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Comentários sobre a pesquisa que fizemos na manifestação #EleNão (link para o relatório no final da sequência). Nosso resultado mais importante é constatar que a manifestação foi muito homogênea, com uma ampla maioria de pessoas inequivocamente de esquerda.
Não costuma haver relação direta entre o perfil de quem mobiliza e de quem assume uma opinião. Os protestos contra o aumento, em junho de 2013, por exemplo, mobilizaram estudantes de esquerda, mas 55% da população, um universo muito mais heterogêneo, estava de acordo.
Os protestos pedindo o impeachment mobilizaram praticamente apenas a classe média profissional, mas conseguiram o apoio de 68% dos brasileiros.
Isso posto, a convicção de se ter uma opinião e de sair à rua para expressá-la são de intensidades diferentes e teria sido um sinal mais claro de sucesso se a manifestação tivesse atraído mais pessoas despolitizadas ou de direita.
Entre os motivos que levaram os manifestantes às ruas, destacam-se direitos humanos (e a questão da mulher) e os riscos à democracia - mesmos temas que, do outro lado, estão no centro da campanha de Bolsonaro.
A reportagem da BBC destacou a alta escolaridade e a alta renda dos manifestantes, mas, neste caso, o fato não é ruim para os objetivos estratégicos da campanha, já que é justamente nestes estratos que a preferência a Bolsonaro é maior.
Por fim, vale ressaltar entre os resultados a contínua adesão às teses de que a facada de Bolsonaro foi planejada ou teve um impacto menor do que aparenta. Apenas 19% dos manifestantes discordou de todas as teses.
O relatório completo está aqui: monitordigital.org/wp-content/upl…
