaca a relevância do uso da máscara pelas crianças também. Recomendo muito o conteúdo, bem como seguir essa pessoa e profissional brilhante!
Espero que tenham gostado do fio, e caso queiram olhar esse e outros conteúdos, podem consultar em bit.ly/fiosmell, tá tudo (mais ou menos) organizadinho por seções, tópicos e subtópicos.

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Mar 15
@sailorrooscout fez um fio atualizando sobre a variante BA.2 (sub-linhagem da Omicron) e crescimento de casos na Europa.

Vou comentar alguns tópicos sobre isso no mini-fio abaixo, além de trazer também a BA.2.2 que tem sido comentada nesse contexto 🧶👇
Antes de qualquer coisa, ressaltar a pessoa incrível que é @sailorrooscout - além de cientista, um ser humano incrível! Perguntei para ela se ela se importava se eu traduzisse alguns tuítes para trazer para o pt-br e ela foi muito gentil, como sempre!
Para quem quiser dar uma relembrada sobre a BA.2, tenho fio sobre ela aqui:
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Mar 14
A pandemia gerou muitas mudanças na rotina (em resposta a esse cenário), e especialistas se questionaram sobre os impactos disso no desenvolvimento infantil.

Infelizmente, muita fake news também tá rolando em paralelo.

Irei comentar um pouco sobre esse assunto nesse fio👇🧶
O fio terá como base e trará algumas traduções, adaptações e complementações de um artigo bem bacana publicado na @Nature que pode ser lido na íntegra no link: nature.com/articles/d4158…
O neurodesenvolvimento é um dos processos mais incríveis de se estudar. A forma como as redes neurais se desenvolvem, migram e criam caminhos, originando o sistema nervoso, é fantástica. Meu foco durante a pós em neurociência foram aspectos relacionados ao neurodesenvolvimento.
Read 31 tweets
Mar 14
@sailorrooscout trazendo alguns comentários importantes sobre a Europa e o crescimento de novos casos que já vem sendo observado: "fim das medidas mitigatórias, BA.2 superando a BA.1, necessidade de reforço nos mais vulneráveis"
@schrarstzhaupt comenta esse conteúdo da @luizacaires3 que aponta a preocupação sobre essa nova onda de crescimento. Me preocupo principalmente num possível crescimento nos vulneráveis e ainda suscetíveis (não vacinados ou populações de baixa cobertura).
Concordo com o @vitormori que, cada vez mais, precisaremos reforçar a relevância do uso da máscara, especialmente naqueles de maior vulnerabilidade, e considerando também os possíveis riscos que atividades/ambientes podem trazer
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Mar 10
Um artigo recente fez com que muitas pessoas de modo equivocado falassem que o RNA mensageiro da vacina da Pfizer poderia se integrar ao nosso material genético.

@mab_sp125 e eu vamos apontar os problemas do artigo e onde estão os erros dessa interpretação 👇🧶
A transcrição é um processo em que se cria uma fita de RNA a partir de uma fita de DNA, ou seja, é como se pegássemos informações específicas do material genético para criar uma receita que pode dar origem, entre várias moléculas, a proteínas.
Já a transcrição reversa é quando um RNA é transformado de volta em um DNA. Esse processo é importante para as células, utilizado por alguns vírus para incorporar seu material no genoma do hospedeiro e também é usado para técnicas de biologia molecular!
Read 30 tweets
Mar 9
Pessoal, não façam isso com quem convive com um transtorno psiquiátrico. Não tenham esse nível de insensibilidade e desrespeito. Independente da opinião de vocês sobre qualquer assunto, não sejam a pessoa que USA as vulnerabilidades de outros em prol de sua narrativa.
Gente, queria agradecer por todo o apoio e carinho. Em uma situação mais normal, eu ne mteria visto o comentário. Mas somou do momento ser complicado e de ele vir na sequência que fiz a postagem, aí somou tudo. Já tomei algumas atitudes aqui, e só agradecer mesmo
Read 4 tweets
Mar 9
🚨BAIXAS COBERTURAS VACINAIS PARA A POLIO🚨
@g1cienciaesaude destaca o ressurgimento da polio em Israel🇮🇱 e uma nova cepa registrada no Malaui🇲🇼 (sudeste da África) e as baixas coberturas em 2021 para essa vacina no Brasil🇧🇷.

Há risco para a reintrodução da polio por aqui!👇🧶
Segundo a matéria: "Considerando todas as (3) doses, a cobertura vacinal era de 96,55% em 2012. Em 2021, caiu para 59,37%. A mais baixa foi a da dose de reforço dada aos 4 anos: apenas 52,51% das crianças receberam essa dose em 2021, segundo os dados do DataSUS até 6 de março."
Segundo @gersonsalvador na reportagem, "até 2015, a cobertura vacinal contra a poliomielite no Brasil se aproximava de 100%". A partir de 2016, ocorreu uma "queda vertiginosa" g1.globo.com/saude/noticia/…
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