O ano é 2119. No centenário da posse de Jair Bolsonaro, a editora Futuro lança o Almanaque Politicamente Incorreto do Governo Bolsonaro. Nele, o autor Enzo Gabriel Bisneto trabalha a tese de que Bolsonaro foi um presidente de esquerda...
Logo de cara, Enzo destaca para o leitor que Jair Bolsonaro pertencia ao PSL, o Partido Social Liberal. Se “social” já era uma referência clara a socialismo, “liberal” remetia à forma como os americanos, tão adorados por Bolsonaro, chamavam a esquerda local.
“Ele chegou a bater continência para autoridades americanas que visitavam o Brasil”, destacou Enzo.
Na sequência, Enzo recorda como Bolsonaro surgiu na política. No caso, virando notícia nos anos 1980 por tramar atentados terroristas não contra a população, mas as próprias forças armadas, da qual fazia parte.
“Só terroristas de esquerda praticavam atentados contra as Forças Armadas”, argumenta Enzo. “Antes de Bolsonaro, o Brasil chegou a eleger uma terrorista assim, Dilma Rousseff”.
Depois, reforça Enzo, Bolsonaro virou notícia por defender o fuzilamento de FHC, que era chamado de neoliberal da direita brasileira pelo PT. Logo, se fazia oposição ao PSDB, era esquerda.
O amor de Bolsonaro pela esquerda era tão forte que o ainda deputado federal acompanhou com entusiasmos a chegada de Hugo Chávez ao poder na Venezuela.
Mais ainda: assumiu em 1999 que via em Lula um exemplo de honestidade. E foi além, ajudando a eleger o petista em 2002.
Nós capítulos seguintes, Enzo mostra que Bolsonaro sempre dos partidos da base das gestões petistas. Que até ensaiava um discurso de oposição. Mas, graças ao quociente eleitoral, levava outros dois deputados que votavam sempre a favor do governo.
Já próximo à eleição que o consagrou, Bolsonaro ganhou destaque na mídia por apoiar a greve dos caminhoneiros. “Conservador apoiando greve? Essa frase nem faz sentido”, argumenta Enzo.
Quando assumiu a Presidência, lembra Enzo, a direita em pesos queria uma reforma da Previdência que salvasse as contas brasileiras. Mas Bolsonaro foi contra, queria apenas empurrar o problema com a barriga.
“Será que Bolsonaro não queria desagradar suas bases esquerdistas?”, perguntou Enzo.
O livro segue então se debruçando sobre o governo Bolsonaro. Não vou trazer mais detalhes porque já dei spoiler demais. O que importa é que Enzo Gabriel Bisneto conclui que, sim, Bolsonaro era de esquerda, mentiram para você durante toda a sua vida escolar.
E está tudo lá, com as fontes citadas, recortes de jornal, links, tudo referenciados, não há como dizer que Enzo Gabriel Bisneto mentiu.
Porque de fato não mentiu.
Porque de fato não mentiu.
Mas essa não é uma thread para defender que Bolsonaro é de esquerda. Ele é de direita. Vocês sabem disso.
É apenas um alerta de que é fácil para qualquer Enzo Gabriel pinçar apenas os fatos que o interessa para contar o que quiser às futuras gerações.
É apenas um alerta de que é fácil para qualquer Enzo Gabriel pinçar apenas os fatos que o interessa para contar o que quiser às futuras gerações.
