Thread by @rosana

"Post da Justiça Maior que às vezes a gente não vê."

.A beleza da diversidade é poder emprestar os olhos e a sabedoria dos outros pra entender os movimentos da vida. Foi o que senti quando uma amiga me explicou um novo senso de justiça que nunca tinha me ocorrido. A justiça de

Xangô, regente de 2018.

.Quando Marielle foi assassinada, sentimos todos o grande absurdo que foi cometida ali. Um crime brutal, covarde, contra uma mulher batalhadora que lutava por mais igualdade social. Aonde está a justiça divina nessa hora, que permite que isso aconteça?

,E foi ai que minha amiga me fez dar alguns passos para trás e olhar as coisas de longe. No plano individual, Marielle foi absurdamente injustiçada. Ela, sua familia, seus amigos, seus eleitores, todos a sua volta. Mas...e nós? Quem conhecia Marielle?Seu trabalho? Mesmo sentindo

o golpe de seu assassinato, muitos de nós, a maioria de nós, só a conhecemos depois que sua vida foi ceifada.

.E esse crime hediondo, que jamais alguém poderia conceber, quanto mais realizar, ela se multiplicou por centenas, milhares, milhões. Isso não traz Marielle de volta,

porque não há milagre que traga sua vida de volta, mas seu poder se ampliou de uma forma inimaginável, como se a justiça possível fosse semeá-la ao vento como se brotassem Marielles dentro de todos nós, como se ela passasse a viver um pouquinho em toda a gente.

."Essa é a

justiça de Xangô, disse minha amiga, que pra chegar numa justiça maior, passa por coisas dolorosas que, muitas vezes, nos parecem pontualmente como injustiças.

.Juntando a visão dela com a minha, lembrei que os processos históricos são muito maiores do que a visão da gente,

que a aleatoriedade dos fatos, as excessões às regras, fogem da nossa 'lógica' cartesiana. É como chorar por perder a viagem dos sonhos para uma praia paradisíaca pra depois descobrir que ela foi varrida por um tsunami. Então, quando a gente não consegue ter a visão dos fatos,

ou vê os fatos como um grande erro ou injustiça, vale a pena dar alguns passos para trás, guardar um silêncio, olhar de longe e, por esse ângulo maior, mais abrangente, ver a cena maior e, quem sabe, lembrar que nessas linhas tortas que vivemos hoje, talvez um D'us, um orixá,

a natureza, o acaso, esteja escrevendo o livro certo.

.Bom dia, democracia.
.Bom dia, Brasil laico de todas as cores.