,
6 tweets,
1 min read
Read on Twitter
Bolsonaro e os partidos. Seguindo a retórica que o elegeu, Bolsonaro montou um governo com muito pouca influência de partidos, contrariando a dinâmica de negociação do período democrático. No lugar deles, negociou com bancadas temáticas como a bancada da agropecuária. (segue)
A prioridade dada às bancadas confere uma aparência mais técnica e menos política às negociações. Mas, contrariando aparências, as bancadas são políticas e, além disso, tem coesão interna muito frouxa.
Várias bancadas tem adesão puramente formal, sem engajamento de parlamentares e, dentro de uma mesma bancada, frequentemente não há consenso sobre as soluções, que dividem internamente o grupo.
Mais preocupante é o fato de que as bancadas não dispõem dos instrumentos de disciplina dos partidos: elas não podem fechar questão, condicionando o voto e não têm o poder que está nas lideranças partidárias de distribuir cargos nas comissões e outros benefícios.
Sem o poder de disciplinar o grupo, parece fadado ao fracasso a ideia de negociar votações com bancadas. Quando essa abordagem falhar – e deve falhar tão logo Bolsonaro precise aprovar medidas legislativas controversas – o governo vai precisar reconhecer o poder dos partidos.
Neste momento, Bolsonaro vai precisar voltar atrás e não será surpresa se, ao final do primeiro ano, tiver que fazer uma reforma ministerial para atender o apetite do Congresso.
